Dia-a-Dia com Maria

Dia-a-Dia com Maria: O bolsonarismo configurado nas expressões neonazistas

Somos o país das grandes mesclas de forma que jamais poderíamos acatar certas cargas de preconceitos, por sinal, muito bem manifestas e de forma corriqueira nos tempos hodiernos. 

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Somos o país das grandes mesclas de forma que jamais poderíamos acatar certas cargas de preconceitos, por sinal, muito bem manifestas e de forma corriqueira nos tempos hodiernos. 

Somos negros de sangue e coração, mas precisamos de quotas para que os classificados como afrodescendentes tenham asseguradas, em proporções mínimas, vagas em concursos e empregos, certamente por se entender que aos negros foi-lhes negada uma libertação consistente. Libertaram-nos com uma Lei e os deixaram como barcos à deriva num mar inquieto, tempestuoso e que não os aceitava além da mera condição de coisas (abjetas).

Não muito distante, o polêmico Deputado Federal Jair Bolsonaro, ao ser indagado sobre o que faria se seu filho se apaixonasse por uma garota negra, qual seria sua reação, o parlamentar disse que “nem chegaria a discutir sobre isso”, tamanha é a sua intolerância nesse sentido. 

Recentemente, a Coordenadoria de Direitos Humanos do Ministério Público do Rio pediu rigor na investigação da Polícia Civil no caso de preconceito contra a jornalista Maria Júlia Coutinho, a “Maju”, a ‘moça do tempo’ do Jornal Nacional, vítima de ataques racistas publicados na seção de comentários da página do telejornal da TV Globo.  Fato descabido na nossa era, reiterando nossas raízes raciais africanas, encravadas no fenótipo da maioria da população. Nesse mesmo enfoque, a jornalista Glória Maria (Rede Globo) desabafa que sofreu ataques racistas por 10 anos.

É preocupante o que assistimos e até compartilhamos numa potente “boa-fé” nas redes sociais, os grifos inequívocos de adesão ao “Bolsonarismo”, um elenco de idéias que são reforçadas em manifestações, grosseiras e inaceitáveis  aos moldes do que já talhamos nas leis regentes, as quais que se esteiam na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

Mas o que seria o “Bolsonarismo”,  nesse ressoar de condutas? Seria mais ou menos a popularização do que defende o supracitado Jair Bolsonaro, quando chegou a afirmar em plenário e programa televisivo que não estupraria a Deputada Maria do Rosário (PT do RS) porque “ela não merecia”.

Além disso, defende abertamente o regime militar. Minando seu elenco de despautérios, o dito parlamentar já falou que usuários de maconha deveriam “apanhar” para que não passassem a “cheirar” (usar cocaína). Em várias entrevistas, posicionou-se favorável à instituição da pena de morte no Brasil para casos de crimes premeditados, pois, segundo ele, “o bandido só respeita o que teme”, senso também é a favor da redução da maioridade penal.

Tornou-se conhecido por suas ideias nacionalistas, conservadoras, criticando fortemente o comunismo e a esquerda e condenando a homossexualidade. Como crítico, já o fez tanto ao Governo Lula como ao de Fernando Henrique Cardoso, cujo fuzilamento defendeu em sessão da Câmara, causando grande polêmica. Bolsonaro também defendeu palmadas  para “corrigir” filhos homossexuais, em uma declaração da Câmara do Senado, em que a palmada devia ser aplicada para mudar filho “gayzinho”.

Mediante esse quadro comportamental, a polêmica dos últimos dias é sobre o Brasileiro Igor Gilly, que mora nos Estados Unidos e ganhou notoriedade, ontem, ao conseguir driblar a segurança presidencial e xingar a presidente Dilma Rousseff (PT), de “assassina” e ladra defende algumas bandeiras em seu perfil pessoal no Facebook: a defesa e apoio ao deputado ultraconservador Jair Bolsonaro (PP-RJ) e críticas ao movimento gay, que, segundo o jovem, manipula informações em benefício próprio.

Nesse rol de argumentos contra temperamentos inaceitáveis em tempos nos quais tantas barreiras de intolerâncias foram transpostas, reitero não entender que faça nenhum sentido permitir atitudes retrógradas, que possam ferir a dignidade de pessoas e ameaçar os hábitos de respeito humano e ordem social.

 

*Mariazinha é Servidora do IFCE Campus Iguatu e Advogada

 

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