Policial

Polícia prende suspeito de matar travesti em SP e descarta intolerância e motivação política

Published

on

A Polícia Civil prendeu um homem pelo assassinato a facadas de uma travesti e descartou a suspeita de que o crime tenha sido cometido por intolerância sexual ou motivação política. Para a investigação, o homicídio foi causado após discussão envolvendo bebida alcóolica e briga num bar. A vítima foi esfaqueada e morta no último dia 16 deste mês no Centro de São Paulo.

“A polícia concluiu o inquérito e descartou a possibilidade de que a morte da travesti tenha sido motivada por homofobia ou por política”, disse nesta quarta-feira (31) ao G1 o delegado Roberto Krasovic, titular do 3º Distrito Policial (DP), Santa Ifigênia. “O preso confessou o crime e foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil”.

Apesar de o suspeito preso e a travesti morta terem sido identificados por meio da investigação policial, os nomes deles não foram divulgados.

Antes da conclusão da polícia, duas testemunhas haviam dito ao G1 ter ouvido ofensas verbais contra a travesti e gritos de “Bolsonaro” e “ele sim”. Segundo elas, um grupo de cinco agressores, que seria simpatizante de Jair Bolsonaro (PSL), fugiu.

O então candidato à presidência do Brasil era criticado nas redes sociais por declarações polêmicas, algumas sobre a comunidade LGBT.

Mas, de acordo com o delegado que investigou o caso, apenas uma das oito testemunhas ouvidas reafirmou ter escutado alguém gritar o nome do presidenciável durante o crime.

Ainda segundo Krasovic, essa mesma testemunha não viu o momento que a vítima foi esfaqueada porque estava no 13º andar de um prédio. E contou que demais testemunhas que prestaram depoimentos e disseram ter presenciado o crime não ouviram gritos homofóbicos ou em favor de Bolsonaro durante a briga.

De acordo com o policial, essas testemunhas relataram que o assassino e a vítima se desentenderam após discussão sobre piadas a respeito de quem é do estado de Goiás.

“O homem seria preconceituoso com quem vem de Goiás e a travesti não gostou e foi tirar satisfações com ele. Tanto o agressor quanto a vítima estavam em grupos separados, bebendo num bar. Em seguida discutiram”, falou Krasovic. “Aí o sujeito foi para a pensão onde mora com outra travesti, pegou uma faca e voltou ao bar, onde voltou a discutir com a vítima e a esfaqueou três vezes”.

Câmeras
Câmeras de segurança que registraram parte da discussão na frente do bar foram analisadas pela investigação e, de acordo com o policial, não mostram o momento das facadas. “Mas gravou o assassino e a vítima cambaleando”, disse o delegado, que descartou também a participação de mais pessoas no crime. O vídeo não foi divulgado pela polícia.

De acordo com as testemunhas, mesmo ferida a travesti conseguiu caminhar meia quadra até um hotel próximo. Ela pediu socorro e seguranças do local acionaram a Polícia Militar (PM) e o Corpo de Bombeiros para o atendimento e resgate da vítima.

Uma das testemunhas disse que, em seguida, os homens fugiram e ouviu a vítima pedindo ajuda, dizendo que ia “morrer”. A travesti foi levada ao Pronto-Socorro da Santa Casa, mas morreu a caminho do hospital.

Segundo o delegado, o caso foi relatado com o pedido de prisão preventiva do homem apontado como assassino da travesti. O Ministério Público (MP) e a Justiça se posicionarão se concordam com a solicitação para que o suspeito fique detido até ser julgado pelo crime.

A Promotoria também deverá se manifestar se oferecerá denúncia contra o homem pelo assassinato. Depois caberá a Justiça aceitar ou não a acusação e decidir se o preso será levado a julgamento popular.

Testemunhas
“Ela estava com quatro ou cinco homens em frente ao bar. E daí eu comecei a ouvir gritos, uma discussão, uma briga. Chamavam ela de vários nomes, agressões verbais, e gritavam ‘Bolsonaro'”, havia dito uma testemunha ao G1.

Outra pessoa contou à reportagem que chegou a ouvir gritos de “Bolsonaro, ele sim” durante a discussão. Segundo elas, os agressores da travesti seriam simpatizantes do presidenciável.

Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que comentários sobre agressões a gays, lésbicas e transexuais e outros casos de violência por motivação política geraram 2,7 milhões de postagens desde que a campanha ao 2º turno começou. Candidatos a presidente condenaram violência por parte de eleitores.

É o caso do capoeirista Moa do Katendê, fundador do grupo de afoxé Badauê, assassinado com 12 facadas após uma discussão num bar em Salvador no último dia 9 deste mês. Segundo testemunhas, inclusive o dono do bar, ele defendia o voto no PT do presidenciável Fernando Haddad e foi morto por Paulo Sérgio Ferreira de Santana, eleitor de Bolsonaro. O assassino confessou o crime, mas negou que o motivo tenha sido divergência política. Diz que matou Moa por ter sido xingado.
Fonte:G1

EM ALTA

Sair da versão mobile