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‘Aos 3 anos meu filho queria ser menina’
A família de Danni viveu um momento traumático quando, aos 3 anos, a criança foi encontrada pela mãe com uma tesoura na mão dizendo que queria cortar o pênis. Foi neste momento que a mãe, Kerry McFadyen, passou a levar a sério a ideia de que seu filho Daniel havia nascido com o sexo oposto.
“Me lembro como ela se olhou no espelho um dia depois que cortamos seu cabelo”, comentou Kelly à jornalista da BBC Stephanie Hirst, que é transexual.
Kelly conta que sua filha estava “devastada”, porque pensava que iriam deixar seu cabelo mais longo, e não mais curto.
“Então ela começou a se vestir como menina e me perguntava constantemente: ‘Por que isso acontece comigo, mamãe? Por que não sou como você? Por que sou como meus irmãos, e não como minha irmã?'”.
Quando perguntada sobre como se sentia diante da ideia de “ter que ser um menino”, Danni não hesitou ao responder: “irritada”. “Eu não gostava de ser um menino”, reforçou ela.
Educar a sociedade
A mãe de Danni conta que recorreu à internet para encontrar informações que pudessem ajudá-la a lidar com a filha. E diz que ficou até surpresa com a quantidade de coisas que encontrou – ela não era a única a passar por essa situação.
“Mesmo os psicólogos que nós procuramos não tinham o conhecimento para explicar isso. Então escrevi no Google ‘meu filho quer ser uma menina’ e apareceu um monte de coisas que me ajudaram bastante”, explicou Kerry, que tem outros quatro filhos, três meninos e uma menina.
Todos eles aceitaram muito bem a opção de Danni.
“Ela simplesmente queria ser uma menina. Nunca aceitou ser um menino”, disse a irmã de Danni.
A menina acabou sendo diagnosticada com “disforia de gênero”, descrito como “repulsa ou desconforto que uma pessoa tem a respeito de seu sexo biológico”, pela Associação Americana de Psiquiatria (APA, na sigla em inglês).
“Não tinha ideia de que isso existia”, relata a mãe. Ela ressalta que seria importante existirem mais informações para “educar a sociedade” sobre essa questão.
“Cada vez, mais e mais pessoas são diagnosticadas com disforia de gênero. No entanto, muitas delas acabam sofrendo preconceito e são incompreendidas”, segundo fontes do Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês).
O NHS oferece tratamento ou acompanhamento psicológico para crianças e jovens. Não oferece tratamento médico ou cirúrgico, porque a maioria das crianças com suspeita de disforia de gênero “não têm a condição quando alcançam a puberdade”, segundo o NHS.
Kerry resolveu comunicar aos pais e a outras crianças do colégio que sua filha era transexual.
“Tornei pública a história da minha filha para ajudar a criar consciência sobre outros filhos transgêneros que podem estar sofrendo em silêncio.”
Kerry acredita que muitos pais pensam que ela é “uma má mãe por permitir a transição de sua filha, que ainda é tão jovem.”
Ela afirma que a única coisa que quer é “ver sua filha feliz”, independente de ela decidir “um dia voltar a ser um menino”.
Entre 2014 e 2015, o número de crianças com 10 anos ou menos indicadas pelo serviço de saúde britânico para atendimento relacionado a questões de gênero quadruplicou em relação a 2009 e 2010. Do total, 47 crianças tinham cinco anos ou menos. Duas crianças tinham apenas três anos.
Além da violência externa, o estigma em torno da questão faz com que essas crianças e adolescentes estejam mais suscetíveis a problemas psicológicos. Uma pesquisa publicada em 2014 indica que 59% dos jovens transgênero sofreram com autoflagelação, um total muito superior à média geral de 9% para a faixa etária de 16 a 24 anos.
Terminologia de gênero, segundo o NHS*
Disforia de gênero: transtorno psicológico caracterizado pela angústia ou desconforto causado por uma falta de coincidência entre a identidade de gênero de uma pessoa e seu sexo biológico.
Transexualidade: desejo de viver e ser aceito como membro do sexo oposto, acompanhado em geral pelo desejo de ter um tratamento para que sua aparência física fique mais de acordo com sua identidade de gênero.
Travestismo: acontece quando uma pessoa se veste, ocasionalmente, de forma tipicamente associada ao gênero oposto por uma variedade de razões.
Genderqueer ou não-binário: termo geralmente usado para descrever as identidades de gênero que não são estritamente “homem” ou “mulher”.
*Fonte: Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS)/BBC
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