Ceará

Vacina contra Covid-19 da Uece finaliza testes em animais e aguarda aprovação para testes em humanos

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Uma vez iniciada a busca de um imunizante contra a Covid-19 no mundo, o Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da Universidade Estadual do Ceará (Uece) tem sido palco de desenvolvimento de uma vacina desde abril de 2020. A pesquisa finalizou a etapa pré-clínica com testes em camundongos e agora aguarda a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar testes em humanos.

O projeto do imunizante contra Covid-19 tem sido desenvolvido pelo pesquisador, inventor e doutorando em biotecnologia na Uece, Ney de Carvalho Almeida, com a colaboração de outros 10 pesquisadores. Ele deve ser um imunizante aplicado por via intranasal, ou seja, gotinhas no nariz, e teria que contar com uma segunda dose cerca de 15 dias depois.

“No caso da vacina que a gente está desenvolvendo, pegamos um coronavírus aviário, que acomete a bronquite infecciosa aviária. A vacina contra essa doença é feita desse vírus vivo enfraquecido, que a gente chama de atenuado. Então, pegamos esse vírus que é ‘primo’, tem semelhança com o SARS-Cov-2 e utilizamos ele como um imunizante”, detalha.

Com isso, a proposta espera utilizar um vírus que não provoca a doença em humanos para neutralizar o novo coronavírus e, a depender dos resultados, suas possíveis cepas. Nos testes iniciais realizados em camundongos, já chegou a ser comprovada a produção de anticorpos que neutralizaram a entrada do SARS-Cov-2.

Apesar de não possuir nenhum apoio financeiro, o projeto conta com parcerias realizadas com a Universidade Federal do Ceará (UFC) e com o Laboratório LABLUZ, do Instituto da Primeira Infância (IPREDE). Após aprovação da Anvisa, a Uece buscará apoio financeiro junto aos órgãos vinculados ao Governo.

CONFIRA FASES DA PESQUISA
A primeira fase, considerada pré-clínica, conta com a realização de testes em animais. No caso do Ceará, o pesquisador Ney de Carvalho optou por utilizar o camundongo. “Devido à urgência da pandemia, as pesquisas estão com a exigência de somente um animal. Se fosse uma situação típica, teria que passar de camundongo para macaco, por exemplo”, detalha o pesquisador.

Uma vez os resultados obtidos neste primeiro momento sejam aceitos pela Anvisa, a pesquisa recebe a aprovação para avançar até a fase clínica. Esta, por sua vez, se divide em três ou mesmo quatro etapas:

1ª ETAPA DA FASE CLÍNICA
São realizados testes em uma quantidade reduzida de pessoas que vão ser analisadas, a fim de checar a dosagem, a ocorrência de algum efeito. Usualmente, são selecionadas 100 pessoas do município entre 18 a 60 anos que não apresentam comorbidades.

2ª ETAPA DA FASE CLÍNICA
A vacina é testada em cerca de 100 a 150 pessoas, incluindo grupos com comorbidades e idosos. “Ver dosagem, ver os sintomas que vão apresentar. Se não for satisfatório, morre aí”, aponta o pesquisador.

3ª ETAPA DA FASE CLÍNICA
A vacina é aplicada entre 1.000 até 10 mil pessoas, incluindo moradores de outros estados brasileiros, para ampliar a testagem.

4ª ETAPA DA FASE CLÍNICA
Neste momento, é verificado se a vacina causa malformação fetal. No entanto, por conta da urgência da Covid-19, o pesquisador explica que a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem liberado os imunizantes a partir do bom resultado da 3ª etapa.

Segundo Ney de Carvalho, para avançar uma nova fase ou etapa, é necessário passar pela avaliação e supervisão da Anvisa. Por conta da ampliação e complexidade dos estudos a cada novo momento, os relatórios ficam mais extensos, impactando no aumento do tempo para a avaliação e aprovação do órgão de vigilância sanitária.

Fonte: Diário do Nordeste

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