Dólar segue trajetória de alta e deve se valorizar mais

A maioria dos especialistas considera o dólar caro para a compra, após as altas recentes, mas não descarta a continuidade de valorização perante o real.

Em setembro, a moeda americana avançou 9,30% e em outubro, até o dia 2, sobe 1,84%. No atual movimento de alta, em pouco mais de um mês a cotação do dólar saiu de R$ 2,24, em 29 de agosto, para R$ 2,49, no fechamento de negócios em 2 de outubro.

A perspectiva de que a moeda americana siga em alta, puxada por incertezas externas e domésticas, preocupa quem precisa de dólar para viajar ao exterior ou tem dívida atualizada por essa moeda à medida que o dólar avança, serão necessários mais reais para comprar a moeda americana ou para liquidar o compromisso. A alta atiça, de outro lado, o interesse de quem pensa ganhar com uma aplicação em dólar. Pelo cenário desenhado nos últimos dias pela corrida eleitoral, especialistas veem muito mais motivos para apostar na continuidade de valorização que em recuo do dólar.

Perspectivas

A expectativa é que as incertezas em torno dos principais pontos da política econômica do governo que se inicia em 1º de janeiro do próximo ano levem a um aumento de procura por dólar, como proteção de patrimônio.

Esse crescimento de demanda, alimentado por fatores domésticos, estaria coincidindo com uma expectativa reforçada de antecipação de aumento dos juros americanos, o que seria outro fator de pressão sobre a moeda americana. Juros mais altos tendem a atrair para os Estados Unidos os capitais que circulam pelo mundo atrás de rentabilidade mais atraente. Maior interesse por dólar sem ampliação de oferta, principalmente por causa do desempenho negativo da balança comercial (volume de importações superior ao de exportações), tenderia a manter a cotação da moeda americana em valorização, apesar das intervenções do Banco Central no mercado com ofertas de contratos de swap cambial para conter a alta de preço. Os swaps são papéis que oferecem proteção contra uma disparada do dólar, já que equivalem à compra futura de dólar.

Alternativas

Nesse cenário de possível maior mobilidade do dólar, especialistas sugerem duas opções para quem planeja viajar ao exterior: compra por atuais preços do volume de moeda americana necessário para quem vai viajar ao exterior no fim de ano ou compra em lotes menores, aproveitando momentos de queda dos preços, para quem tem viagem programada mais à frente.

O resultado da estratégia de compra miúda, em pequenos lotes, pode ser a formação de estoque de dólar por preço médio inferior ao corrente em momento de compra de última hora. Uma pesquisa em corretoras pode tornar o negócio ainda mais vantajoso. Os especialistas sugerem cautela para quem vê o momento como oportunidade para ganhar dinheiro com aplicação em moeda americana.

Fonte: Diário do Nordeste