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Entre Olhares: Reta final!

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Lembro-me bem que há alguns meses comprometi-me com todos vocês a produzir um material de leitura que trouxesse alguma contribuição, esclarecimento ou linha de pensamento a fim de que o senso crítico pudesse vir à tona e, desta forma, meus leitores eleitores viessem a tomar suas decisões a respeito de quem entregar o seu voto de confiança nessas eleições que se aproximam. Não foi tarefa muito fácil! O primeiro obstáculo foi conseguir informações fidedignas para repassar.
O segundo maior desafio foi procurar produzir um material de leitura que não tivesse um caráter essencialmente panfletário, do tipo “santinho de candidato”.

Vencidas essas duas barreiras, ainda tive que jogar ao sabor dos ventos e dos acontecimentos. Problemas de saúde, temas excessivamente palpitantes, fora do foco das eleições, mas que me exigiam um posicionamento e/ou registro aqui neste espaço que, ao meu ver, ainda pode ser chamado de DEMOCRÁTICO. Com tudo isso, tenho a nítida impressão que, de alguma forma, consegui realizar os propósitos aos quais me impus. Saúde, educação, justiça, economia, agricultura, negócios, em fim, procurei diversificar o portfólio de assuntos para colocar aqui o olhar que me parecia oportuno e verdadeiro sobre cada questão.

Por fim, estamos aqui, às vésperas do processo de votação que deverá decidir os rumos que serão tomados por esta Nação nos próximos 4 anos. Pelos indícios que estão sendo apontados nas pesquisas de opinião, existe uma real possibilidade de estabelecermos um retrocesso histórico de mais de 40 anos! Sinto-me desiludido, impotente, incompetente, inoperante. O leite ferveu, a espuma está para se espraiar, não vejo quem acuda, para não borrar o fogão. Querem agora colocar a culpa nos jovens, chamando-os de estúpidos. Discordo! Se temos hoje uma juventude estúpida é por que não tivemos competência suficiente para lhes dar uma formação educativa que lhes trouxesse a luz do discernimento.

A idolatria à liderança personificada pela qual temos predileção, desfocada e míope, fez-nos sempre a cada nova convocação para eleições majoritárias e gerais, ficar procurando um “SASSÁ MUTEMA” salvador da pátria e dos oprimidos, despertando a ganância dos milagreiros de plantão que, até agora, não apareceu, nada salvou e só imposições e retrocessos têm sido empurrados de goela abaixo, explorando, espoliando e exaurindo cada vez mais a nossa gente. Anos à fio no sofrimento, na penúria e na clandestinidade não foram suficientes para formar, esclarecer e fortalecer as supostas “esquerdas esclarecidas” e a sua ruma de intelectuais orgânicos.

Hoje está bem claro que esta história de “Democracia de Coalizão” e/ou a “Cooptação” nada mais se trataram do que tiros nos próprios pés; engôdos e enrolações oportunistas perpetradas por raposas majestosas do Coronelismo moderno; truques e embromações de ralações de compadrio que sempre perpetuaram os currais eleitorais deste país. O resultado final está prestes a ser proclamado neste final de semana, com a real possibilidade de vitória da Elite do Atraso, com o respaldo do sufrágio universal.

Darcy Ribeiro vaticinou: “Ou se constroem escolas, ou faltarão vagas nos presídios”. No artigo que escrevi sobre a população carcerária, isso já é uma realidade. As diversas e contínuas investidas para sucatear a Educação Pública e Gratuita, o fechamento de escolas, os sucessivos cortes orçamentários nos setores estratégicos para a composição de uma elite pensante, esclarecida e politizada neste país, agora estão mostrando os seus resultados práticos. Já deveríamos ter aprendido com a “Elite do Atraso” a montar e por em prática o nosso projeto de longo prazo para um futuro melhor para os desafortunados e para nós mesmos…

Não tivemos esta competência. Não tivemos força, coragem e determinação para contrapormos ao projeto do atraso, um projeto de vanguarda. No processo de transferência de responsabilidades, onde a culpa sempre é relegada aos mais fracos, fica muito fácil agora culpar a juventude, chamando-a de ignorante, despolitizada, direitista, reacionária, ou seja lá o que for. Só não conseguimos é retirar nossas máscaras, olhar-nos no espelho, fazer nossa “mea culpa” e assumirmos as nossas (ir) responsabilidades e oportunismos com os quais comungamos e participamos e/ou fomos omissos, promíscuos ou conspícuos.

Oxalá abençoe esta Nação!

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