Entre Olhares: Bahia a capital iorubana das Américas

O Programa de Pós Graduação em Literatura e Cultura, da Universidade Federal da Bahia, estará realizando no período de 08 a 10 de junho, neste próximo final de semana, o I Colóquio Internacional Oduduwa: Língua, Literatura e Epistemologias Iorubanas. Autoridades internacionais se farão presentes, pois na ocasião a Bahia será declarada Capital Iorubana das Américas, por Sua Majestade Ooni Adeyeye Enitan Babatunde Ogunwusi, Ojaja II (Rei de Ilê Ifé – Nigéria).

Trata-se de importante evento que será prestigiado por Wole Soyinka, Prêmio Nobel de Literatura; Awise Agbaye, Porta Voz Mundial dos Babalaôs e Wande Abimbola, Embaixador do Benim na UNESCO. Outras autoridades nacionais também se farão presentes. O principal objetivo do Colóquio é discutir a questão da intolerância relativa às manifestações culturais afro brasileiras em nosso país.

Sua Majestade Ojaja II já realizou visitas semelhantes a países como Estados Unidos, Canadá, Gana e Reino Unido, dentre outros. Este ano é a vez da América Latina e, ciente da importância e centralidade do Brasil no cenário afro-latino-americano resolveu trazer sua Comitiva ao nosso país para fazer o reconhecimento oficial junto às autoridades políticas nacionais e traçar estratégias para o reconhecimento e valorização da cultura afro brasileira em nosso solo.

A visita está inserida na proposta do Rei Ojaja II para reaproximar e reunir os descendentes do grande ancestral Oduduwa espalhados pelos quatro cantos do mundo. O rei de Ifé é descendente direto de Oduduwa, responsável pela criação do mundo, de acordo com a tradição do povo iorubá. Ilé Ifẹ̀ é uma cidade situada nas fronteiras das florestas equatoriais do Estado de Ọ̀ṣun, no sudoeste da Nigéria. Para os yorubás (principal etnia da Nigéria), Ilé Ifẹ̀ é considerada a cidade sagrada dos Òrìṣà, pois foi fundada por Odùdúwà, um ancestral divinizado, que para eles foi o primeiro Ọ́ọ̀ni Ifẹ̀ (rei de Ifẹ̀). Ainda para eles, Ilé Ifẹ̀ é o centro do mundo, pois como o próprio nome Ilé Ifẹ̀ (casa de expansão) define, foram aos arredores desta cidade que se desenvolveram reinos, tribos, culturas e toda a existência da terra.

Ọ́ọ̀ni Ènìtán, nascido em 17 de outubro de 1974, é o 51º Ọ́ọ̀ni Ifẹ̀. Técnico em contabilidade, o Ọ́ọ̀ni começou sua educação primária no Subuola Memorial Nursery e Primary School, Ìbàdàn e Ìbàdàn District Council, Àkóbó, Ìbàdàn. Prosseguiu seus estudos no prestigiado Loyola College, Ìbàdàn e mais tarde na Escola Secundária St. Peters, Ilé Ifẹ̀, onde obteve o certificado de conclusão do ensino secundário.

Ọ́ọ̀ni Ènìtán se formou como contador da The Polytechnic, Ìbàdàn e é membro do Institute of Chartered Accountants da Nigéria e do Global Real Estate Institute. Possui graus honorários de doutorado: um em Administração Pública da Universidade da Nigéria, Nsukka e outro em Direito pela Universidade de Igbinedion. Ọ́ọ̀ni também é chanceler da Universidade da Nigéria, Nsukka. Ọ́ọ̀ni é o líder espiritual do povo yorubá com a responsabilidade de fazer súplicas a Olódùmarè (Deus) e aos Òrìṣà (Orixás) em nome do seu povo e do mundo, durante os festivais sagrados.

Como monarca divino do povo yorubá e guardião dos ensinamentos de Odùdúwà, o Ọ́ọ̀ni Adéyeye Ènìtán vem também para apoiar, prestar solidariedade às religiões de matrizes africanas que foram núcleos essenciais de manutenção e resistência da cultura yorubá em nosso país, e defender estas religiões das intolerâncias sofridas. Ọ́ọ̀ni é respeitado no mundo todo por alcançar proveitosos entendimentos entre diversos segmentos religiosos, como: católicos, evangélicos e mulçumanos. Buscando sempre a paz através do diálogo, ele defende o respeito e a liberdade religiosa dos cultos afrodescendentes no Brasil.

No dia 09 de junho Sua Majestade estará recebendo uma comitiva composta por diversos representantes do Povo de Santo (adeptos ao Candomblé), de todos os estados do nordeste, para discutir melhor a respeito de represálias e ataques frontais aos terreiros de Candomblé em cada Estado e fazer encaminhamentos junto às autoridades públicas brasileiras. Faz parte da pauta de conversação dos adeptos do Candomblé brasileiro com o Rei de Ilê Ifé orientações para formas de conduta para o enfrentamento de todas as espécies de fobias e racismos relativos à religião.

Neste encontro reservado com o Rei de Ilê Ifé, estarei eu, como único representante do Povo de Santo do interior do Estado do Ceará, oportunidade em que deverei expor nossas angústias relativas aos comportamentos anti éticos e casos de intolerância.

Agradeço ao site globo.com e ao portalsoteropreta.com.br por obter algumas informações.