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Aquecimento global afeta as regiões do Brasil

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O IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), órgão da ONU, publicou, nesta segunda-feira (9), um novo e importante relatório sobre o aquecimento global que aponta como a temperatura do planeta está avançando mais rapidamente do que o esperado — em grande parte, devido à ação humana.

Em um cenário pessimista, isto é, se a população mundial aumentar ou mantiver a emissão de combustíveis no mesmo patamar dos dias atuais, até 2100, a temperatura global poderá a aumentar, em média, 4,4º C. Já se as emissões forem reduzidas, estima-se que esse valor seja de 1,5º C.

Segundo o professor e pesquisador do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Wilson Roseghini, as consequências do aumento da temperatura global para o Brasil são diversas, independentemente do cenário projetado pelo IPCC. Ele destaca um aumento da temperatura em todas as regiões do país e uma diminuição das chuvas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

“As projeções apontam que haverá uma diminuição das chuvas na Caatinga, no Serrado, na Amazônia, no Pantanal e em toda a região Centro-Oeste, que é a maior produtora de grãos do Brasil. Apenas na região Sul e parte da Sudeste deve haver um aumento das chuvas, que ocorrerão de forma mal distribuída e marcada por eventos extremos”, afirma.

Roseghini ressalta ainda que, apesar do que muitos podem pensar, o aumento da temperatura global também provoca eventos curtos e pontuais de frio, como a massa de ar polar que atingiu as regiões Sul e Sudeste do país na última semana. A tendência é que brasileiros e pessoas de todo o mundo enfrentem invernos cada vez mais quentes, intercalados com dois ou três dias de frio intenso.

O fenômeno ocorre, explica o professor, devido às trocas de energia que a Terra faz naturalmente, entre diversas regiões do planeta, para não manter a temperatura global nem muito alta nem muito baixa. Se o contraste entre as temperaturas for muito grande, no entanto, essas trocas se tornam mais extremas e este é o fator que acaba desencadeando tais eventos.

“Na Antártica, as temperaturas estão dentro da média, ou seja, está frio. Já no Brasil, por estarmos no inverno, as temperaturas deveriam estar abaixo dos 15º C — mas estão, na realidade, em torno de 20º C”, diz.

“Se há uma temperatura mais quente e outra muito fria, na hora em que ocorrer essa troca de energia, ela vai se dar de forma muito mais intensa. Em outras palavras, a Antártica vai trazer uma massa de ar frio muito mais gelada para tentar compensar o aumento de temperatura que houve aqui”, completa.

Aumento do nível do mar
Outra mudança destacada por Roseghini como consequência do aquecimento global é o aumento do nível do mar, que já vem sendo observado no mundo todo, inclusive no Brasil. O fenômeno ocorre sobretudo devido ao derretimento das calotas polares e geleiras que se encontram sob áreas continentais, como a Antártica e a Groelândia.

Apesar de algumas regiões do planeta estarem registrando um recuo do mar sobre as regiões costeiras — fenômeno que às características de formação rochosa de cada lugar —, a tendência é que o mar avance na maior parte do mundo. No Brasil, isso já vem sendo notado, com bastante ênfase, na cidade litorânea de Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

“A prefeitura de Balneário Camboriú está fazendo uma grande obra de drenagem e revitalização da orla porque já houve muitos avanços do mar naquela região e a praia está se perdendo. Para se ter uma ideia, há lugares da faixa do litoral de Santa Catarina em que o mar já está alcançando o calçadão”, afirma.

“Precisamos pensar nas consequências de nossas ações porque elas estão, de fato, tendo um impacto muito negativo sobre o planeta. O Brasil tem uma dependência muito grande de combustíveis fósseis para a movimentação da nossa frota e vem registrando os maiores índices de desmatamento em muitos anos”, completa.

Fonte: R7

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