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Profissionais da saúde: a batalha de quem está na linha de frente contra o coronavírus

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Quando fizeram a opção de atuarem na área da saúde, eles tinham noção de que, em alguns momentos, vírus ou bactérias ameaçam grandes contingentes humanos. E, nessas horas, de medo generalizado, a profissão escolhida não dá margem a recusas. É preciso ir ao trabalho, mesmo em uma pandemia. Mais do que isso: é necessário seguir na ativa, justamente porque a situação é essa.

No combate ao coronavírus, médicos, enfermeiras, assistentes e pesquisadores, dentre outros, deixam de lado os rótulos de heroísmo. São humanos. E se encobrem dessa condição também para a enxergarem nos que carecem de auxílio nesse difícil cotidiano, em que o número de pessoas contaminadas cresce no Brasil e no mundo. Com trabalho de relevância inestimável, os profissionais da saúde se desdobram na urgente e exaustiva linha de frente.

Três profissionais da saúde: médico, enfermeira e pesquisador aceitaram relatar ao Diário do Nordeste um pouco do cotidiano em tempos extremos. A ordem geral é: fique em casa! Exceto para eles. Não há como dispensar ou serem dispensados do trabalho quando “se é da saúde”. Pelo contrário. Bem sabem: devido ao percurso feito, é no período de crise, de alta transmissão, de dilemas, que crescem as demandas pela assistência prestada. São eles que, em hospitais públicos e privados, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e laboratórios colocam corpo, mente, conhecimento, inteligência, cuidados à disposição de um numeroso público enfermo.

Histórias

Há sete anos, o médico infectologista Bruno Medeiros atua no Hospital São José, no bairro Parquelândia, em Fortaleza. Ele é vinculado a uma cooperativa e sabe que a rotina de uma unidade de referência em doenças infectocontagiosas tem suas dificuldades e exaustões. Mas, agora, relata que “o momento é diferente e a demanda é muito alta”. Sem mencionar números, Bruno tem trabalhado tanto na triagem como nas consultas de pacientes com suspeita de coronavírus e afirma: “tem chegado muito gente ao hospital”.

Para realizar o trabalho, Bruno segue paramentado. Reforço material para enfrentar o coronavírus, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde e adotado pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) no Ceará. Se cobre e recobre de suportes, os chamados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

Avental impermeável, máscara de face, gorro, luvas e botas. Alguns objetos são necessários “quando há risco de aerossolização” que, segundo o médico, são casos em que é preciso entubar o paciente, aspirar secreções oral ou nasal e fazer exames físicos, nos quais haja risco de a pessoa tossir e expelir algum líquido em quem o atende.

Na unidade, Bruno trabalha em regime de plantão. São 18 horas semanais. Ele explica como tem sido feita a abordagem. “Inicialmente, o paciente é atendido na triagem, e o pessoal identifica se faz perfil de caso suspeito, que são aqueles que o Ministério da Saúde e a Secretaria da Saúde, periodicamente, estão colocando para a gente. Fazendo esse caso suspeito, o que acontece? O paciente é avaliado por um médico que irá dizer se há a necessidade de realização de alguns exames, dependendo disso vai ser coletado ou não o swab”.

Além disto, o profissional avalia se precisa de exame complementar ou raio X, e também vai definir se o paciente pode ser liberado para casa por 14 dias, como é a orientação, ou se ele precisa de internamento. Dependendo do caso, encaminha para leitos disponíveis de isolamento. No dia a dia, Bruno divide o plantão entre a triagem de pacientes e a segunda etapa, de consultas.

Ao escolher a área da infectologia, o profissional conta que já sabia “dos possíveis riscos”, mas garante que nunca havia atuado em uma situação com “esse nível de complexidade e provável gravidade”. “Nós já enfrentamos algumas dificuldades, como as epidemias de dengue que sobrecarregam o hospital. Somos referência para as doenças infectocontagiosas. A própria rotina do hospital, em termos do HIV e de outras doenças, como o calazar, tem que se manter. A gente não pode parar o hospital para atender uma doença específica. Como agora, eu não vi. É a primeira vez. Mas já tivemos outros casos em que o hospital estava lotado, sobrecarregado”.

Unidade

Na Região Metropolitana de Fortaleza, no município do Eusébio, a enfermeira Jordana Muniz da Silva, que já foi técnica e também auxiliar de enfermagem, lida com um desafio específico: receber suspeitos de coronavírus que são mulheres grávidas e pacientes com doenças crônicas advindos da UPA da cidade. Ela, há dois anos, trabalha no Hospital Municipal Dr. Amadeu Sá e conta que esse momento, embora guarde algumas semelhanças com o combate à influenza H1N1, tem sido mais intenso.

Ao todo, na unidade, ela cumpre 11 plantões de 12h durante o mês. Em alguns casos, chega a trabalhar uma jornada de 24h. No rol dos atendimentos, Jordana explica especificamente a função que exerce. “Na verdade, nós (enfermeiros) somos o primeiro contato do paciente que chega à unidade. Temos enfermeiros no acolhimento, na classificação de risco. Então, somos nós quem identificamos o caso suspeito. Enfrentamos a primeira entrada do paciente. Fazemos os diagnósticos iniciais, considerando os sinais e sintomas falados pelo paciente e também aquele que a gente pode ver. Fazemos toda a triagem para depois encaminharmos esse paciente para o médico”, relata.

Nas últimas semanas, ela ressalta que o número de visitas no hospital foi reduzido e a proteção dos profissionais reforçada com os chamados EPIs. Muitos dos casos suspeitos de coronavírus que chegam ao hospital municipal, conta Jordana, são encaminhados à UPA do Jangurussu, em Fortaleza. A proximidade geográfica das unidades é um dos critérios para esse envio. Se o cotidiano traz medo? Ela ressalta que sim. Mas enfatiza: “A gente tem medo. Todos nós temos. Mas a gente tenta sempre colocar a esperança acima do medo. Ao invés de dar lugar ao medo, a gente dá lugar à esperança e à fé”.

Dedicação

Distante fisicamente das emergências e dos pronto-atendimentos, o médico veterinário, PhD em Virologia, e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Pernambuco, Lindomar Pena segue com a rotina acelerada para encontrar soluções que possam ajudar a combater a transmissão do novo vírus. Oficialmente, são 40 horas semanais de trabalho, sendo 80% do tempo dedicado à pesquisa. Mas, em período de pandemia, ele conta que só interrompe o trabalho “para comer e dormir”. Lindomar tem expertise em zika vírus e usa o conhecimento acumulado para tentar descobrir e produzir tecnologias que possam ajudar, sobretudo, em métodos de diagnóstico do coronavírus.

Atualmente, ele trabalha ininterruptamente em duas linhas: uma que possa baratear os custos do diagnóstico da Covid-19 e outra que possa acelerar o tempo dos resultados dos exames. “O diagnóstico do coronavírus é feito utilizando a técnica de PCR em tempo real. Ela detecta o genoma viral. É eficaz, mas tem algumas limitações. Tem um custo relativamente elevado, chegando a ser, por reação, no Brasil R$ 50. Ela requer um equipamento especializado, caro e que está restrito a alguns centro de pesquisa”.

A pesquisa de Lindomar busca fazer com o diagnóstico do coronavírus algo semelhante ao do zika vírus, quando a tecnologia desenvolvida possibilitou baixar o custo do teste de R$ 43,00 para R$ 1,00. A outra iniciativa é reduzir o tempo de espera pelo resultado do exame sobre coronavírus, que hoje chega a ser de até três dias. Mas, para além dos dilemas quanto à gravidade da situação, fator que implica cobranças maiores por celeridade na pesquisa, Lindomar ressalta que sofre com outro gargalo: financiamento. A primeira ação conta com recurso estrangeiro, da Universidade de Toronto, no Canadá. Já a iniciativa de desenvolvimento do teste rápido ainda não tem financiamento.

Sem sucumbir, os três profissionais enfrentam a dura realidade do cenário caótico desta epidemia. Refletem tantos outros universos de trabalhadores esgotados pelas demandas do momento. De modo geral, os três optaram por falar mais sobre trabalho, do que sobre os receios pessoais.

Demonstrações racionais de entregas e crenças no que fazem. Ainda assim, de formas distintas, assinalam que passada a intensa jornada, retornam para casa, encontram a família, se permitem olharem-se rodeados inclusive de pessoas em grupo de risco. Insistem na lavagem das mãos. Reiteram as orientações das autoridades da área de saúde e, sobretudo, pedem: fiquem em casa.

Fonte: Diário do Nordeste

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