Iguatu

Observador registra 221 espécies de aves migratórias em Iguatu

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Com uma câmera em mãos e a missão de garantir um registro inédito de uma espécie pouco ou jamais vista no território. É essa missão encarada como hobby por Alan Marcel Braga, mas que já rendeu ao município de Iguatu o status de um dos maiores do Ceará em apontamento de variedade de aves e descobertas, já que a cidade é rota e destino migratório de espécies raras.

A atividade desenvolvida há quase um ano nasceu após uma viagem de Alan ao sudeste do país e conhecer a ave jacus, ave natural da região, responsável por selecionar um dos cafés mais caros do mundo. “Conheci a história que o jacu, ao atacar os cafezais, não apenas come os grãos como seleciona os melhores, ou seja, os mais saudáveis e maduros para ingerir. Do seu processo digestório é que vem o segredo e o diferencial do produto. Ao ingerir o café, o organismo do pássaro, que não tem estômago, aproveita apenas a polpa e a casca do grão, eliminando-o intacto. Além disso, a digestão do animal deixa o café com um sabor único. E isso me fez atentar a saber quais são as aves que existem em Iguatu. Comprei uma câmera, passei a estudar fotografia, aves e caí em campo”, contou Alan.

O trabalho de Alan fez perceber que a cidade com suas lagoas tem se tornado espaço de aves migratórias em busca de alimentação e reprodução. O tapicuru, oriundo do Sul e do Pantanal, é uma dessas aves que migra a cada ano para Iguatu em busca de alimentação e reprodução, ave essa jamais vista no Ceará.

O pássaro passou a atrair curiosos e observadores em áreas de lagoas, no entorno da cidade. Nesse período de chuva, o revoar e cantar das aves (tetéu, gavião, garça) ficam mais intensos pela manhã e no fim de tarde. “Iguatu tem uma formação de várias lagoas que fazem essas aves se sentirem confortáveis”, explicou.

Engana-se quem pensa que Alan tem relações com meio ambiente há muito tempo. Estudante de Economia e servidor público estadual da Secretaria de Ciência e Tecnologia, o agora observador de aves tornou-se um apaixonado pelo seguimento. “Cada dia que passa, leio ornitologia e me especializo cada vez mais pela fotografia”, contou.

O tapicuru é uma ave íbis, que tem bico grande e torto, apresenta plumagem preta e amarelada, e faz grandes voos. Tem em média 50 cm. O período de chuva favorece a migração das aves que são atraídas por águas novas, dentre elas, o pesquisador já fotografou nas lagoas de Iguatu, a biguatinga (oriunda do Pantanal/Sul), a garça moura (Sul), tuiuiú (Pantanal) e as aves limícolas (habitam áreas de lodo, lama) que vêm do litoral para o continente.

Ciência cidadã

O pesquisador tem em sua estatística particular a observação de 221 espécies, em Iguatu já relacionou 186, colocando o município em 13º no ranking no Ceará através do portal ‘wikiaves’, site de conteúdo interativo, direcionado à comunidade brasileira de observadores de aves, com o objetivo de apoiar, divulgar e promover a atividade de observação e a ciência cidadã. “Tudo é registrado e catalogado”, explicou o observador de aves.

Esses números fizeram Iguatu superar cidades como Crato, Pacatuba, Meruoca, Maranguape e outras que têm resquícios de Mata Atlântica, serras e ambientes que aparentemente são muito mais favoráveis que o município do Centro-Sul. Alan já tem uma meta futura. “Colocar Iguatu mais acima nesse ranking, com espécie que ouço falar que aqui possui e quem sabe fazer uma viagem pelo Nordeste fazendo essa experiência”, adiantou.

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