Conecte-se conosco

Dia-a-Dia com Maria

Dia-a-dia com Maria: A pena de morte reduziria a violência?

De acordo com tudo o que tenho pesquisado a esse respeito, bem como o meu entendimento sobre um dos focos de estudo aos quais tenho me debruçado, a resposta é franca: NÃO! 

Publicado

on

De acordo com tudo o que tenho pesquisado a esse respeito, bem como o meu entendimento sobre um dos focos de estudo aos quais tenho me debruçado, a resposta é franca: NÃO! 

Nas últimas semanas fomos chacoalhados à reflexão sobre a Pena de Morte, devido os dois casos de brasileiros condenados à prisão perpétua e, finalmente, à pena de morte, na Indonésia.

O primeiro deles, executado no domingo passado (19/01), o carioca Marco Archer Cardoso Moreira, e o próximo, cuja execução será em fevereiro, do paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, ambos traficantes de cocaína.

Não à baila veio-me essa temática cruel e enrustida dos mais absurdos enganos, uma vez que a mídia que tem induzido tanta gente a alienação, precisa ser de todo modo analisada, refreada e combatida, quando necessário, para que não se distorçam realidades da importância, por exemplo, que demanda esse assunto.

Ao assistirmos muitos dos Programas Policiais na TV, sentimos o hálito dos defensores acirrados da instituição desse tipo sentencial, nas enquetes que mais parecem joguinhos de “sim” ou “não”, os famosos “ping – pongues” da vida. 

No caso do Brasil, quando já tivemos a pena de morte positivada no nosso Código Penal, inclusive, comarcas como as de Quixeramobim e Icó, municípios cearenses, serviram de palco para horrendas execuções.

Para que se faça ideia do que se concretizou de injustiça, o sentenciado Estácio da Gama, exatamente no dia 14 de março de 1834, na Vila de Campo Maior-Comarca de Santo Antônio de Quixeramobim, sentado e de mãos atadas a dois mourões, desabafou em desespero:

“Eu matei Luciano porque a Justiça de Quixeramobim me deixou impune pela morte que fiz na Rua da Camboa e por ter tentado assassinar o Caeté (Luiz Raimundo Caeté Monteiro). Só lamento morrer por ter morto apenas um, quando entre os dez que me vão atirar existe um que fez oito mortes.”

Por uma tentativa um pobre sem chão e teto foi punido, ao passo que, como ficou nos registros, assassinos ‘protegidos’ ficaram impunes. Será que isso não ocorreria, caso fosse decretada a pena de morte no nosso país? Frases do tipo e que não raro ecoam: “Tem que matar esses vagabundos!” 

Tornam-se comuns quando surgem notícias de crimes bárbaros. É a opinião popular que defende a teoria de que se o Brasil adotasse a pena de morte, tudo melhoraria e o país se tornaria mais seguro.

A pena de morte está longe, ou melhor, inviabiliza a minimização dos casos de violência, assim confirmam pesquisas abnegadas como as que são realizadas pelo instituto Gallup (norteamericano), aliás, diga-se de passagem, que a maioria das unidades federativas dos Estados Unidos a adotam. 

Além disso, em se tratando de Brasil, racionalmente analisando, admitir-se-á prontamente que nossas prisões, longe de parecerem “hotéis”, como alardeiam alguns, são verdadeiros infernos, centros de ensinamento de delinquência, posto terem graves problemas de superlotação, de assistência médica e psicológica, de alimentação, de reeducação, etc., todos muito pouco enfrentados pelos governos. 

Como se não bastassem os problemas apontados como justificativa para esvaziar as unidades carcerárias, acredito que pensar numa forma de sistematizar as penas com a exigência de que o apenado desenvolvesse algum trabalho, produzisse e se provesse, não apenas gerando custas ao Estado como ocorre atualmente, seria um bom começo e, para os casos gravíssimos, eu, particularmente acredito que a prisão perpétua, em condições salubres, não seria má ideia. 

Sobre a pena de morte, informem-se os senhores e senhoras leitores que há muitos brasileiros presos no exterior aguardando julgamento.

De acordo com a Anistia Internacional, os imigrantes que buscam trabalho em países como Arábia Saudita e Malásia estão entre os que mais enfrentam dificuldades por ser a maioria deles muito pobre, o que obsta a atenção diplomática ou a oportunidade de um apelo de seus presidentes. Segundo Jan Wetzl, especialista em Direito Penal Internacional, americano, “muitos não entendem o idioma dos tribunais e não podem contratar um advogado”.

Recentes estudos realizados nos Estados Unidos e no Canadá apontam que a imposição da pena de morte é mais cara do que a reclusão perpétua do preso, e assim, não por outro motivo, destaque-se, os deputados de Kansas resolveram abolir a pena capital naquele estado norteamericano.

Quanto à possibilidade, em se decretando a pena de morte, de se matar inocentes, também não se pode descartar esse potencial desastre.

Há alguns anos, o americano Troy Davis, de 42 anos, foi executado no estado da Geórgia, com uma injeção letal. Ele aguardava no corredor da morte há 20 anos e fora condenado por supostamente ter assassinado um policial e um veterano de guerra em 1989. Na condenação, pesaram nove depoimentos de testemunhas que disseram ter visto Davis cometer os crimes. Anos mais tarde, porém, sete dessas testemunhas se retrataram. E então? 

Sendo irreversível, que desculpas essa sociedade injusta poderá fazer para reparar um engano desse porte?

De acordo com Irene Khan, ex-secretária geral da Anistia Internacional, “A pena de morte é a mais cruel, desumana e degradante forma de punição” e que “decapitação, eletrocussão, enforcamento, injeção letal, fuzilamento e apedrejamento não têm mais lugar no século 21.”

Encerro minha matéria defendendo uma radical mudança no sistema penal brasileiro, desde as leis aos benefícios, sobretudo à forma de cumprimento das sentenças que, apesar de parecerem frouxas, são cumpridas de forma dolorosa e têm-se mostrado ineficientes com os resultados a que se direcionam: penalização e ressocialização do condenado.

Acredito que a imposição do trabalho para o auto-sustento e a ocupação da mente do criminoso podem ser as pilastras de iniciação para mudar esse quadro caótico dos milhões de empilhados nas nossas prisões, custando caro demais aos cofres públicos e, conforme defendi e reafirmo, para algumas situações, a necessária aplicação da Prisão Perpétua.

 

*Mariazinha é Servidora do IFCE Campus Iguatu e Advogada

 

Radio Ao vivo

00:00

SAIU NA MAIS

anúncio
Noticias2 dias atrás

Previsão do tempo no Ceará indica redução no volume de chuvas

Noticias2 dias atrás

Alunos de ‘cursinhos populares’ receberão uma bolsa de R$ 200 para apoiar sua permanência nos estudos

Noticias2 dias atrás

Trecho da BR-116 no Ceará terá tráfego em sentido único

Videos2 dias atrás

Balaio de Gatos – Edição 16/04/2025 – Mais de 44 mil litros de leite deixaram de ser distribuídos em Iguatu desde janeiro

Iguatu3 dias atrás

Exclusivo: Diálogos revelam suposto acordo de R$ 50 Mil entre candidato e traficante em Iguatu

Noticias3 dias atrás

Governo Trump pode solicitar aos países que escolham entre a China e os EUA

Noticias3 dias atrás

Operação especial pretende reforçar a segurança durante os feriados prolongados da Semana Santa e de Tiradentes

Noticias3 dias atrás

Consumidores do Ceará terão uma redução média de 2,1% na tarifa de energia elétrica

Iguatu4 dias atrás

ARCE: Água fornecida à população pode estar contaminada e interdição parcial da ETE de Iguatu é recomendada

Iguatu4 dias atrás

Secretaria de Agricultura de Iguatu suspende programa do leite e deixa 25 instituições e centenas de famílias sem 44 mil litros de leite há 3 meses

Noticias4 dias atrás

Anvisa aprovou registro definitivo da vacina contra a chikungunya no Brasil

Noticias4 dias atrás

Pagamento do terceiro lote do abono salarial PIS-Pasep 2025 começa nesta terça-feira (15)

Videos4 dias atrás

Balaio de Gatos – Edição 14/04/2025 – Crescem reclamações de perseguição na gestão de Roberto Filho. E se fosse o Ilo Neto?

Noticias5 dias atrás

Isenção para o ENEM 2025 pode ser solicitada a partir desta segunda-feira, 14

Noticias5 dias atrás

Projeto permite que mulheres a partir de 18 anos possam adquirir, possuir e portar armas de fogo; entenda

Noticias5 dias atrás

Homem compra berço pela internet para o filho, mas recebe par de chinelos, no Ceará

Videos5 dias atrás

AO VIVO – MANHÃ DE NOTÍCIAS – 14/04/2025

Noticias1 semana atrás

Caixa libera saque calamidade para moradores de Acopiara e Mombaça

Iguatu1 semana atrás

AIJE Contra José Ilo por Compra de Votos em Iguatu Expõe Material de Campanha, Anotações Suspeitas e Leva à Perícia em Celulares

Iguatu1 semana atrás

Audiência revela possíveis vínculos entre facção criminosa e grupo político vitorioso em Iguatu

Noticias1 semana atrás

Produção brasileira de grãos na safra 2024/25 deve atingir um recorde de 330,3 milhões de toneladas

Noticias1 semana atrás

Prazo de inscrição para concurso de delegado da Polícia Civil se encerra nesta sexta-feira (11)

Ceará1 semana atrás

Ceará tem a 2º maior proporção de alunos do ensino médio em tempo integral no Brasil

Mundo1 semana atrás

Nasce primeiro bebê de britânica após um transplante de útero recebido da própria irmã

Economia1 semana atrás

Certificado para exportação de ração animal está mais rápido no Brasil

Videos1 semana atrás

Balaio de Gatos – Edição 09/04/2025 – Justiça Eleitoral realiza hoje audiências sobre compra de votos em Iguatu envolvendo Ilo Neto e Roberto Costa Filho

Videos1 semana atrás

AO VIVO – MANHÃ DE NOTÍCIAS – 09/04/2025

Videos1 semana atrás

Balaio de Gatos – Edição 08/04/2025 – Escândalo ambiental em Iguatu: ETE do SAAE arrecada milhões e joga esgoto cru no Jaguaribe

Iguatu1 semana atrás

TRE-CE escolhe nova presidência para o biênio 2025-2027

Noticias2 semanas atrás

A obesidade infantil é um dos maiores desafios de saúde pública atualmente

EM ALTA

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.