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Quase 1.300 transplantes foram realizados este ano no Ceará

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Maria Leontina Valentim, 62, passou por transplante de pulmão este ano.

Preocupações, idades, diagnósticos e sonhos diferentes. Na contagem de mais um dia, mais um ano ou mais décadas de vida, a aposentada Maria Leontina Valentim, 62, e a executiva Renata de Sousa Leão Frota, 38, se encontraram. E não foi olho no olho ou em um aperto de mãos. Foi na fé pela cura. O Ceará fechará o ano com recorde de transplante de pulmão e medula óssea. E os números fazem das histórias de Leontina e Renata, que passaram por procedimentos do tipo este ano, um despertar para a necessidade da doação.Este ano, foram realizados 1.275 transplantes no Estado, sendo dez de pulmão (dois a mais que em 2013) e 57 de medula óssea (um a mais que o ano passado). Uma só mão pode contar o aumento de procedimentos. Porém, quando consideradas a estrutura hospitalar cearense e as complexidades das intervenções, a contagem pode não ter fim. Se forem adicionados os números de quem ainda espera por um desses órgãos no Estado, pode faltar dedos. Ontem, eram 56.

Pulmão

“É muito difícil conseguir fazer esse total de transplantes”, reconhece o cirurgião torácico Antero Gomes Neto. “Dos órgãos sólidos, o pulmão é o único que se expõe a ambientes externos. Portanto, tem muito mais riscos de infecção”, detalha. Ele lembra que, atualmente, o Ceará é o único estado das regiões Norte e Nordeste que faz esse tipo de procedimento. 

Dona Leontina foi paciente do doutor Antero. “No dia 4 de junho, às 14 horas, me ligaram e disseram para ficar em jejum. Fiz a cirurgia um dia depois”, reconta. “Tive uma sorte muito grande em ter sido chamada e ter dado tudo certo. Nunca me senti tão amada como quando eu estava na UTI depois do transplante”, lembra a dona de casa. Hoje, o maior prazer é voltar a cuidar do marido, de 89 anos. E o principal desejo? “As famílias precisam liberar a doação de órgãos. Você não sabe o sofrimento que é esperar para viver”, ensina. 

Medula óssea

Para o chefe da equipe de transplante do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), Fernando Barroso, 2014 foi um ano não só de recorde, mas de ineditismo. Pela primeira vez, o Ceará fez um transplante de medula óssea alogênico (quando o paciente recebe a medula de outra pessoa). Foram dois procedimentos realizados. “Com apenas seis leitos, o Ceará já é o oitavo do País em transplantes de medula. A parceria do Hemoce foi fundamental. Hoje, nós coletamos medula e enviamos para todo o mundo”, destaca.

Ele ressalta que o fim de uma reforma no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) deve aumentar o número de leitos para 14. “Para fazer um transplante autólogo (quando o indivíduo recebe as próprias células sadias) o paciente espera cerca de três meses. Para o alogênio são uns 60 dias. Já há uma demanda reprimida, que só vai se equilibrar daqui a cerca de um ano”. Conforme o médico, a sobrevida é de 92% para quem passa pelo transplante de medula.

Saiba mais

Entre os 1.275 transplantes realizados este ano, foram: Rim: 267

Rim/pâncreas: 5

Coração: 18

Fígado: 177

Valva cardíaca: 8

Córnea: 707

Esclera: 26

Pulmão: 10

Medula: 57

Lista de espera por transplante

Rim: 415 pessoa

Rim/pâncreas14 de , um de Pâncreas isolado: 1

Coração: 11

Fígado: 101

Pulmão: 6

Córnea: 549 de córnea

Medula óssea: 40 (10 com a medula para transplante já coletada).

A manutenção sadia dos órgãos que poderiam ser transplantados é uma tarefa difícil tendo em vista as condições insalubres de alguns hospitais. Um estudo deverá indicar o percentual de aproveitamento dos órgãos de possíveis doadores no Ceará. Em São Paulo, por exemplo, apenas 5% dos pulmões são aproveitados.

 

Fonte: O Povo

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