Dia-a-Dia com Maria

O CANTO DA SEREIA SAFADA

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Um membro do CONSELHO NACIONAL DA DEFESA AMBIENTAL- CNDA veio conhecer Iguatu, cidade dos cafundós do Ceará, ganhadora de tantos “selos verdes”, decidindo que, de Fortaleza até cá viria de carro para conhecer uma terra que não a sabia de perto. Gaúcho, criado em Campinas-SP… Imaginando a surpresa que em solos tão áridos houvesse um povo abnegado ao ponto de bem aproveitar as riquezas naturais usando de toda a racionalidade para fazer jus à premiação “selo verde”.

SELO VERDE é a ecoetiqueta que atesta a qualidade ecológica, socioambiental, do produto ou serviço que tem o apoio da sociedade civil, fornecida para empresas que comprovam periodicamente, por meio de laudos técnicos, que seus ciclos de vida são amigáveis para o planeta e a vida que nele habita. Tais entidades ganhadoras, sob os critérios do referido mérito, não podem prejudicar a vida e nem utilizar os recursos naturais de forma desregrada, estão preocupadas com os recursos renováveis e obedecem às exigências e consensos internacionais que tratam do socioambiental.
Assim, o Dr. Ivo Laerte Bruno de Mascarenhas, Biólogo e Engenheiro Ambiental, embora conhecendo a compleição geográfica do ambiente premiado, riu-se da superação desse povo ecologicamente empreendedor. Iguatu! A princípio, já no trajeto da vinda, começou a assustar-se com tantas sacolas plásticas enfeitando as árvores e as cercas de arame farpado ao longo das rodovias de Fortaleza até aqui.

Imaginava que já existisse alguma política de orientação e/ou coleta bem difusa, mas, seu alvo era Iguatu, campeão de premiação em “Selo Verde”. Pois não é que a esse condutor da educação ambiental deu de se agachar no monte das alvuras? Pneu do carro baixou na entrada do Lixão e nem mesmo o de suporte o acudiu, era abril e, à tardinha, havia um festival de fumaça queimando a coleta do dia e o festival de aves negras enfeitando o branco do fumacê.

O Dr. tossia que só faltava soltar os brônquios pelos ouvidos, fazia dó.
De tanto forçar as vísceras sentiu vontade de se despachar na beira da estrada, teve que se valer do monturo do lixão, atrás da montanha de ossos e, agachado, pensou estar no inferno em dia de faxina, nisso, apareceu um pequeno porco que, surpreendeu-o a fuçá-lo determinado e ousadamente no traseiro, contra o qual teve que se armar com um osso grande, atacando o pobre bicho que só queria lanche fresco.

Pensou em chorar, não sabia se era pelo flagelo das circunstâncias ou pela inautenticidade do SELO DO ENGANO. Ah, Iguatu!

Revoltou-se e, safando-se das fatalidades, chegou num hotel da cidade, sentindo asco do que enfrentara, das mentiras deslavadas, fez um pequeno relatório, viu as fotos desiludido e avolumou a ânsia de retornar para o local de onde nunca deveria ter saído.

No hotel, ressentido, desceu para tomar alguma coisa, uma cervejinha… Assim o fez, pediu qualquer uma e um petisco, deixando à vontade o garçon, que lhe orientou:

“- Se o Doutor quiser tem uma iguaria boa, da época: AVOANTE!”

Estremecido o Dr. Mascarenhas ficou curioso e perguntou, como assim?

O atendente foi além:

“-Tanto o senhor come fritinha como se vende o cento por bom preço.

Sem definição religiosa até aquele momento e, automaticamente, o Dr. deixou sair um vibrante “- Misericórdia!”

Nisso, já tendo bebido umas três, perguntou ao garçom:

“- E as lagoas da terra, são dez, ou tem mais?

O ingênuo ouvinte soltou um risinho sem sentido e disse:

“- Eu sei que havia um bocado, Dr., mas já aterraram quase tudo para construir casas, lotear os terrenos… Aqui imóvel é caro e o povo que tem dinheiro investe demais.

Já cambaleante, o saturado e irremediado representante do CMDA decidiu sumir sem atender à Comitiva da fraude do SELO DO ENGANO.

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