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Rogério Ceni retoma conceitos e identidade ofensiva do Fortaleza

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Na primeira partida comandando o Tricolor, o treinador retomou a filosofia que fez o time se destacar sob seu comando, com valorização de peças importantes que ficaram de lado quando Zé Ricardo estava no comando.

Um time com uma nova postura, maior organização tática e proposta vencedora. O Fortaleza que bateu o Botafogo, por 1 a 0, na última segunda-feira (30), e encerrou a sequência de quatro partidas sem triunfos no Campeonato Brasileiro, teve a cara do técnico Rogério Ceni. Bastou um treinamento e 24 horas com o grupo para que o treinador retomasse a identidade que enraizou tão bem no Tricolor durante os 20 meses de trabalho. Mais que confiança, Ceni resgatou conceitos determinantes para a mudança de postura leonina.

O primeiro e mais nítido, já percebido nos minutos iniciais de jogo, foi o de marcação adiantada. Com Zé Ricardo, o Fortaleza era mais passivo e tinha proposta reativa, de marcar no campo de defesa para tentar contra-atacar. O time de Ceni, ao contrário, conta com linhas altas de marcação e sufoca o adversário, para não lhe dar espaços nem liberdade de criação.

O Leão do Pici voltou a ser um time dinâmico e direto, que quer sempre o controle do jogo, seja pelo domínio da posse de bola ou também pelo controle dos espaços. Teve ainda a vontade de ser protagonista, tomando as iniciativas e anulando os pontos fortes do adversário com extrema participação de todos os atletas.

Para isso, precisou de muita intensidade e entrega coletiva. Foi esse fator que dificultou o Alvinegro carioca treinado por Eduardo Barroca, que busca proposta de valorização da posse de bola, mas teve dificuldades no gramado do Castelão.

A retomada do 4-2-4 também foi determinante para que o plano de jogo fosse executado com sucesso. O Fortaleza retomou um conceito extremamente trabalhado por Rogério Ceni, o do jogo de posição, em modelo que dá importância ao posicionamento de cada jogador com o objetivo de gerar superioridade numérica nos diversos setores do campo. É isso que gera maior compactação e dá a impressão de que o time está sempre em vantagem ao oponente.

Além disso, a escolha por peças já conhecidas do treinador paranaense ajudaram a resgatar a identidade do time. A volta de Juninho ao meio de campo garantiu fluidez no passe e nas transições, enquanto Osvaldo e Edinho se destacaram pelos lados do campo e foram personagens determinantes no setor ofensivo.

“Eu não preciso falar muito para eles, porque já trabalhamos há 20 meses. Conheço a índole deles, o caráter. Tentei trabalhar com jogadores que eu já conhecia, como Osvaldo e Edinho. Eu só falei para eles que não é todo lugar que você cria uma amizade como aqui. Tivemos três bolas na trave. O resultado só saiu pelo que a gente criou”, destacou o treinador.

Com o resultado, o Fortaleza saltou para a 13ª posição, com 25 pontos – a seis de distância da zona de rebaixamento, encabeçada pelo Cruzeiro, ex-time de Ceni. Na próxima rodada, o Leão encara o São Paulo, sábado (5), às 17 horas, no Pacaembu. Será um novo reencontro do comandante, desta vez, com o tricolor paulista, clube que defendeu como por 25 anos. O ex-goleiro não hesitou em dizer que será um jogo difícil, apesar do equilíbrio no 1º turno, quando o time cearense foi derrotado por 1 a 0.

“Para mim é um prazer. São as duas equipes que eu mais trabalhei, foram quase 26 anos no São Paulo, dois aqui. São dois lugares que me acolheram muito, assim como aprendi a ter prazer e paixão por defender o time do Fortaleza. No primeiro turno, foi bem equilibrado, mas o São Paulo conseguiu o gol com o Hernanes. Agora o São Paulo tem mais força. Daniel Alves chegando, a contratação de um treinador que tem uma filosofia de jogo que eu gosto, mas a vitória (sobre o Botafogo) resgata a confiança”, destacou Ceni.

Volta ao clube

Pela primeira vez, Rogério Ceni falou oficialmente após o retorno ao Fortaleza. O treinador fez questão de enaltecer o elenco leonino e também o empenho do clube em trazê-lo de volta para dar sequência ao trabalho que havia sido interrompido há 47 dias, quando ele optou em aceitar proposta para comandar o Cruzeiro.

“Era para eu ter ido descansar. Ontem, 1h da manhã, foi que eu dei uma resposta por gratidão, assim como o Fortaleza sempre demonstrou. É um risco muito grande para a minha carreira, o Cruzeiro. O ideal era ter continuado aqui e achei que devia essa. Era o único lugar que eu trabalharia. Muitos jogadores mandaram mensagem, ligaram, então nós decidimos fechar, e eu embarquei, não assinei nem contrato, não li, mas vim, embarquei, e pude ajudar na vitória. Agora o sucesso só vai se concretizar com o sucesso no fim do ano”, explicou.

Além disso, Rogério destacou também o papel da torcida, do presidente Marcelo Paz e do ex-presidente e hoje senador, Luís Eduardo Girão, para que a negociação fosse concretizada.

“Existem algumas coisas importantes. Os atletas, conhecer o grupo, a perspicácia do Girão e do Marcelo Paz, e a atmosfera que é o Castelão e a torcida. A galera do Fortaleza é especial, garanto porque joguei por quase 30 anos. Foi espetacular, mais que o número dos torcedores, a altura da voz de cada um deles”.

Sem descanso

A decisão adiou os planos do treinador de tirar férias. “Era para eu ter ido descansar. Eu dei uma resposta por gratidão, assim como o Fortaleza sempre demonstrou. É um risco muito grande para a minha carreira. O ideal era ter continuado aqui e achei que devia essa. Era o único lugar que eu trabalharia. Muitos jogadores mandaram mensagem, ligaram, então nós decidimos fechar, e eu embarquei, não assinei nem contrato, não li, mas vim, embarquei, e pude ajudar na vitória”, destacou o treinador Rogério Ceni.

Via Diário do Nordeste

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