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Enem: Ceará tem o maior número de idosos inscritos das últimas quatro edições

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A edição 2020 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a ser realizada neste domingo (17), registra o maior número de candidatos idosos das últimas quatro edições no Ceará. São 696 inscritos com idade igual ou superior a 60 anos que devem realizar a versão impressa da prova. O recorde anterior de inscrições foi registrado em 2017. À época, 504 cearenses com essa faixa etária. As informações são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), organizador do Enem.

Comparado ao número de inscritos da edição passada, realizada em 2019, o volume de candidatos idosos neste ano é ainda mais evidente. A aplicação anterior, com 363 vestibulandos nesta faixa etária, contabilizou o menor público dos últimos quatro anos de Exame, de acordo com os registros do Inep. A edição de 2018 fecha a lista das últimas aplicações em terceiro lugar, com 473 candidatos inscritos.

Apesar de não serem a maioria dos candidatos para a aplicação atual — os candidatos entre 21 e 30 anos lideram numericamente neste ano, correspondendo a 96.541 das 322.581 inscrições cearenses — a parcela acima dos 60 anos é a que registrou maior incremento desde a edição passada.

Do Enem 2019 para o Enem 2020, o número de vestibulandos na faixa etária aumentou 91%. Enquanto isso, a porção mais jovem dos vestibulandos (dos 16 aos 17 anos) reduziu. Os locais de prova deste domingo receberão 56% a menos de candidatos com essa idade em relação à aplicação passada: eram 83.271 em 2019 contra 36.353 deste ano.

As inscrições para o Enem 2020 começaram em maio do ano passado. Por conta das restrições sanitárias, a edição foi adiada de novembro de 2020 para janeiro deste ano após consulta à comunidade estudantil. A prova acontece em duas modalidades: a impressa, aplicada neste a partir deste domingo (17) e a digital, prevista para os dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.

A organização do Enem deve restringir as salas a apenas 50% da capacidade máxima durante a aplicação na pandemia Candidatos no grupo de risco serão direcionados para salas especiais, com até 12 candidatos.

O G1 solicita ao Inep, desde a última segunda (11), a quantidade de pontos de aplicação da prova em todo o Ceará para a edição 2020, a quantidade de salas que devem operar com 50% da capacidade e se há limite máximo de alunos por local para aplicação da prova. Através da assessoria de comunicação, o Instituto informou que detalhes logísticos da edição só serão divulgados após a aplicação do exame.

Cuidados

José Francisco da Silva, 65, atento às recomendações sanitárias da prova, se prepara para o vestibular pela segunda vez e optou pela versão impressa. O objetivo é cursar Engenharia Civil em uma universidade pública cearense ou ingressar como aluno bolsista em faculdade particular.

“Trabalho nesse ramo há anos. Quero fazer justamente nesse ramo porque já tenho especialidade”, revela o vestibulando, aluno do Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) Professor Moreira Campos, no bairro Parangaba, em Fortaleza.

Ele, que ainda não conseguiu acessar o local da prova, já garantiu que evitará a multidão. “O sistema não entra, dá erro. Mas se for perto, vou andando mesmo. Se for muito longe, tenho como ir de carro”, explica. Francisco, diabético e hipertenso, não teme a pandemia.

“Estou me resguardando. Uso máscara. Álcool em gel estou com as mãos ‘pelando’ de tanto passar”, confessa. As dificuldades para a segunda tentativa, no entanto, ficaram no período de preparação. “Tive dificuldades para estudar no computador. Tenho problema de vista. Eu gosto de estudar a noite. Apuro muito a vista no computador e fica ardendo”, relembra.

Cumprir o distanciamento é a principal recomendação para quem está no grupo de risco e pretende fazer o Enem, aponta a epidemiologista Caroline Gurgel. “Ninguém sabe quem é assintomático ou não”, atenta a médica, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Para a população idosa, mais vulnerável ao coronavírus (Sars-Cov-2), a atenção deve ser redobrada.

“O ideal é que eles fiquem um pouco mais afastados de todos e longe de aglomeração. Somente o fato de você ser idoso já é um fator de risco para gravidade e fatalidade de Covid-19”, avalia Caroline. Certificar-se de fazer a proteção individual correta também é importante, principalmente quando o assunto é a durabilidade da máscara.

“Já vi o pessoal com bandana, tecido fininho, como renda. Isso não protege nada. A N-95 é a mais recomendada, principalmente para diabéticos e hipertensos. São máscaras mais resistentes, caras, mas as ideais”, recomenda a especialista.

É grupo de risco e vai fazer o Enem? Veja como se proteger da Covid-19 durante a prova

Evitar aglomerações no trajeto até o local de prova;
Não se apoiar em superfícies tocadas frequentemente por outras pessoas, como corrimões;
Certificar que a máscara está bem acertada para evitar o toque desnecessário no rosto;
Trocar a proteção fácil quando ela estiver úmida. O recomendado é usar uma específica durante o trajeto e trocá-la antes de entrar no local de realização da prova;
Andar com recipiente com álcool gel 70% individual, evitando contato com dispenser compartilhado.

De acordo com o IntegraSUS, plataforma da Secretaria de Saúde (Sesa) que relata o andamento da pandemia de Covid-19 no Estado, até às 9h31 desta quinta (14), 63.854 cearenses com idade igual ou superior a 60 anos foram diagnosticados com a doença no Ceará. Destas infecções, 7.978 na faixa etária evoluíram para o óbito.

Fortaleza, município com o maior número de inscritos para o Enem 2020, concentra parte dessas ocorrências. Por lá, são 18.595 casos confirmados e 3.121 óbitos em decorrência da doença. “O idoso é uma grande parcela da nossa população. Como até o momento vamos ter o Enem, vamos fazer da melhor forma possível”, adiciona Caroline.

Fonte: G1

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