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Dia-a-Dia com Maria

Dia-a-Dia com Maria: Mulheres afegãs e suas vidas roubadas

Ouço uma linda canção de Chico Buarque “Mulheres de Atenas” e passo a refletir sobre a situação social de mulheres em locais e eras diversos. 

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Ouço uma linda canção de Chico Buarque “Mulheres de Atenas” e passo a refletir sobre a situação social de mulheres em locais e eras diversos. 

Segundo a magna canção, aquelas mulheres eram submissas, dóceis e que incansavelmente viviam p’ros seus maridos, as incansáveis “Helenas”.

Pensei no Afeganistão, país que é um dos cinco mais pobres do mundo e o segundo mais corrupto, 70% da população sofre de desnutrição e a expectativa de vida é a mesma de um adulto na Inglaterra da Idade Média: 43 anos, além de praticar absurdos contra as mulheres. 

Embora há anos da queda do regime Talibã, as afegãs continuam pagando a parte mais pesada da conta do fundamentalismo religioso. Nas ruas, a burca cobre-lhes o corpo da cabeça aos pés, embora tenham conquistado o direito de frequentar a escola, as estudantes representam uma porcentagem ínfima da população feminina e mais da metade ainda se casa antes dos 16 anos de idade. Não raro, ainda ocorrem casos em que algumas, por não suportar a vida de dissabores conjugais, tentam o suicídio. Para se ter uma idéia do que acontece, um dos casos que bem retratam os fatos reais de tragédia, uma jovem senhora de 25 anos, Rahime, deu entrada numa unidade hospitalar com 35% do corpo queimado, dizendo que tentara se imolar por “estar cansada de viver”. Relatou  que se casara aos 10 anos de idade e, desde então, engravidou seis vezes (sofreu três abortos espontâneos). A mãe que a acompanhava no hospital, indagada sobre as razões que a fizeram permitir que a filha se casasse tão cedo, explicou que, na verdade, não a deu em casamento, mas foi obrigada a vendê-la. O marido era lavrador em uma plantação de ópio e não conseguia sustentar a família, de oito filhos. “Ficávamos três ou quatro noites sem ter o que comer”, afirmou ela, porém, nem a jovem nem a mãe souberam precisar quanto. 

Rahime disse a ela que decidiu atear fogo ao corpo porque a sogra passou a maltratá-la. Uma policial que ouvia a narração disse que estava habituada a ouvir justificativas e que “algumas dessas mulheres demoravam para contar a história inteira, que muitas vezes inclui estupros e espancamentos sistemáticos”.

Embora o rigor seja severo com a conduta (sexual-afetiva) das mulheres, muitas delas atuam na prostituição, sem saber como deixar a atividade. Essas, geralmente são pobres, divorciadas ou viúvas e passam por dificuldades. Às vezes, as próprias famílias as obrigam a se prostituir para ajudar a pagar as contas ou a financiar o vício em drogas do marido. 

A maioria sabe que, ao vender seu corpo, corre o risco de morrer se for descoberta.

 

Fonte acessória: http://veja.abril.com.br/190510/afeganistao-inferno-para-mulheres-p-140.shtml

 

*Mariazinha é advogada e servidora do IFCE Campus Iguatu

 

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