Entre Olhares: COLETIVIDADE INSANA

Semana passada fiz referência à insanidade mental de inúmeros governantes que passaram pela História da Humanidade. Reis, rainhas e até mesmo um atual Presidente da República. Particularmente tenho a convicção de que nada é por acaso. Por ventura a nossa sociedade está sendo governada por um insano, a mim fica claro que isso só pode acontecer por conta de que toda a coletividade é insana. Aventurei-me tomar alguns goles de conhecimento na Psicologia e na Psicanálise. Pérolas produzidas por FREUD (1921) e por LACAN (1969) trouxeram luz ao meu pensar. Para mim ficou claro como é perigoso o uso do conhecimento, quando eivado da maldade.

Identidade, unidade, pertencimento, coletividade e igualdade são palavras chave para entender o raciocínio que pretendo desenvolver hoje neste texto com vocês. Para FRUD a identificação possui 3 fontes: 1) laço emocional; 2) vinculação a um objeto libidinal; 3) qualidade comum partilhada. Esses fatores foram fundamentais para uma horda de insanos entregarem o nosso país a um governante insano. Isso gerou uma verdadeira INFECÇÃO MENTAL aflorando na grande maioria o desejo e a empatia, colocando-se na mesma situação de identificação com o Messias, que ousou assumir em público o desejo das grandes massas relativos à xenofobia, racismo, misoginia, homofobia, dentre outros preconceitos e fobias sociopatas.

FREUD nos explica que quanto mais comum os desejos, maior a identificação dos grupos que estão sempre se remetendo a uma liderança. Isso estimula o surgimento e o crescimento de qualidades emocionais comuns, promovendo um forte laço de ligação com o líder. Na coletividade, o sujeito comum, pessoa única, abre mão de sua individualidade, afrouxa as suas repressões inconscientes (típicas da Sociedade Humana), liberando coragem pessoal para retratar seus preconceitos e suas fobias publicamente, unindo-se em grupos, formando verdadeiros Exércitos.

Essa unidade gera um laço artificial de união a um Comandante-chefe (que assume o papel social de pai) que coloca a todos no mesmo pé de igualdade (daí porque o POBRE DE DIREITA). O apelo messiânico do MESSIAS (Deus acima de todos) imprime um caráter democrático pois todos são iguais no AMOR DE CRISTO, relembrando a SAGRADA FAMÍLIA, partilhando igualmente o mesmo amor. FREUD elenca os chamados “Ofícios Impossíveis”: governar, educar, curar. Vem daí o discurso do “mestre”, do “messias”, do “grande comandante”. “O Brasil acima de tudo” configurou o discurso mitológico do grande líder, instigando o desejo da “terra prometida”.

Vivíamos e ainda estamos vivendo um cenário com crepúsculo pouco alvissareiro. Desgoverno, desesperança, desemprego, despotismo, nepotismo, corrupção, roubo, desvio, tráfico, dentre outros ainda menos recomendáveis serviram de “caldo da caridade” para alavancar o discurso nazifascista de “salvação da pátria”, gerando uma verdadeira HISTERIA COLETIVA em torno do “bozo”, aclamando-o mandatário maior da nação. Finalmente a população brasileira, como que por um lapso de memória, liberou geral os seus recônditos sentimentos e ressentimentos inconfessáveis, dando margem ao recrudescimento da violência social explícita deste país.

É insofismável a capacidade da DIREITA em se apropriar dos discursos teóricos que são produzidos pela esquerda, para transformá-los em poderosas armas a serem utilizadas contra a sociedade, desprovida de educação, incauta na suas ações, sempre fiel ao que os economistas costumam chamar de “comportamento de manada”. Cumpre agora à ESQUERDA, ser ainda mais competente, elaborar um contra discurso, resgatar a autoestima da coletividade, convencer as massas, estabelecer um elenco de propostas objetivas que de fato venham trazer melhorias para a qualidade de vida das diversas populações para com isso fazer frente às investidas nazifascistas abomináveis que estão pairando sobre nossas cabeças.

*Por Lúcio José de Oliveira