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Artigo de opinião

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É com perplexidade que assistimos, de uma forma sem precedentes, à tentativa estrangulamento de um dos pilares que sustenta a razão de ser de toda sociedade, principalmente a moderna, que é a tolerância. Não custa lembrarmos que o agrupamento social de seres nada mais é que um caldeirão fervente de ideias e interesses, sempre em ebulição, mas refrigerado pelo bom senso de aceitar o contrário, o adverso, mesmo discordando dele.

Caberia aqui, talvez, a intervenção não só frasal, mas psicológica de Nelson Rodrigues ao afirmar que toda a unanimidade é burra, o que significa nossa necessidade indiscutível, de nos aquecermos no calor do sol e também de nos encantarmos, ao frio da noite, com o brilho da lua. Somos, realmente, toda essa antagônica complexidade humana, como bem descreveu Leoni, em sua música, ao cantar: “noite e dia nos completam no nosso amor e ódio eternos”. Somos parciais, por demais, mas vivemos de fases, de momentos, de expectativas, mas também de convicções e de vitórias. É necessário entendermos que discordância e tolerância são irmãs que se odeiam, todavia, inseparavelmente, se completam, formando a razão de ser do coletivo, que ganha força na unidade que sobrevive na diversidade, embora pareça paradoxal.

Então nos libertemos das amarras da mesquinhez e vivamos a sociedade do respeito, não do coletivo unânime, mas do agrupamento social pensante, contestador e, acima de tudo, respeitador dos direitos e garantias fundamentais de cada membro desta nossa bela, complicada e promissora coletividade. E viva o nós!

*Por Adeilmo Braga Silva – Formado em Letras pela Uece e em Direito pela Urca

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