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Petroleiros iniciam quinto dia de greve no Paraná

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Os petroleiros do Paraná entram nesta quinta-feira (05) no quinto da greve que atinge diversos setores do sistema Petrobras em mais de 13 estados do país. Em Curitiba, a mobilização se concentra na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e, no município de Araucária, na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen).

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a greve tem objetivos que ultrapassam a pauta do reajuste salarial, envolvendo a luta contra privatizações, a busca pela manutenção de direitos trabalhistas conquistados e pela retomada de investimentos na empresa.

“Essa nossa pauta não é econômica, mas em defesa da empresa e da soberania nacional. Por isso temos apoio dos movimentos sociais como MAB [Movimento dos Atingidos por Barragens] e MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]”, explica o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR-SC), Mário Dal Zote.

Ele defende ainda a volta dos investimentos do ano de 2013 e é contra o atual plano de negócios, que prevê um achatamento da empresa, reduzindo sua importância para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Balanço

A Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) foi a primeira unidade da Petrobrás a parar completamente a produção desde o início da greve, no último domingo (1). Segundo o diretor do Sindicado dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas do Paraná (Sindiquímica-PR), Sérgio Luiz Monteiro, o mais importante para a mobilização foi que não se formou um grupo de contingência, pois houve uma ampla conscientização e adesão à greve por parte dos trabalhadores. “Quando a empresa viu que não ia conseguir garantir a continuidade operacional, ela veio negociar com a gente a paralisação”, afirma.

Apesar do bom andamento, o quadro da Repar preocupa os grevistas. “A contingência é o que mais preocupa o movimento, pois as pessoas estão lá dentro em um número reduzido e sem a devida competência técnica para operar as unidades. Estamos com medo de acontecer alguma emergência, colocando em risco a própria vida desses trabalhadores que furaram a greve e também dos equipamentos e da comunidade vizinha”, afirma Dal Zote, defendendo esta atitude como uma prática antissindical por parte da empresa, não acordada com o sindicato como previsto na lei de greve.

A contingência da refinaria é formada por cerca de 50 funcionários, dos mil trabalhadores, entre eles engenheiros e ocupantes de cargos de chefia. A Repar conta com outros três mil trabalhadores terceirizados.

Além disso, um interdito proibitório emitido na terça-feira (3) pela Justiça impediu que os grevistas bloqueassem as entradas das empresas negando a passagem aos trabalhadores que não quiseram aderir às reivindicações. A multa por descumprimento da ordem pode chegar a R$ 100 mil por dia. Dal zote afirma que a medida não intimidou a luta dos sindicatos e movimentos apoiadores, que seguem promovendo debates e tentando convencer os demais trabalhadores.

Apoio

O MST é um dos movimentos sociais que tem apoiado a greve dos petroleiros, por compreender o caráter amplo da reivindicação. “Nesses momentos de crise, essas empresas se aproveitam para cortar direitos, privatizar o que tem de público no país como um todo”, defende o dirigente do movimento no Paraná, Joabe Mendes de Oliveira. Pelo menos 200 integrantes do movimento, vindos de diferentes regiões do estado, participam do acampamento montado na entrada da principal estrada de acesso à Repar e à Fafen-PR, próximo à Rodovia do Xisto.

Há 22 anos, o MST também esteve nesta mesma estrada na luta contra a privatização da Fafen-PR, em apoio aos petroquímicos e junto de outros movimentos sociais. Na época, a empresa tinha o nome de Ultrafértil Araucária e compunha o Sistema Petrobras. Apesar de muita resistência, a fábrica acabou vendida a preços baixos em 1993, assim como as unidades estatais.

Na avaliação do militante, o governo deveria manter as promessas feitas durante o período eleitoral. “O corte que está acontecendo na reforma agrária, como em todos os setores, de fato vai prejudicar muito o andamento da situação no Paraná”, afirma, onde há cerca de 10 mil famílias acampadas.

“Cada vez que um governo ou uma empresa infringe um direito que é de todos, nós do MST vamos nos mobilizar, independente se é para ajudar uma categoria ou outra. Aqui é uma luta de todos os movimentos sociais e categorias sindicais. É uma luta em conjunta do povo brasileiro em defesa da Petrobras”. Sindicatos de outras categorias, movimentos sociais e estudantis do Paraná também apoiam a greve dos petroleiros e petroquímicos.

Unidades em greve

Repar/Curitiba-PR

Fafen/Curitiba-PR

Tepar / Paranaguá-PR

Usina do Xisto (SIX) / São Mateus do Sul-PR

Temirim / Guaramirim-SC

Teguaçu / Biguaçu-SC

Tejaí / Itajaí-SC

Fonte: Brasil de Fato

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