Política
Resultados econômicos fortalecem governo, mas desafios persistem na articulação política
No cenário atual, a economia brasileira tem apresentado resultados positivos, com o dólar abaixo de R$ 5, queda nos preços da gasolina, inflação em baixa e o PIB superando as expectativas. Enquanto a articulação política enfrenta dificuldades, a área econômica tem se destacado nas comunicações do governo e nos discursos dos ministros, tanto para celebrar os índices favoráveis como para lançar políticas.
Segundo o cientista político Rui Tavares Maluf, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a economia desempenha um papel crucial na percepção dos eleitores em relação ao governo. “A economia está entrelaçada com todos os aspectos e tem um impacto decisivo na opinião pública. Portanto, é natural que o governo Lula esteja buscando capitalizar politicamente com esses números”, afirma Maluf. Os resultados positivos também fortalecem a imagem dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão) e Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), que acumula ainda a vice-presidência. Segundo o pesquisador, a equipe econômica tem demonstrado habilidade, organização e capacidade de diálogo tanto internamente quanto com setores externos ao governo, chegando até a moderar algumas atitudes mais voluntaristas do presidente Lula.
Os indicadores econômicos globais também têm superado as expectativas, o que acaba beneficiando o governo brasileiro.
Por outro lado, a articulação política tem enfrentado tensões, inclusive em âmbito interno. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), têm protagonizado desentendimentos. Guimarães, considerado alinhado demais ao presidente da Câmara, Arthur Lira, manifestou o desejo de ocupar o cargo de Padilha, o que tem gerado conflitos. No entanto, Guimarães nega que exista qualquer problema entre eles.
O economista e ex-ministro da Fazenda Pedro Malan enfatiza a importância de Lula e sua equipe avaliarem a situação atual e planejarem o futuro, priorizando a governabilidade. Malan cita as três lições para “aspirantes a líder” propostas pelo ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger como referência nesse sentido.