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IRRIGAÇÃO COMPROMETIDA: Rede de energia rural é precária

[caption id="attachment_8360" align="alignleft" width="600"]Pequenos produtores enfrentam dificuldades como queima de motores que garantem o abastecimento nas atividades da agricultura, pecuária e consumo humano, em decorrência da rede limitada para alta demanda foto Honório BarbosaPequenos produtores enfrentam dificuldades como queima de motores que garantem o abastecimento nas atividades da agricultura, pecuária e consumo humano, em decorrência da rede limitada para alta demanda foto Honório Barbosa[/caption]Governo estadual quer incluir no orçamento federal dotação de R$ 36 milhões para ampliação do sistema

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Pequenos produtores enfrentam dificuldades como queima de motores que garantem o abastecimento nas atividades da agricultura, pecuária e consumo humano, em decorrência da rede limitada para alta demanda foto Honório Barbosa

Governo estadual quer incluir no orçamento federal dotação de R$ 36 milhões para ampliação do sistema

No Interior do Estado é crescente a demanda por projetos produtivos e de abastecimento de água. Um dos entraves para instalação é o atraso na substituição de rede de energia elétrica monofásica para trifásica. Os produtores rurais reclamam da demora no atendimento às solicitações por parte da Companhia Energética do Ceará (Coelce). O governo do Estado já solicitou da empresa prioridade para os sistemas de abastecimento humano na zona rural.

A necessidade de melhoria da infraestrutura elétrica nas áreas rurais preocupa o governo do Estado. O titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, apresentou em reunião recente da bancada parlamentar cearense o pedido de inclusão no Orçamento Geral da União de uma dotação de R$ 36 milhões para implantação de mil quilômetros de rede trifásica, em substituição à monofásica. O objetivo é atender áreas de projetos produtivos.

O desenvolvimento rural (implantação de sistemas localizados de irrigação, máquinas forrageiras), e a implantação de rede de distribuição de água para o abastecimento humano sofrem atrasos e o entrave decorre do fato de que muitas localidades são atendidas com rede elétrica monofásica, insuficiente para suportar carga elétrica demanda. 

Depois de dois anos seguidos de seca, os municípios do sertão cearense enfrentam crise de abastecimento de água. O problema ocorre tanto em áreas urbanas quanto rurais. A perfuração de poços e a transferência de água são solução técnica encontrada para a maioria das localidades. O bombeamento para a rede de distribuição exige instalação de motores trifásicos.

Os programas de implantação de rede de energia elétrica nas áreas rurais, Luz no Campo, e depois Luz para Todos priorizaram a instalação de rede monofásica (MRT), por questão orçamentária e para atender um maior número de famílias. Decorridos alguns anos, por necessidade de empreender e para ampliar o abastecimento de água para os moradores, a maioria do sistema elétrico atual não suporta a carga de demanda. Resultado: motores queimam, há queda constante de energia.

Setor leiteiro

Até a instalação de tanques de resfriamento de leite, que recebe produção de vários criadores, exige rede trifásica. O Programa São José III, com mais de 180 projetos de abastecimento, e o programa Água para Todos, com mais de 500 planos para execução exigem urgência na melhoria da infraestrutura elétrica das áreas rurais. 

O titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Nelson Martins, disse que o governo do Estado já se reuniu várias vezes com a Coelce com objetivo de pedir atenção às demandas apresentadas. “A empresa comprometeu-se em atender as necessidades, que são crescentes”, observou. “Quando são projetos de interesse público é feito o pedido de orçamento à Coelce e o Estado faz o pagamento”.

Nelson Martins observou que a rede monofásica do programa Luz para Todos é insuficiente para suportar carga elétrica de projeto de maior porte, como bombeamento de poços profundos, casa de farinha comunitária e sistema de irrigação superior a um hectare.

No município de Várzea Alegre, por exemplo, a necessidade em substituir antiga rede monofásica por trifásica é evidente. “Em dez comunidades, cerca de 300 famílias no total, necessitam de rede trifásica”, disse o secretário de Desenvolvimento Agrário, André Fiúza. Há quatro meses que as associações de moradores dos sítios Calabaço e Pé de Serra (50 famílias) solicitaram da Coelce a mudança na rede elétrica, mas ainda não foram atendidas. 

Quiterianopólis dispõe de 99% de eletrificação em rede no sistema monofásico. “Não dá para atender sistemas de abastecimento de água, forrageiras e tanques de leite”, disse o secretário de Agricultura, Miguel Coutinho. “Os motores queimam, a chave dispara e a energia cai”. 

Até a área urbana, que precisa de 90 mil litros de água por dia, é prejudicada porque o sistema de bombeamento só consegue ofertar um terço da demanda, por falta de energia adequada, conforme observa o secretário.

A situação agravou-se com a estiagem. No município de Ipueiras, várias comunidades são prejudicadas pelo mesmo motivo. Na localidade de Araçás, há demanda por seis mil litros de água, mas o motor só dá vazão de três, pois se aumentar a oferta, queima. “O problema vem desde 2005, mas ainda não foi resolvido”, explicou o secretário de Recursos Hídricos, Marcos Rufino.

O presidente do Conselho de Consumidores da Coelce (Conerge), Erildo Pontes, que representa a classe rural, por meio da Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec), disse que o problema de hoje decorre do passado. “A situação já esteve pior, mas vem melhorando”, observou. “Para atender a um maior número de pessoas optaram por rede monofásica, pois o orçamento não cobria os custos do sistema trifásico”.

Prioridade

O diretor de relações institucionais da Coelce, José Nunes de Almeida Neto, disse que na ampla maioria dos casos a rede monofásica atende 100% das necessidades nas áreas rurais. “Estamos priorizando as demandas dos projetos emergenciais, de abastecimento de água”, frisou. “A substituição de rede monofásica por trifásica depende de cada caso, de avaliação técnica, de dimensionamento, segundo projeto”, garante ele.

Quanto aos pedidos e projetos encaminhados à Coelce pelos municípios e por associações de moradores, reclamados à imprensa, José Nunes observou que consulta ao setor revela diferenças. “Alguns já foram atendidos e outros não apresentam projeto compatível com a carga que se anuncia demanda”, afirmou.

José Nunes esclareceu que o preço do motor trifásico é inferior 30% ao monofásico, nas lojas, e mediante essa diferença os produtores rurais preferem adquirir o de menor custo. “Na maioria dos casos, o motor monofásico atende a demanda de potência de até 7,5 CV, mas fica a pressão por mudança para rede trifásica”.

Nos casos de elevação de carga, de implantação de grandes projetos de produção agropecuária, há necessidade de mudança para rede trifásica. “Os casos de abastecimento humano, de projetos públicos têm prioridade absoluta”, reafirmou José Nunes. “Quando o projeto é do governo do Estado há recursos para esse fim e a demanda é apresentada pela Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e atendemos de imediato”. Nunes explicou ainda que, nos casos de projetos municipais, é necessário ver caso a caso para definir a responsabilidade do investimento. Quanto aos particulares, a Coelce também participa dependendo da distância da rede e da carga solicitada. 

Mais informações

Coelce – (85) 3453. 4883

Federação da Agricultura no Estado do Ceará (Faec) – (85) 3535.8023

Sec. do Desenvolvimento Agrário de Várzea Alegre – (88) 3541. 1522

Fonte: Diario do Nordeste

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