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DIVERSUS: 90 anos do voto feminino e o que mudou?

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Uma pesquisa realizada pelo projeto “elas que decidem” mostrou que em 2018 metade das mulheres brasileiras não votaram para presidente da república, na região sudeste este número superou os 50%; isto mostra um dado preocupante: as mulheres brasileiras não estão votando.

Há 90 anos as mulheres conseguiram, após muitas lutas, conquistar o direito ao voto. Quase cem anos depois nos deparamos com um cenário muito desafiador e ainda muitas barreiras para que nós mulheres possamos acessar aos espaços de poder e de decisões política.

Embora as mulheres sejam a maioria da população brasileira e também represente 53% do eleitorado apto a votar em 2022, elas são minoria nos cargos políticos e nas candidaturas. Hoje, apenas 15% do congresso nacional é composto por mulheres e dos 81 senadores apenas 12 são mulheres, elas também são minoria no governo, representando apenas 9% dos cargos ocupados em ministério, no ranking mundial o Brasil está estagnado e atrás de países como Etiópia, Iraque e Arábia Saudita no quesito representação feminina no parlamento; e em nossa cidade, dos 17 vereadores eleitos, apenas uma é mulher.

Nesse ano 53% do eleitorado apto a votar é feminino, são mais de 77 milhões de brasileiras que deverão comparecer às urnas em outubro. 2022 já bate recorde de lançamento de candidaturas femininas, no entanto ainda é alto os indícios de candidaturas laranjas, onde grandes partidos lançam mulheres candidatas para cumprir a cota que exige que cada partido lance no mínimo 30% de candidatas mulheres, não assessorando as mesmas e as deixando de lado nos palanques e em suas campanhas eleitorais; da mesma forma que percebemos o machismo e o patriarcado agindo, quando as candidaturas femininas mais bem posicionadas nas pesquisa eleitorais, são as tuteladas por pais e esposos políticos que lançam suas filhas e esposas para representarem seus projetos de poder, fazendo delas uma outra espécie de “laranja”.

As política e o que ela define afeta diretamente e sobretudo à vida das mulheres, por serem elas que chefiam mais de 40% das famílias brasileiras, por serem diretamente afetadas pelo aumento da fome, do desemprego, por sofrerem hoje com o aumento da violência de gênero e serem as principais atingidas com os cortes astronômicos na educação e saúde públicas.

A pouca representação feminina na política escancara a desigualdade de gênero vivido em nosso país, onde um grupo que representa mais de 50% da nossa população ainda não tem acesso aos espaços políticos de decisão. No ano em que se comemora 90 anos da conquista feminina do direito ao voto, devemos questionar a ausência das mulheres nos debates políticos e nas candidaturas dos diversos partidos e por que ainda é tão difícil para as mulheres brasileiras participarem da política, votarem e se sentirem representadas pelas opções a elas apresentadas.

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