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‘É uma escalada da ameaça ao mundo’: EUA confirmam teste de míssil intercontinental pela Coreia do Norte

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Os Estados Unidos anunciaram terem confirmado que a Coreia do Norte testou um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) nesta terça-feira.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, classificou o ato como uma “nova escalada da ameaça aos Estados Unidos” e ao mundo e alertou que Washington “nunca aceitará uma Coreia do Norte armada nuclearmente”.

Esta foi a primeira vez que a Coreia do Norte anunciou ter realizado esse eito com sucesso, voltando assim a causar preocupação na comunidade internacional.

Autoridades americanas acreditam que o míssil norte-coreano consegue atingir o Alasca, no entanto, especialistas afirmam que ele não seria capaz de atingir com precisão um alvo determinado.

Algumas horas após o teste sobre o Mar do Japão, os Estados Unidos pediram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir o assunto. A sessão a portas fechadas entre representantes dos 15 membros do conselho será nesta quarta-feira.

Em um comunicado, Tillerson reforçou que uma “ação global é necessária a fim de parar uma ameaça global” e alertou que qualquer nação que ofereça benefícios econômicos ou militares aos norte-coreanos ou não cumpra integralmente a resolução do conselho estará “ajudando e incitando um perigoso regime”.

O que a Coreia do Norte disse?
O anúncio feito na TV pela emissora estatal disse que um teste do míssil balístico intercontinental Hwasong-14 foi feito sob a supervisão do líder norte-coreano, Kim Jong-un. Foi informado que o projétil atingiu uma altitude de 2.802 km e percorreu 933 km em 39 minutos antes de cair no mar.

No anúncio, foi dito que a Coreia do Norte agora é uma “potência nuclear completa que possui o mais poderoso foguete intercontinental capaz de atingir qualquer parte do mundo”. A agência de notícias oficial, a KCNA, divulgou que Kim Jong-un considerou o teste um “presente” para os americanos ao realizá-lo no dia da independência dos Estados Unidos.

O lançamento é o mais recente de uma série de testes e foi contra o veto a esse tipo de operação pelo Conselho de Segurança da ONU. Mas especialistas avaliam que a Coreia do Norte não é capaz de miniaturizar uma bomba nuclear para encaixá-la em um míssil assim.

Quão longe o míssil pode ir?
Essa é a grande questão, diz Steven Evans, da BBC em Seoul (Coreia do Sul). Seria capaz de atingir os Estados Unidos?

O físico americano David Wright, integrante da ONG Union of Concerned Scientists, diz que, se os relatos estiverem corretos, o míssil poderia “ter um alcance máximo de 6.700 km em uma trajetória padrão”. Isso o tornaria capaz de chegar ao Alasca, mas não às maiores ilhas do Havaí ou aos outros 48 Estados americanos, diz ele.

A Coreia do Norte não precisaria apenas de um míssil, acrescenta Evans. Também teria de proteger uma bomba nuclear de sua reentrada na atmosfera, e não está claro se é capaz disso.


O que significa esse teste? Por Melissa Hanham, especialista em defesa
Novamente, a Coreia do Norte desafiou a sorte e deu uma banana para o mundo com um único lançamento de míssil. O teste mostrou que o país provavelmente é capaz de atingir distâncias intercontinentais com mísseis balísticos, o que coloca o Alasca em risco.

Kim Jong-un havia expressado há tempos seu desejo de fazer um teste assim, e tê-lo realizado em 4 de julho é apenas a cereja de seu imenso bolo.

Apesar desse êxito técnico, é provável que muitos fora da Coreia do Norte se mantenham céticos, pedindo por provas de que o país é capaz de guiar seu míssil e controlar sua reentrada ou de que tem uma bomba nuclear.

No entanto, do ponto de vista técnico, seus foguetes são capazes de cumprir distâncias de um ICBM, e essa pode ser apenas a primeira das diversas formam com que a Coreia do Norte pode obter um ICBM de autonomia ainda maior.

Os vizinhos e potências nucleares estão preocupados?
O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, cobrou do Conselho de Segurança medidas contra o país vizinho.

Um forte alerta veio do diretor de operações dos Líderes das Forças Armadas do país. Cho Han-Gya disse que “o regime de Kim Jong-un será destruído” se “ignorar os alertas militares e prosseguir com as provocações”.

O Japão afirmou que “repetidas provocações como essa são totalmente inaceitáveis”, e o primeiro-ministro Shinzo Abe disse que o país “se uniria fortemente” aos Estados Unidos e a Coreia do Sul para pressionar a Coreia do Norte.

O presidente americano, Donald Trump, aparentemente se referiu ao líder norte-coreano em sua conta no Twitter ao dizer: “Esse cara não tem nada melhor para fazer da vida?”.

“Difícil crer que a Coreia do Sul e o Japão vão aguentar isso por muito mais tempo. Talvez a China aja com força sobre a Coreia do Norte e dê fim a esse absurdo de uma vez por todas.”

Trump já fez diversos apelos para que a China, principal aliado econômico dos norte-coreanos, pressione o país a encerrar seus programas de mísseis e nuclear.

Sobre as chances da Coreia do Norte ser capaz de atacar os Estados Unidos, ele publicou em janeiro: “Não vai acontecer”. No entanto, especialistas dizem que isso será possível dentro de cinco anos ou menos.

Enquanto isso, o secretário de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, disse que a comunidade internacional “precisa redobrar seus esforços para impor um preço a esse regime que faz de tudo para construir armas nucleares e lançar mísseis ilegalmente enquanto o povo da Coreia do Norte sofre com a fome e a pobreza”.

Fonte: BBC

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