Ceará

Emergências lotadas e alta demanda por pediatras no Ceará

[caption id="attachment_3730" align="alignleft" width="500"]Imagem: O Povo[/caption]Reclamações do atendimento pediátrico lotado são constantes nas famílias. Pediatras indicam desvalorização da especialidade.

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Imagem: O Povo

Reclamações do atendimento pediátrico lotado são constantes nas famílias. Pediatras indicam desvalorização da especialidade.

 

De um lado, famílias agoniadas em busca de assistência à saúde dos filhos. Do outro, pediatras com altas demandas, pressão extrema da relação médico-paciente-família, pouco tempo disponível e indicação de remuneração defasada.

A situação do atendimento pediátrico no Ceará preocupa pais, médicos e entidades. Além da insuficiência de leitos infantis, cenário relatado pelo O POVO em abril último, a dificuldade no acesso aos profissionais que atendem esse público pode afetar a qualidade da saúde das crianças cearenses.

Na rede pública da Capital, 682 pediatras estão distribuídos em hospitais e unidades básicas em diferentes escalas de plantão, segundo informações das Secretarias da Saúde do Estado e do Município. São esses profissionais, que atuam nas estruturas de saúde de Fortaleza, que atendem a maior parte da população de mais de 778 mil pessoas entre 0 e 19 anos (dados do Censo 2010). Médicos que se dividem entre as redes municipal, estadual e particular.

As entidades ligadas à pediatria no Ceará não possuem números exatos e atualizados da quantidade de profissionais no Estado. A Sociedade Cearense de Pediatria (Socep) indica a existência de 668 profissionais em situação regular em 2013 e mais de 400 que deixaram de pagar a Socep nos últimos cinco anos. Já o Conselho Regional de Medicina (Cremec) informa que 600 médicos pediatras possuem título registrado junto ao Conselho, número que pode incluir pessoas que não exercem mais a especialidade.

Apesar dos números incertos, o atendimento pediátrico sofre com as reclamações dos usuários, que enfrentam filas nos hospitais e ausências nas unidades básicas. Katiane dos Santos, mãe de Vitória, 6, diz-se cansada de discutir no Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará. Segundo ela, o atendimento é desorganizado. Com a filha com suspeita de pneumonia, ela começou o tratamento na unidade, mas os sintomas não desapareceram.

Ao retornar, recebeu a indicação de recorrer a uma Unidade de Pronto Atendimento, no bairro Autran Nunes. É o caso de muitas outras famílias que buscam as salas das emergências e trazem juntos histórias de ausências nas unidades básicas ou consultórios.

Para o diretor de defesa profissional da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Milton Macêdo, os profissionais sofrem com uma desvalorização, tanto no serviço privado quanto no público, onde remunerações defasadas e antiéticas causam descontentamento. O resultado é sentido por pais e crianças que buscam assistência à saúde e encontram filas, espera e consultas rápidas.

A Cooperativa dos Pediatras do Ceará (Cooped/CE) possuía, até abril, convênio com nove unidades de saúde públicas da Capital e Maracanaú, além de empresas privadas e institutos. Em abril deste ano, 312 pediatras cooperados participaram de contratos de trabalho por meio da cooperativa. Mais de 140 prestaram serviços somente ao Hospital Infantil Albert Sabin (Hias).

Segundo o diretor da Cooped/CE, João Borges, a falta de concursos públicos acaba por relacionar a maioria dos cooperados às unidades públicas. Ele aponta: a Cooped/CE não consegue atender a demanda da rede pública, deixando muitos plantões com menos médicos do que o necessário.

 

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