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Nova pesquisa reforça a hipótese de Covid-19 ter surgido em animais

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O primeiro paciente com Covid-19, em Wuhan, na China, foi contaminado no mercado de frutos do mar Huanan – indicando que o vírus passou de animais para humanos. É o que sugere um artigo, publicado nesta quinta-feira (18) na revista Science.

O texto, assinado por Michael Worobey, um cientista da Universidade do Arizona, conhecido por estudar as origens de vírus, não encerra os debates em torno da origem do coronavírus (entenda-os aqui), mas enfraquece a hipótese de que ele tenha saído de laboratório.

O artigo foi revisado por diversos pares antes de ser aceito na Science.

Worobey fez uma série de análises geográficas e históricas e concluiu que a primeira vítima da Covid-19 foi uma vendedora de frutos do mar no mercado Huanan, que manifestou os sintomas em 11 de dezembro.

O mercado fica a muitos quilômetros de distância do instituto de virologia de Wuhan – onde alguns acreditam que o coronavírus teria vazado.

A conclusão de Worobey, sobre o primeiro contaminado, vai na contramão de um relatório anterior, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da China, que afirmava que a primeira vítima era um contador de 41 anos sem ligações com o mercado e que teria adoecido em 8 de dezembro.

A investigação inédita revela, no entanto, que o contador só manifestou sintomas de Covid-19 no dia 16 de dezembro – e foi hospitalizado seis dias depois. Os sintomas que ele havia manifestado no dia 8 de dezembro eram relacionados a problemas odontológicos.

Peter Daszak, um dos cientistas que foi com a OMS investigar a origem da pandemia em Wuhan, e que apontava o contador como a primeira vítima da Covid-19 em 8 de dezembro, disse ao The New York Times, que está convencido pela investigação de Worobey. “A data de 8 de dezembro foi um erro”, confessou.

O artigo reforça, portanto, a ideia de que o vírus teve origem zoonótica e teria começado no mercado de frutos do mar Huanan.

“Em uma cidade com 11 milhões de pessoas [Wuhan], metade dos casos estão relacionados a um lugar com o tamanho de um campo de futebol. É muito difícil explicar esse padrão se o surto não tiver começado no mercado”, disse o cientista ao The New York Times.

Questão segue em aberto

Apesar do estudo de Worobey reforçar a hipótese de o vírus ter surgido em animais, não em laboratório, ele não encerra a questão.

O próprio cientista diz que seu artigo não tem provas definitivas sobre como a pandemia começou – e é apresentado como uma “perspectiva”, categoria que a revista Science utiliza para textos interpretando informações que já são de conhecimento público.

“Não acredito que nada possa ser concluído com grande ou mesmo moderada confiança sobre a exata origem do SARS-CoV-2 em Wuhan, simplesmente porque os dados subjacentes são muito limitados”, disse Jesse Bloom, biologista computacional no Centro de Pesquisas do Câncer Fred Hutchinson, ao The Washington Post.

É importante notar, no entanto, que Worobey era um dos que questionava a origem do vírus e pedia mais estudos para avaliar a hipótese de ele ter vazado do laboratório. Em maio, assim como Bloom, ele havia assinado um artigo na Science pedindo por mais pesquisas que avaliassem a hipótese. Agora, está convencido da origem animal da Covid-19.

Fonte: CNN Brasil

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