Artigo
Entre Olhares: os perigos da cooptação

Muito tem se falado e se mostrado através da imprensa nacional acerca da violência na cidade do Rio de Janeiro e seu entorno. O que as pessoas desconhecem e esta mesma imprensa faz questão de não se lembrar é que a realidade de hoje é fruto de uma miscelânea de ações e reações por parte do Poder Público e uma contra partida da massa oprimida e marginalizada da sociedade carioca e fluminense num processo de convivência conturbada, promíscua e de troca de favores inconfessáveis.
Desde minha tenra infância acostumei-me a conviver e vivenciar com atos e eventos de violência que corriqueiramente aconteciam no bairro onde eu morava (Estácio de Sá), na Zona Norte do Rio. Inúmeras vezes voltei pra casa aos prantos por causa dos meninos de rua que tomavam o dinheiro que eu levava para comprar guloseimas ou mesmo complementar algum item doméstico momentaneamente em falta na despensa de minha casa. Nessa mesma época (Década de 1970), já se falava em “Crime Organizado”.
Considero justo recordar que o desemprego, o subemprego, a informalidade e a violência social são frutos de uma História perversa, mal contada e persistente que se arrasta desde o Império, passando pela República. Conta-se falaciosamente que tivemos uma Abolição no Brasil. Contudo, este suposto ato heroico da princesa nada mais foi do que uma imposição do nascente Capitalismo britânico, no sentido de criar um gigantesco mercado de consumo para os seus produtos industrializados. Nos recantos civilizados houve um planejamento para obedecer a essa norma.
Contudo, nessas “Terras Tupyniquins”, invadidas pelos europeus, com suas riquezas solapadas, vilipendiadas, exauridas e transferidas gratuitamente para outros Continentes, essa não foi a regra. Um vasto contingente de negros libertos, sem moradia, sem instrução, sem profissionalização, sem direitos citadinos reconhecidos, simplesmente foi jogado à própria sorte e ao léu. Resultado: esses negros encontram nas locas de pedras dos morros cariocas a única possibilidade de erguer suas palafitas para fazer morada. Surgem então as famosas FAVELAS.
Preconceituosamente vistas como redutos de marginais, foragidos da Lei, vagabundos, viciados, prostitutas e toda a sorte da escória social carioca. Na realidade, esse reduto de desvalidos, despossuídos e renegados acolhia e organizava socialmente todos aqueles que foram abandonados pelo Poder Público Estatal. Sem Direitos, sem assistência e sem esperança, tornaram-se presa fácil do Crime Organizado que, tomando para si as obrigações do Estado, exigiam em troca fidelidade. Desta forma nasce a cooptação das pessoas de bem pelos favores prestados pelas pessoas do mal.
Vez por outra, para mostrar serviço e ganhar popularidade junto às classes sociais tidas por superiores, as autoridades públicas determinavam a invasão desses espaços sociais de excluídos. Com truculência, metralhando a tudo e a todos, o aparato policial do Estado se transformava numa das maiores ameaças de vida e sobrevivência para aquela população, reforçando desta forma a Aliança de Cooptação entre moradores do morro e os chefões do tráfico, servindo-lhes inclusive de escudo humano nas ocasiões de enfrentamento direto.
Paulatinamente o Estado Brasileiro e, em particular, o Estado Fluminense foi sendo infiltrado por milícias e gangsteres de colarinho branco, quadrilhas de doleiros e usurpadores da coisa pública, que privatizaram e precarizaram os serviços públicos oferecidos ao Povo Carioca e Fluminense por aquele Estado. Nesse ínterim o Crime Organizado infiltrou seus agentes na PMERJ, em busca de informações privilegiadas em relação às ações da Corporação. Resultado: o Crime Organizado se fortaleceu, se expandiu e se aprimorou em todas as instâncias públicas estatais.
Hoje o que temos: 1) um Poder Público Estadual falido, insuficiente, ineficiente, desacreditado e desmoralizado; 2) um Crime Organizado fortalecido, estruturado, legitimado em suas bases comunitárias, eficaz e eficiente em suas ações junto aos seus; 3) uma sociedade burguesa extremamente incomodada e 3) um governo ilegítimo, falacioso, ineficiente, insuficiente, ineficaz, entreguista, privatista e desesperado por altos índices de popularidade. Contudo, acredito que toda essa panaceia tem saída e tem solução.
Algumas perguntas precisam ser respondidas: 1) qual a rota do armamento pesado que é utilizado pelo Crime Organizado, desde a sua fabricação até chegas às mãos do bandido? 2) qual a rota das drogas comercializadas em nosso país, desde a sua produção até o seu consumo? 3) o que podemos fazer para promover uma verdadeira limpeza nos cargos eletivos e efetivos dos Órgãos Públicos de nossa sociedade, a fim de banir deste meio os bandidos camuflados de mocinhos? 4) quando é que vai ficar claro para o Povo Brasileiro que é necessário uma Política Pública Desenvolvimentista que priorize a EDUCAÇÃO, a profissionalização, a saúde, a moradia, o trabalho, o emprego, o salário digno para que o cidadão de bem possa viver em sociedade?
Urge desprivatizar o Estado, tornar público o que tem que ser público por essência. Até agora todas as ações perpetradas pelo Poder Estatal sob a égide do Neoliberalismo só nos legaram retrocessos, golpes, injustiças, exclusão de ampla maioria da população, aniquilamento de entidades, órgãos e movimentos sociais, a pobreza e a miséria avançam impiedosamente, o desemprego já está prestes à casa dos 14 milhões de pessoas, outro meio milhão está subempregado, pequenos empreendimentos endividados e/ou prestes a falir. Está chegando a hora em que alguma providência ainda pode ser tomada. Cumpra com o seu papel.
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