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Concorrência faz preço de vaga de táxi cair 95% em Fortaleza

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Os relatos são que, em cinco anos, desde a popularização dos aplicativos, negociação de vagas praticamente acabou.

As mudanças no mercado de transporte de passageiros trouxeram impacto até mesmo no mercado informal. Conforme O POVO apurou, o preço das vagas de táxi reduziu 95% em Fortaleza, no período de cinco anos. Os relatos são que, em 2014, o valor alcançava R$ 120 mil, o que hoje chega a R$ 5 mil. Com a chegada dos aplicativos de transporte, esse comércio ilegal de concessões de táxis praticamente acabou. A maior concorrência teve ainda reflexo em até 60% de queda no faturamento dos taxistas.

Segundo contagem do Sindicato dos Taxistas do Ceará (Sinditaxi), hoje, aproximadamente 5,8 mil profissionais atuam regularmente. Até 2021, esse número deve chegar a 7 mil, após a Prefeitura de Fortaleza abrir novas concessões em 2018. Essas vagas, que têm um controle regulatório maior por parte da gestão municipal, não podem ser repassadas para outros titulares, o que fez a venda, inibida pelo Município, cair ainda mais.

“Hoje ninguém quer investir nisso. E quem já está dentro, e pode, começa a sair”, disse um taxista, que fica num ponto de táxis na avenida Duque de Caxias e não quis se identificar. Outro profissional acrescentou que para conseguir vender a concessão (vaga de táxi), anunciam o carro junto, o que deixa o valor na casa dos R$ 25 mil, R$ 30 mil.

“Só a concessão é mais difícil vender. Antes vendia, hoje, não. Há alguns anos, muitos compravam para negociar, conseguiam ágio para aumentar o preço da vaga e ter lucro, por isso a concessão na rua chegou a custar R$ 120 mil. Hoje, estão praticamente dando as vagas”, ressalta.

A realidade nas ruas, observam os taxistas, é que os chamados frotistas estão em extinção. Eles venderam suas frotas e passaram a alugar suas vagas.

O presidente do Sinditaxi, Francisco Moura, diz que o segmento de táxi está passando por um dos momentos mais difíceis da história. “O mercado foi invadido por grandes empresas internacionais, que entraram no Brasil desrespeitando a Constituição, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e a Lei Orgânica do Município (LOM), através de um lobby muito pesado”, reclama.

Moura acusa as companhias gestoras de aplicativos de transporte de praticar dumping comercial (venda de produtos ou serviços muito abaixo do valor mercado para quebrar a concorrência).

“O valor de uma corrida para lugares idênticos fica muito diferente, sendo que aferimos o valor pelo taxímetro regularizado na Prefeitura e no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) de forma que é justo para as duas partes. Quando eles baixam o preço da corrida, quem paga a diferença é o chamado uberista”, aponta.

O principal pleito dos taxistas, conforme o presidente do Sinditaxi, é pela limitação da quantidade de motoristas de app autorizados a rodar na Cidade. Ele cita que os táxis obedecem proporção máxima de um carro para cada 300 habitantes.

“O mercado está perdendo o profissionalismo que tinha há alguns anos. (Os apps de transporte) Não podem continuar de forma quase anárquica como é hoje”, afirma ele.

Conforme a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), o número de motoristas que transportam passageiros por meio dos apps ainda é desconhecido. Resultado oficial apenas será possível após as vistorias e registros, que estão em andamento, afirma.

O POVO optou por não identificar os taxistas que comentaram sobre o comércio ilegal de vagas.

Fonte: O Povo

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