Artigo
DIVERSUS: Precisamos falar sobre o novo Ensino Médio

O debate sobre uma reforma no ensino médio brasileiro foi iniciado há alguns anos, sendo debatido e amadurecido no sentido de implementar um modelo mais eficiente, inclusivo e que respondesse às novas demandas do mundo em constante movimento. Esse debate vinha acontecendo com o corpo escolar, alunos, sindicatos de profissionais da educação e deputados dos diversos estados. Com a efervescência do momento político vivido no país no período pré golpe de 2016, Michel Temer lança o documento “ Ponte para o futuro”; uma espécie de aceno ao mercado prometendo uma série de reformas que visava cortar gastos públicos, ajustes fiscais e fazer reformas para potencializar os lucros da classe a qual ele buscava apoio.
E o que tem a ver o novo ensino médio com o tal documento ponte para o futuro? Resposta: tudo. Dentre as reformas prometidas por Temer, estavam reformas trabalhista, reforma previdenciária, administrativa, estabelecimento de um teto para gastos públicos e reforma na educação. A lei 13.415/2017 foi elaborada, discutida e aprovada em tempo record, sem amplo debate com a sociedade, os professores, os alunos, os especialistas em educação e com diversos encontros e reuniões com o setor empresarial, os donos de think tanks de educação, que não por coincidência, estão na lista das pessoas mais ricas do Brasil.
E por ter se baseado nas demandas do setor empresarial e não nas que o ensino público apresentava é que o novo ensino médio apresenta muitos problemas e precisa ser revisto. A reforma se apresentou nas propagandas como uma possibilidade de liberdade para o aluno escolher qual área estudar e se especializar, dando uma infinidade de possibilidades a estes, o que de fato não acontece. As matérias obrigatórias são só português e matemática e as demais são formados pelo chamado “intinerários formativos” que seriam as demais disciplinas do currículo escolar atual mais algumas voltadas ao ensino técnico e profissional. O problema é que os gastos com educação estão congelados devido ao teto de gastos e as escolas não foram adaptadas em sua estrutura para receber uma infinidade de cursos técnicos, resultando na não oferta da maioria dos cursos escolhidos pelos alunos, os obrigando a fazer o que tem. Também não foi feito capacitação para professores nem há previsão de lançamento de editais para concursos ou contratações de profissionais aptos para ministrar tais cursos fazendo com que os professores ministrem muitas disciplinas sem a formação específica para cada área. O aumento da carga horária obrigará todas as escolas de ensino médio a funcionarem em tempo integral, excluindo os alunos que precisam trabalhar e precisaria estudar a noite.
Sem adequação de espaço e profissionais para ministrar as matérias optativas a lei dá uma solução para o problema que ela mesma cria: a parceria público privada para ofertar tais disciplinas, daí entra os milionários que tanto queria que a reforma fosse aprovada, eles entram com suas fundações, recebendo repasses do governo que seriam destinados à escola pública para dar cursos online ou cursos genéricos de temáticas que não contribui para a formação intelectual do aluno. Há casos em São Paulo de material de disciplina de curso sendo elaborados pelo Ifood.
O novo ensino médio é uma cruel maneira de excluir ainda mais os alunos de escola pública das vagas nas universidades; pois enquanto o aluno de escola privada está estudando física, química, filosofia, os jovens da periferia estarão fazendo curso de panificação. São os milionários recebendo dinheiro público para ajudarem a formar mão de obra barata para serem seus funcionários no futuro, enquanto seus filhos estão nas melhores escolas aprendendo como continuar explorando uma classe social historicamente já explorada.
O Brasil precisa de um novo modelo de ensino médio para as escolas estaduais e esta já existe, é só aplicar aos estados o modelo usado nas escolas federais. Nossos IF’s são referência e tem práticas maravilhosas a serem copiadas. O modelo de ensino que precisamos é um modelo inclusivo, acessível, humano e crítico e não um modelo empresarial e tecnicista. Que esse debate ganhe cada vez mais proporções e que essa danosa reforma seja revogada antes que prejudique toda uma geração de jovens.
Patrícia Santiago, Assistente Social
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