XIX Festival de Violeiros atrai apreciadores do gênero de raiz

Versos de improvisos sobre temáticas variadas, nas mãos e nas vozes dos melhores repentistas, tudo ao som da viola sertaneja. O momento contou com apreciadores do gênero de raiz e foi ecoado durante essa semana direto da unidade do Sesc, na 19ª edição do Festival de Violeiros. O evento é tradicional e tem por objetivo fortalecer as manifestações tradicionais da região, proporcionando também o intercâmbio cultural entre violeiros, repentistas, aboiadores, sanfoneiros e cordelistas.

As atividades aconteceram no dia 21/10 e entre os dias 23 a 26/10, em espaço externos e na Unidade Iguatu do Sesc. A programação gratuita, com classificação livre, as apresentações reuniram admiradores das rimas e cantorias de viola.

Entre as atrações, estiveram nomes como Jota, Jotinha e Jotão, Zé Viola, Rogério Menezes, Jonas Bezerra e Rubens do Valle. Através das letras, os artistas conseguiram transmitir alegria, humor, ironia e crítica com base na criatividade de um talento nato de cada artista popular. “Sempre é muito bom esse encontro do repentista da viola com o repentista do pandeiro. É o mesmo repente só muda os instrumentos, e o ritmo que aceleramos com o pandeiro”, afirmou Jotinha ao explicar a diferença entre a embolada com os violeiros.

O humor é característica maior dos emboladores. Mas, segundo a atração de abertura, os artistas do gênero estão cada vez mais escassos devido à falta de incentivo cultural. “Nós chegamos a ser em 31 cantadores no estado do Ceará, hoje não tem mais que seis pessoas. Muitos ficam pelo caminho por falta de palco e eventos dessa natureza. Mas vamos resistindo enquanto der. Realizaremos em Russas um encontro com 15 emboladores do Nordeste, e assim vamos difundindo a cultura”, disse Jotinha.

Com o propósito de ampliar ainda mais a contemplação da cultura violeira, o Sesc propôs um paralelo de atividades na Faculdade de Educação, Ciências e Letras (FECLI/UECE), na Escola Profissionalizante Rita Matos Luna (no município de Jucás) e Liceu de Iguatu. Na programação externa, o público participou de mesas redondas com o tema “Pela Permanência da Cultura Popular na Região Centro-Sul” e apresentação das duplas de repentistas, sanfoneiros e aboiador após as mesas. “Vamos mesclando e dando gás ao festival com objetivo de dar consistência e oportunidades. Sendo um momento de intercambio com artistas de todas as regiões. Temos essa consistência é foco maior da entidade para fazer cultura de tradição”, afirmou Raimundo Neto diretor do SESC/Iguatu.

Para o encerramento do festival as atrações foram Rafael Belo Xote e Os Nonatos, dupla de repentistas populares brasileiros, conhecidas nacionalmente e com canções de autoria própria regravada por outros artistas.