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Hospitais filantrópicos estão funcionando precariamente na região norte do estado

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A grande demanda e falta de verbas são problemas constantes FOTO: JÉSSYCA MARQUES

Sobral. Os hospitais filantrópicos passam por dificuldades neste município. A Santa Casa de Misericórdia de Sobral atende três vezes a sua capacidade, e o Hospital Doutor Estevam Ponte anunciou que há risco de encerrar as atividades no fim deste ano e funciona com atendimento e quadro de funcionários reduzido. A defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) é o principal agravante apontado pelos administradores.

Quem passa pelo tradicional Hospital Doutor Estevam já encontra uma das entradas fechada com cadeado e o atendimento sendo feito com quadro reduzido. Ao ligar para aquela unidade hospitalar, a informação repassada é que o número de atendimentos também diminuiu.

Desde 2013, o vereador Estevam Ponte, um dos proprietários do Hospital Doutor Estevam, alerta o público sobre as dificuldades que a instituição vem passando. A situação financeira se encontra no limite, segundo o vereador, pois a tabela de repasse do SUS não é atualizada há sete anos.

Em coletiva na Câmara dos Vereadores, após uma sessão em novembro, Estevam Ponte afirmou que graças à compreensão da equipe médica, o hospital se encontra funcionando, mas que as grandes despesas e dívidas de impostos atrasados acarretarão na não renovação do convênio com a Prefeitura de Sobral, que se vence neste mês. Os convênios com a municipalidade só podem ser firmados caso as empresas apresentem impostos em dia ou negociados.

Na Santa Casa de Misericórdia de Sobral, a situação é um pouco melhor, apesar de preocupante. Planejada para atender a uma população de até 500 mil habitantes, hoje atende a mais de 1,6 milhões de pessoas, população de toda a Zona Norte, além de receber pacientes de outras regiões, como Crateús. A taxa de ocupação mensal é de 100%. Em casos especiais, como a maternidade, essa taxa pode chegar até a dobrar.

Segundo o atual diretor geral da Santa Casa, padre Júnior Melo, ao assumir a direção, o hospital possuía uma dívida de R$ 8 milhões, todas já negociadas. Mas, o mês ainda fecha com um déficit mensal em torno de R$ 500 mil. “Agora, temos empréstimos com bancos públicos e federais com parcelas a vencer no total de R$ 16 milhões, em busca de garantir o melhor atendimento aos pacientes. Graças à Contratação Portas Abertas, recebemos toda e qualquer situação de urgência ou emergência”.

A política de Portas Abertas, segundo ele, é o que causa o atraso na fila de cirurgias eletivas. “Temos uma cirurgia marcada para hoje, por exemplo, mas acabou de acontecer um acidente que exige a mesma especialidade e é emergência, então a eletiva é remarcada e a emergência é atendida”, explica.

Atualmente, a Santa Casa mantém convênios com os governos do Estado, Federal e Municipal, o que ajuda na manutenção das despesas, além de alguns empreendimentos, como o Hospital Dom Walfrido, cujo o lucro é mandando para a Santa Casa. Mas o repasse de verbas como o do SUS é também um dos principais pontos que prejudicam o hospital. “É quase uma década sem reajuste. Todo ano há aumento de taxas, produtos e serviços, mas esse aumento não acontece nos valores repassados”, explica o padre.

Diminuir lotação

Para a direção do Hospital, o que pode melhorar para a Santa Casa e, consequentemente, para toda a população, será o funcionamento na íntegra do Hospital Regional Norte, que tem sido aberto ao público por etapas. “Com o HRN funcionando com 100% de sua capacidade, a Santa Casa poderá se reerguer e quitar todas as dívidas, que, apesar de não estarem atrasadas, existem. Com isso, nosso hospital poderá melhorar o atendimento e diminuir a lotação dos leitos”, finaliza padre Júnior.

A Santa Casa é considerada hospital filantrópico e de caráter regional, com 92% de sua área instalada a serviço do Sistema Único de Saúde. Além disso, é Hospital de Ensino certificado pelo MS/MEC, conveniado com as Faculdades de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Medicina e Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Já está em andamento convênio com as faculdades de Odontologia e Nutrição da Universidade Federal do Ceará (UFC) instaladas recentemente em Sobral. Foi tentado contato com a assessoria de imprensa do HRN, mas não houve retorno.

 

Fonte: Diário do Nordeste

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