Iguatu

Técnico resiste no conserto de calculadoras manuais e máquinas de datilografia

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Reginaldo Luiz Barros da Silva, 68 anos, diz que nasceu com o dom para a matemática da restauração. Não é surpresa chegar à sua loja no cruzamento das ruas Coronel Gustavo Correia com Virgílio Correia, no Centro de Iguatu, e se deparar com ele debruçado sobre uma Olivetti de datilografia ou de calcular, elétrica ou manual. É seu melhor passatempo. Conhece como perito toda engrenagem de peças e até se diverte montando e desmontando esses equipamentos.

Indagado se a máquina de datilografia não já teria se tornado obsoleta, discorda. “A máquina de datilografia continua tendo sua importância”, reafirma. Não muito raro, quem passa pelo endereço dele é notório sempre ver alguém chegando ou saindo com equipamento consertado, máquina de datilografia, balança digital ou calculadora.

Ofício

De acordo com o técnico, empresas, agências bancárias, escritórios de contabilidade e outros órgãos ainda utilizam a máquina de datilografia. “Engano de quem achar que a máquina não tem mais função. Ela é um instrumento utilizado por muitas pessoas, órgãos e empresas’, afirmou. Reginaldo considera a máquina de datilografia a própria resistência, pois ela não se torna ‘inútil’ para a sociedade, apesar dos avanços da tecnologia e da chegada do computador.

Para aprender a arte de consertar máquinas de datilografia, mimeógrafos, calculadoras, Reginaldo participou de muitos cursos preparatórios. Fez da prática sua vida profissional em Iguatu ao longo dos últimos 30 anos. Na década de 90, lembrou ele, era uma ‘febre’ o mimeógrafo, equipamento útil e indispensável na elaboração das provas dos estudantes das escolas. Reginaldo recorda quando viajava para as cidades da região, a convite, para consertar mimeógrafos em escolas da rede pública. Eram tempos de muitas demandas, muito serviço, e dava para ganhar um bom dinheiro.

Evolução

Os negócios na loja Regimaq evoluíram da máquina de datilografia para a balança digital, hoje a especialidade da casa, mas que não impede de sempre o técnico receber uma máquina de datilografia para consertar. “Pego sempre o serviço. Me diverte. Levo pra casa, desmonto tudo, depois monto novamente. Quando o dono vem receber, fica maravilhado de ver a máquina prontinha, consertada, lubrificada e funcionando”, disse.

Origens

Reginaldo Luiz Barros da Silva chegou a Iguatu ainda criança. Veio com os pais do estado de Pernambuco, cidade de São José do Egito. Uma família de cinco filhos. Não lembra o ano com precisão. A única lembrança é que na época o prefeito de Iguatu era Dr. Gouvêa. Quando chegou aqui, segundo ele, era tudo muito diferente. “A cidade era tranquila, sem violência, não havia drogas, eram raros os registros de crimes, a vida era bem mais tranquila”, afirma.

Estudou até a 3ª série do ensino fundamental no antigo Grupo Escolar Dr. Manoel Carlos de Gouvêa. “Valia a pena, a gente aprendia Português, Matemática, Ciências, História, o aluno respeitava o professor e a educação era o pilar da sociedade. Quem não aprendesse a lição, entrava na palmatória”, contou.

Da infância de recursos ‘opacos’, Reginaldo guarda as boas lembranças dos primeiros passos no trabalho, quando vendia Bombril na feira para o ‘Lojão Moacir Bandeira’ e vendia picolé para ganhar o dinheiro do ingresso para as matinês do Cine Alvorada. “Tempos felizes”, assegura ele.

Patrimônio

Reginaldo é feliz e realizado com o que conquistou no segmento de manutenção de máquinas de datilografar, calculadoras e balanças. Assim conseguiu criar e educar seus cinco filhos: Regildo, Daniele, Suele, Michele e Suelingtom, do casamento de 42 anos com a caririense Maria Carvalho. Dos cinco herdeiros, apenas o neto, Eduardo Fagner, segue os passos dele na profissão.

O segredo para uma vida longa a dois, Reginaldo deixa escapar numa frase: “Sempre trabalhei para eles. Tenho muito orgulho disso e trabalhando nesse ramo me dediquei a eles. Amo minha família, meus filhos, que são meu patrimônio”, encerrou.

Fonte: Jornal A Praça

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