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Pesquisa mostra relatos de violência contra crianças

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“Quando eu apanho, tenho vontade de sumir. Se eu tivesse um quarto, eu me trancava e passava o resto da vida”. Impressa no jornal, a declaração é incômoda. Dita por um menino de 12 anos, a sensação é de pura angústia. O autor da frase, morador de Fortaleza, é uma das 781 crianças entrevistadas no Brasil para a elaboração da pesquisa sobre violência infantil, divulgada ontem (9), pela organização de desenvolvimento social ChildFund Brasil.

No recorte brasileiro da pesquisa global – intitulada Small Voices Big Dreams 2019 (“Pequenas Vozes, Grandes Sonhos”, em inglês), – foram ouvidas crianças de 10 a 12 anos de idade, no Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Amazonas, Piauí, Bahia e Goiás. A pesquisa aborda, entre outros focos, quais atos são considerados violentos, avalia a sensação de segurança e os locais onde as crianças se sentem desprotegidas.

Em relação aos pais, 78% dos entrevistados no Brasil afirmam que eles os protegem sempre ou quase sempre. Durante algumas entrevistas conduzidas em Fortaleza e Cariri, porém, foram colhidos relatos de agressão dos pais contra seus filhos, tendo a correção educativa como argumento.

“Eu não gosto muito de falar nisso não, mas minha mãe é muito assim, ela me agride muito, bate muito mesmo, por qualquer coisinha. Eu tenho várias cicatrizes no corpo”. A denúncia é de um fortalezense de 12 anos.

Uma jovem moradora do Crato, cuja idade não foi especificada, partilha a agressão sob outra perspectiva. “Mesmo sabendo que pode ser denunciado, dentro de casa mesmo existe isso, muitas mães forçam a criança a fazer esse trabalho. Força você a pegar a vassoura e varrer a casa toda. Até algumas fazem você lamber o chão”, diz.

‘Educar pela violência’

A coordenadora do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) no Ceará, Mara Carneiro, observa que há uma cultura muito forte na sociedade de educar pela violência, e, nesses casos, o pai e a mãe, geralmente, são os agressores. “Não dá para dizer que é uma questão só do Ceará. Mas, o fato é que a casa nem sempre é visto como um lugar seguro”, diz.

“Se a gente cruzar os dados dessa pesquisa com outros dados de conhecimento público, como os índices de violência doméstica, vamos ver que é em casa que acontece grande parte das denúncias”, alerta.

Para a coordenadora, é preciso investir em políticas de atendimento, envolvendo as redes de saúde e de educação, de forma que as crianças passem a ser ouvidas com maior frequência. Além disso, seria necessário reafirmar o direito à participação, que ela cita como um dos princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“É um momento muito difícil não só de medir as agressões cometidas por pais, mas de fazer esse debate. Vivemos em um contexto onde a violência tem sido muito legitimada. E devemos lembrar que os números aos quais temos acesso são inferiores à realidade, porque existe uma subnotificação”, ressalta.

No Ceará e em Minas Gerais, especificamente, as entrevistas foram conduzidas a partir de novembro de 2018, pelo método de grupos focais. As crianças ficaram divididas em rodas de conversa, e responderam às perguntas livremente. Os dois Estados reuniram 59 participantes, sendo 39 meninas e 20 meninos. Destes, 31 são cearenses. Nas demais unidades da federação, 722 crianças foram submetidas a um formulário online, e as respostas foram colhidas entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019. Todos os jovens tiveram suas identidades preservadas.

Ameaças

Quando questionados sobre os tipos de violência que uma criança pode sofrer, os participantes entram em consenso: 96% dos entrevistados citaram o ato de obrigar a criança a ter relações sexuais com outra pessoa.

Obrigar crianças a participarem do crime organizado, menosprezá-las por serem diferentes da maioria e assediar meninas com “grosserias ou comentários sexuais” foram situações também destacadas pela maioria.

O levantamento enfatiza que, na pesquisa qualitativa com o grupo focal de Fortaleza, notaram-se relatos frequentes de casos de morte por drogas, ameaças e considerável violência praticada pelos criminosos.

“Lá na minha rua, fica um pessoal que é meio envolvido com drogas e essas coisas, que ficam sempre lá. Aí, às vezes, eu fico constrangida, não gosto de passar perto porque eu tenho medo. Aí eu não passo, às vezes deixo de ir em um canto porque fica todo mundo sentado lá. Eu fico com medo”, relata uma menina de 11 anos, moradora da capital cearense.

Um dos gráficos exibidos na pesquisa detalha quais são os espaço considerados inseguros na perspectiva das crianças. Para 57,1% dos entrevistados, as ruas da comunidade, vila ou cidade onde moram “nunca” ou “quase nunca” são seguras. A Internet e as redes sociais também aparecem em destaque, com 56,8% das avaliações negativas.

Outra residente de Fortaleza, de 11 anos, afirma que “quase nem sai de casa”. “Na minha rua a gente fica até sete horas da noite. Depois disso não pode mais ficar na rua, porque se não eles ‘metem bala’, não importa se você é criança ou adulto”, diz.

O principal objetivo do levantamento, segundo a porta-voz da Small Voices Big Dreams 2019, Águeda Barreto, é dar voz às crianças sobre as questões que as afetam diretamente, com reflexos no desenvolvimento, e fomentar ações de projetos sociais.

“Esse tipo de pesquisa subsidia ainda mais as nossas atividades. Nos ajuda a entender o contexto em que as crianças estão inseridas, e então construímos metodologias próprias para aquele local”, diz.

Fonte: Diário do Nordeste

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