Ceará

Municípios cearenses descartam investigação sobre aplicação de vacinas vencidas contra a Covid-19

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Passados quatro dias desde a denúncia do Jornal Folha de S.Paulo que apontou a aplicação de mais de 700 vacinas vencidas contra a Covid-19 no Ceará, nenhum dos 58 municípios citados na reportagem confirmou administração de doses fora do prazo de validade. Prefeituras ouvidas pelo O POVO reforçam que os imunizantes foram disponibilizados no tempo previsto e descartam a possibilidade de instaurar procedimentos internos para apurar o caso, como vem ocorrendo em outras cidades do País. Na capital paulista (SP) e em Nilópolis (RJ), por exemplo, as secretarias municipais de saúde iniciaram procedimentos internos para verificar se efetivamente houve registros de vacinação com doses vencidas.

Em Fortaleza, onde segundo a reportagem 63 pessoas teriam recebido o imunizante fora do prazo de validade, a pasta da Saúde diz que realizou rastreamento de todas as 1.488.652 doses aplicadas até agora no município, não identificando nenhuma irregularidade no processo. Segundo a Secretaria, todas as doses recebidas pelo Município foram encaminhadas em tempo oportuno aos 113 pontos de vacinação. Por não encontrar indícios de inconsistências, a pasta descarta abertura de investigação interna para apurar a situação.

A posição é a mesma da Secretaria Municipal da Saúde de Potengi, que teria registrado 173 aplicações indevidas – a maior quantidade entre os municípios cearenses. “Descartamos qualquer apuração, pois temos em mãos a nota de recebimento das vacinas constando data de validade para 2022. O Ministério da Saúde informou que houve um erro na embalagem do lote recebido, onde consta vencimento em 31/05/2021. As notas de fornecimento da Rede de Frio Nacional mostram que o prazo correto é 31/5/2022. Portanto, não houve nenhuma aplicação de vacina vencida no povo potengiense, a quem queremos tranquilizar”, diz trecho de nota enviada pela pasta. Confira abaixo o documento citado pela secretaria:

Recibo de lote da AstraZeneca enviado ao município de Potengi com correção na data de validade das vacinas

As Secretarias da Saúde de Guaraciaba do Norte e de Tauá também negam aplicação de doses vencidas e descartam apurações internas para investigar supostos erros. Na primeira, onde 60 pessoas teriam sido vacinadas com antígenos fora da validade, a pasta diz que “afasta completamente a possibilidade de aplicação de vacinas vencidas”. Diz ainda que “as doses chegaram no prazo de validade vigente e foram imediatamente aplicadas”. Já na segunda, a Secretaria esclarece que a distribuição das vacinas é realizada pelo Governo do Estado, “que enviou as doses no tempo certo”. A pasta assegura que “todos os lotes distribuídos ao município e aplicados na população estavam dentro da validade”.

A decisão dos municípios de não investigar as supostas aplicações de vacinas vencidas vai de encontro às orientações do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde, que prometeram realizar apuração rigorosa sobre o caso. “O número de casos identificados corresponde a 0,0026% de todas as doses aplicadas no País, sendo necessário ponderação e investigação quanto à aplicação das doses e preenchimento das informações no sistema do Ministério da Saúde”, afirmaram os órgãos em nota conjunta divulgada ainda no último dia 2 de julho.

O POVO procurou a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) para saber se a pasta vem monitorando e/ou investigando os possíveis casos de aplicação de vacinas vencidas no Estado, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

Fonte: O Povo

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