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Sobrevoo de Juno revela imagens esplêndidas de Júpiter e sons da lua Ganimedes

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O maior planeta do nosso sistema solar se parece cada vez mais com uma obra de arte. Está cheio de surpresas – assim como as suas luas.

A missão Juno, da Nasa, que começou a orbitar Júpiter em julho de 2016, recentemente fez seu 38º sobrevoo no gigante gasoso. A missão foi estendida no início deste ano, acrescentando em junho um sobrevoo pela lua de Júpiter, Ganimedes.

Os dados e imagens desses voos estão reescrevendo tudo o que sabemos sobre Júpiter, disse Scott Bolton, principal pesquisador da missão Juno, no Southwest Research Institute em San Antonio, durante uma reunião na American Geophysical Union Fall Meeting, que aconteceu na sexta-feira, em Nova Orleans.

Bolton revelou 50 segundos de som criado quando Juno sobrevoou por Ganimedes durante o verão. O clipe de áudio da lua foi criado por ondas de rádio elétricas e magnéticas produzidas pelo campo magnético do planeta e captadas pelo instrumento Waves da espaçonave, projetado para detectar essas ondas. Os sons são como uma trilha sonora da era espacial.

“Essa trilha sonora é selvagem o suficiente para fazer você se sentir como se estivesse cavalgando ao lado de Juno, enquanto ela (a sonda) passa por Ganimedes pela primeira vez em mais de duas décadas”, disse Bolton. “Se você ouvir com atenção, poderá ouvir a mudança abrupta para frequências mais altas perto do meio da gravação, o que representa a entrada em uma região diferente da magnetosfera de Ganimedes”.

A equipe Juno continua analisando os dados do sobrevoo em Ganimedes. Na época, Juno estava a cerca de 1.038 quilômetros (645 milhas) da superfície da lua e girando a 67 mil quilômetros por hora (41.600 milhas por hora).

“É possível que a mudança na frequência logo após a abordagem mais próxima seja devido à passagem do lado noturno para o lado diurno de Ganimedes”, disse em um comunicado o copesquidador principal do instrumento Waves, William Kurth, que trabalha na Universidade de Iowa, em Iowa City.

A equipe também compartilhou novas imagens esplêndidas que se assemelham à visões artísticas da atmosfera turbulenta de Júpiter.

“Você pode ver como Júpiter é incrivelmente belo”, disse Bolton. “É realmente uma paleta de um artista. É quase como uma pintura de Van Gogh. Você vê esses vórtices incríveis e nuvens rodopiantes de cores diferentes”.

Essas imagens visualmente impressionantes ajudam os cientistas a entender melhor Júpiter e seus muitos mistérios. Imagens de ciclones nos pólos de Júpiter intrigam Lia Siegelman, uma cientista que trabalha com a equipe da missão Juno e que normalmente estuda os oceanos da Terra. Ela viu semelhanças entre a dinâmica atmosférica de Júpiter e os vórtices nos oceanos da Terra.

“Quando eu vi a riqueza da turbulência ao redor dos ciclones Jovian, com todos os filamentos e redemoinhos menores, isso me lembrou da turbulência que você vê no oceano em torno dos redemoinhos”, escreveu Siegelman, oceanógrafa física e pós-doutorada pela Scripps Institution of Oceanography, na Universidade da Califórnia, em San Diego.

“Isso é especialmente evidente em imagens de satélite de alta resolução de vórtices nos oceanos da Terra, que são reveladas por florescências de plâncton que agem como rastreadores do fluxo”.

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Mapeando o campo magnético de Júpiter

Dados da Juno também estão ajudando cientistas a mapear o campo magnético de Júpiter, incluindo a Grande Mancha Azul. Esta região é uma anomalia magnética localizada no equador de Júpiter – não deve ser confundida com a Grande Mancha Vermelha, uma tempestade atmosférica que persiste por séculos ao sul do equador.

Desde a chegada de Juno a Júpiter, a equipe testemunhou uma mudança no campo magnético do planeta. A Grande Mancha Azul está se movendo para o leste cerca de 5,1 centímetros por segundo e completará uma volta ao redor do planeta em 350 anos.

Enquanto isso, a Grande Mancha Vermelha está se movendo para o oeste e fará a volta completa muito mais rápido, em cerca de 4,5 anos.

Mas a Grande Mancha Azul está sendo destruída pelos jatos de Júpiter, que lhe dão uma aparência listrada. Esse padrão visual diz ao cientistas que esses ventos se estendem muito mais fundo no interior gasoso do planeta.

O mapa do campo magnético de Júpiter, gerado por dados da Juno, também revelou que a ação do dínamo do planeta, que cria o campo magnético do interior de Júpiter, se origina do hidrogênio metálico abaixo de uma camada de “chuva de hélio”.

Juno também foi capaz de checar o aro de poeira muito tênue ao redor de Júpiter, de dentro do anel. Esta poeira é na verdade criada por duas das pequenas luas do planeta, chamadas Metis e Adrastea. As observações permitiram aos pesquisadores ver parte da constelação de Perseus de uma perspectiva planetária diferente.

“É impressionante podermos contemplar essas constelações familiares de uma espaçonave a meio bilhão de milhas de distância”, escreveu Heidi Becker, copesquisadora principal do instrumento da Unidade de Referência Estelar de Juno, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena, na Califórnia.

“Mas tudo parece muito igual a quando os apreciamos do nosso quintal aqui na Terra. É um lembrete inspirador de como somos pequenos e de quanto ainda há para explorar”.

No outono de 2022, Júpiter voará pela lua do planeta, a Europa, que será visitada por sua própria missão, a Europa Clipper, com lançamento previsto para 2024. Europa intriga os cientistas, porque um oceano global está localizado abaixo de sua casca de gelo. Ocasionalmente, plumas são ejetadas para o espaço a partir de buracos no gelo. Europa Clipper poderá investigar esse oceano “degustando” e voando através das plumas – e descobrir se a vida é possível neste mundo oceânico.

Fonte: CNN Brasil

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