Iguatu

Dom Mauro é homenageado no VI Encontro de Integrantes das pastorais sociais da Diocese de Iguatu

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Embaixo da sombra do Juazeiro Vô Manoelzinho o grupo de amigos se reuniu para compartilhar as experiências e relembrar momentos e músicas marcantes.

No último sábado, 28, na comunidade de Aroeira, zona rural de Orós, região de Guassussê, o Sítio Sertão Vivo, do Poeta Zé Vicente recebeu a sexta edição do encontro de amigos que nas décadas de 70, 80 e 90 participaram dos movimentos da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) em Iguatu e região.

A Casa Mãe do Sítio Sertão Vivo, da família do poeta Zé Vicente é um lugar de construção da convivência com o semiárido em respeito à natureza e à memória dos ancestrais.


A ocasião foi marcante em cada momento, pela força dos encontros promovidos, reunindo amigos que conhecem há mais de 30 anos.
Um dos pontos altos desse dia foi a homenagem ao recém falecido bispo emérito de Iguatu, Dom José Mauro (1925-2019), à Irmã Tereza e ao Padre Matias Ryan amigos de todos do grupo que ajudaram na construção daquele movimento transformador de vidas.

Dom José Mauro Ramalho de Alarcón e Santiago (1925-2019), primeiro bispo de Iguatu.

O trabalho de Dom Mauro foi o elo para aquelas e para a construção do trabalho da Pastoral da Juventude do Meio Popular na diocese de Iguatu. O encanto do sacerdote e sua firmeza de ação e palavras foram inspiradores para a formação das pastorais, como atestado nas conversas de todos ali presentes.

O Padre Matias Ryan também foi um dos homenageados no encontro de amigos.

Mesmo com a partida recente do bispo, o sentimento geral era de gratidão pela generosidade no compartilhamento dessa força vital para fazer nascer e crescer um movimento que teve impacto tanto na vida pessoal de cada participante, mas também em toda a comunidade diocesana em maior ou menor escala.


A primeira edição do encontro de amigos aconteceu em 2014, ocasião na qual Monsenhor Queiroga completava 50 anos de ordenação.

VI Encontro d@s Amig@s

Embalados com muita música e animação o grupo prestou homenagem à memória dos amigos que já faleceram. Nesta Edição foram homenageados, além de Dom Mauro, a Irmã Tereza e o Padre redentorista Matias Ryan.

O grupo de cerca de 60 pessoas nessa sexta edição é formado por profissionais de diversas áreas, entre professores, empresários, psicólogos, pedagogos e os que decidiram pela vida sacerdotal, mas todos tendo em comum essa experiência de formação na juventude.

Café da manhã na sombra do juazeiro

Uma muda de moringa (Moringa oleifera) em memória à Irmã Tereza, uma amiga muito querida por todos falecida recentemente.

A programação teve início com um café da manhã compartilhado à sombra de um juazeiro ao lado da Casa Mãe do Sítio Sertão Vivo e o plantio de uma muda de moringa (Moringa oleifera) em memória à Irmã Tereza, uma participante muito querida por todos e falecida recentemente.

O padre Matias Ryan, um dos redentoristas que deram vida nova ao bairro Prado, em Iguatu, grande amigo e colaborador de todos também foi homenageado com uma árvore em sua memória. A unidade do grupo foi o que permitiu que mesmo distante do seu país de origem nunca lhe faltasse alguém para o acompanhar no período que esteve doente até o falecimento.
A homenagem no sítio Sertão Vivo foi a maneira de eternizar o trabalho e amizade do sacerdote.

Homenagem viva à memória de Dom Mauro

Segundo Zé Vicente, Dom Mauro já era uma árvore com vastos frutos, visíveis em cada um deles ali presentes.

Para a homenagem ao primeiro bispo de Iguatu, Poeta Zé Vicente fixou uma placa identificando o dali em diante, Ipê Dom Mauro, em memória do seu legado. Aquela árvore passa a ser um símbolo vivo do trabalho do bispo que plantou a semente da comunidade de amigos ali reunidos.
Zé Vicente afirma que Dom Mauro já é uma árvore com vastos frutos, visíveis em cada um deles ali presentes.
Ele relata que acompanhou Dom Mauro quando os primeiros Ipês do Hotel Diocesano foram plantados.
O padre João Firmino, por décadas pároco de Bom Jesus, hoje Quixelô, estava presente na ocasião.
Ele foi um colaborador do movimento na paróquia.

O padre João Firmino, por décadas pároco de Bom Jesus, hoje Quixelô, estava presente na ocasião.
Ele foi um colaborador do movimento na paróquia.

Dêdê Santiago, psicóloga, exalta a importância da formação na Pastoral.
“A gente era estimulado a pensar a escritura de uma forma crítica, buscando compreender o Jesus de Nazaré e como ele poderia se parecer conosco e nisso tudo considero o padre João Firmino meu mentor espiritual e que me ensinou a sonhar e lutar pelos meus sonhos”, afirma.
Ela relata que ao chegar à capital para cursar psicologia “os professores perguntavam se eu já tinha alguma faculdade [concluída], pelo conteúdo das falas, dos questionamentos, e afirmava que a PJMP havia sido minha primeira formação na vida”.

Importância de Dom Mauro para as pastorais.

Monsenhor Queiroga compartilhou as lembranças da criação das Pastorais em Iguatu e região e também saudou o trabalho de Dom Mauro, da Irmã Tereza e do Padre Matias Ryan

Dom José Mauro era o bispo de Iguatu à época (década de 70) e mobilizou e inspirou a formação e o trabalho dessas pastorais.
Essa foi sua maneira de cumprir as instruções do Concílio Vaticano II, do qual participou, que direcionava a Igreja aos pobres e aos problemas sociais.
A tipografia da diocese, fundada pelo bispo, produziu o material que levou uma visão mais crítica e reflexiva das escrituras bíblicas e promovia uma maior participação da juventude na busca por justiça social.

Música e animação

A obra de Zé Vicente é um capítulo importante do cancioneiro dos movimentos populares do Brasil e da América Latina.

Os momentos foram embalados por música e muita animação, o espírito da juventude que vivenciou a teologia da libertação na prática com a realidade dura do nordeste.
O Poeta Zé Vicente, anfitrião do evento, fez das suas poesias um capítulo importante do cancioneiro dos movimentos populares do Brasil. Também sempre presentes nos encontros da Pastoral, os tambores, triângulos, maracas, palmas e vozes cantavam as músicas marcantes dos grupos de cada um.

PJMP, resistência em meio à ditadura e aos coronéis

A PJMP representou um foco de esperança e resistência mesmo com a repressão da ditadura militar (1964-1985) e com os desmandos do coronelismo na região.

No Brasil de mais de 3 décadas atrás a PJMP desempenhou um papel importantíssimo na formação de jovens com pensamento crítico, e protagonismo.
Mesmo com com os riscos da repressão da ditadura militar e do coronelismo da região, típico do interior do nordeste, as pastorais conseguiram grandes feitos para a região, desde ações de combate à fome e à luta por justiça social, em muitas ocasiões desafiando os poderosos da região, em outras realizando articulações para conseguir melhorar a vida das comunidades.

Homenagens à ancestralidade

As árvores e outros espaços que guardam memória afetiva recebem os nomes de pessoas queridas que faleceram, a maneira de manter viva a memória e os laços afetivos, místicos e tradicionais com a natureza que envolve o lugar.

O Poeta Zé Vicente tem forte apreço aos laços de ancestralidade em sua filosofia de vida, que também norteia a construção do sítio Sertão Vivo. “Sou o que sou pelo que somo”.
“Somos um no universo, desde sempre e para sempre”, isto é um credo fundante do povo Maia, um dos povos mais avançados das Américas, explica Zé Vicente.
Assim, as árvores e outros espaços que guardam memória afetiva recebem os nomes de pessoas queridas que faleceram, como uma maneira de manter viva a memória e os laços afetivos, místicos e tradicionais com a natureza que envolve o lugar.

Reportagem: Jan Messias/ @janmessias

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