Ceará
‘Como um coração democrático’, diz secretário da Cultura sobre a Biblioteca Pública do Ceará
Finalmente os portões estão abertos de novo. Após sete anos fechada para reforma de toda a parte estrutural e desenho de conceito, a Biblioteca Pública Estadual do Ceará (BECE) – antiga Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel – torna-se recanto de aproveitamento e convivência social outra vez, tendo como princípio as potencialidades da palavra e do acesso livre ao livro.
Na manhã desta quinta-feira (12), durante a reinauguração do equipamento, foi esse o espírito que pautou as falas das autoridades presentes no momento. O Governador Camilo Santana destacou que a casa já estava pronta antes mesmo da pandemia de Covid-19 – não sem motivo, a reabertura era prevista para 25 de março do ano passado, celebrando seus 153 anos. Contudo, o nebuloso cenário impediu a ação.
“Hoje, porém, por conta da situação que melhorou significativamente em relação à Covid-19 no Ceará, nós estamos entregando a biblioteca, onde foi feita não apenas toda uma mudança reforma estrutural, mas uma ampla modernização. Vocês podem inclusive observar o quanto ela é interativa, atrativa e como se comunica com diversos setores da sociedade”, situou.
Um feito igualmente sublinhado pelo secretário da Cultura do Estado, Fabiano Piúba. Segundo ele, reabrir um equipamento dessa magnitude no presente contexto nacional – sobretudo no que toca às desafiadoras condições para o fomento e disseminação culturais – lança luzes para todo o País.
“No momento em que vivemos, com tentativas e ameaças ao Estado democrático de direito, bem como com um enfrentamento à relação harmoniosa entre os três poderes, as artes e a cultura têm um papel político muito importante. Assim, no Brasil, a Biblioteca Pública Estadual do Ceará se posiciona como um coração democrático, em defesa da democracia em sua plenitude, na sua liberdade de pensamento e de criação”. FABIANO PIÚBA, Secretário da Cultura do Ceará.
A partir desta sexta-feira (13), o agendamento para acesso ao atendimento presencial já estará disponível. O horário de visitação à casa durante a pandemia será das 9h às 16h, dividido em dois turnos – das 9h às 12h e das 13h às 16h. Para comparecer ao espaço, o usuário deverá agendar no site da biblioteca informando o setor, dia e horário desejados.
Nesta fase inaugural de reabertura, dos 12 setores que compõem o equipamento – totalmente integrado ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) e tendo a bibliotecária Enide Vidal como diretora – seis estão disponíveis para atendimento presencial, obedecendo a todos os protocolos de combate ao novo coronavírus. O retorno do público também acontece de modo gradual, respeitando 50% da capacidade.
DISPONIBILIDADE DE SERVIÇOS
Obras Raras, Periódicos, Microfilmagem, Obras Gerais, Obras Gerais – Coleção Ceará, Artes e Iconografia e Atualidades são os setores abertos ao público neste instante. A partir da próxima segunda-feira (16), considerando essas seções, estarão disponíveis serviços como consulta ao acervo, empréstimo de livros e reserva on-line.
Igualmente será ofertada a oportunidade de visita guiada para grupos – de no mínimo cinco e, no máximo, 10 pessoas – de terça a sexta-feira, das 10h às 11h30; às 14h e das 14h às 15h30. Tudo mediante agendamento virtual.
Por sua vez, o cadastro e a emissão de carteira estarão disponíveis na biblioteca para os usuários que fizerem agendamento em algum dos setores abertos ao público. Essa movimentação, contudo, não impedirá a continuação das atividades virtuais, iniciadas em abril deste ano. Com o espaço da biblioteca, a proposta é que as gravações dos momentos possam acontecer exatamente nos limites do recinto, aproximando ainda mais o ambiente de quem estiver acompanhando do outro lado da tela.
No total, o investimento do Governo do Estado na reforma e modernização da casa foi de mais de R$21 milhões, justificando a bela configuração apresentada pelo espaço. Entre centenas de estantes de livros, estão distribuídas cadeiras, mesas, tapetes e toda uma decoração alusiva à magia do estar entre letras. A sensação é de perceber as janelas abertas para o mundo, estreitando as conexões com os vários entornos da leitura.
Esse conceito, conforme Fabiano Piúba, está alinhado às bibliotecas-parques de cidades como Rio de Janeiro e Bogotá (COL), responsável por otimizar contatos e uma perspectiva horizontal de aproveitamento das atividades.
“Antes da reforma, a gente mal via a cidade quando estávamos dentro da biblioteca. Agora prezamos por isso para que também chame a atenção dos próprios gestores, funcionários e servidores, de forma a não deixá-la isolada num contexto”, observa.
Ao mesmo tempo, quando questionado sobre como o equipamento pretende se conectar aos outros ambientes de fruição do livro e da leitura do Estado – principalmente àqueles distantes do Centro – ele situa a relevância da Rede das Bibliotecas Populares e Comunitárias nesse processo.
“Ela é extremamente potente para o acesso não apenas ao livro e à leitura, mas à informação e ao conhecimento. As bibliotecas populares e comunitárias são equipamentos culturais como a BECE, não são menores que ela. Assim, uma vez que o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Ceará engloba tanto as bibliotecas municipais como as bibliotecas populares, vamos estar estabelecendo programações integradas”, assegura.
Fonte: Diário do Nordeste