Dia-a-Dia com Maria

Dia-a-Dia com Maria: AIDS, o mal sorrateiro que continua se alastrando

Em 1982, um jornal paulistano estampa em manchete: “Peste gay já apavora São Paulo”. Sendo esta uma das primeiras denominações da AIDS. 

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Em 1982, um jornal paulistano estampa em manchete: “Peste gay já apavora São Paulo”. Sendo esta uma das primeiras denominações da AIDS. 

Da mesma forma, outros periódicos foram noticiando esse assombro que tomou conta de quase todas as pessoas sexualmente ativas e que, até então, não pensavam tão seriamente em prevenção contra o contágio com outros tipos de infecções adquiridas sexualmente. Só que com a AIDS, tinha outro agravante, pelo fato de se tratar de um fenômeno novo, na época, quando pouco se sabia, além de que também era transmissível pelo sangue e, possivelmente, pelas secreções.

Ao publicar a primeira notícia sobre a Aids, o Jornal do Brasil citou a letalidade, apresentando dados dos Estados Unidos, onde se teriam registrado 3 mil casos da doença e 1.283 óbitos. 

De 20 anos para cá, em termos de alastramento, muita coisa não mudou. Houve um recuo, as pessoas, receosas, passaram a se precaver, depois, com o advento dos coquetéis quase milagrosos, houve como que uma retomada de condutas incrédulas que, sem o menor controle, voltaram a se comportar como se uma super vacina tivesse erradicado o Vírus transmissor.

Em 1990 morreu o cantor Cazuza, aos 32 anos, e mais de seis mil casos de Aids foram registrados no país. Posteriormente, o AZT começou a ser produzido no Brasil e a Organização Mundial da Saúde anunciou a ocorrência de 10 mil novos casos por dia no mundo, aprovando a primeira vacina candidata a testes em larga escala em países pobres, enquanto isso, aqui, o total de casos detectados, segundo O jornal Globo em dezembro de 1993, esse número alcançava um total de 16.670 casos.

Já em 2006, houve a campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids, protagonizada por pessoas que viviam com a doença, numa tentativa de desmitificar o estigma desse mal, sendo que no país, acumulavam-se mais de 430 mil casos em plena manifestação sintomática.

Desde o início da epidemia, em 1980, até junho de 2012, O Brasil tinha 656.701 registros de aidéticos, na condição em que a doença já se manifestara e, atualmente, ainda há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. 

Atento a essa realidade, o governo brasileiro tem desenvolvido e fortalecido diversas ações para que a prevenção se torne um hábito na vida dos jovens. A distribuição de preservativos no país, por exemplo, cresceu mais de 45% entre 2010 para 2011 (de 333 milhões para 493 milhões de unidades). Os jovens são os que mais retiram preservativos no Sistema Único de Saúde (37%) e os que se previnem mais. 

A situação atual é preocupante e, segundo pesquisas autênticas, entre 490 mil e 530 mil pessoas vivem com o vírus HIV no Brasil e, do total, cerca de um terço dos contaminados não têm conhecimento de que portam o vírus.

Embora muito já se tenha avançado em termos de tratamento, é urgente alertar que a AIDS ainda não é curável, e os que vivem sob a proteção dos coquetéis são transmissores potenciais, além disso, na maioria dos casos, mantêm vida sexual regular e, sabendo que portam a doença, nunca ou quase nunca se preocupam com a prevenção dos parceiros. Quanto à divulgação dos números, isso não ocorre, embora se trate de uma questão que envolve a saúde pública. Dentro da realidade que se apresenta, a AIDS tem se alastrado gigante e silenciosamente. 

http://www.ioc.fiocruz.br/aids20anos/linhadotempo.html

http://www.aids.gov.br/pagina/aids-no-brasil

http://drauziovarella.com.br/sexualidade/para-erradicar-a-aids/

 

*Mariazinha é advogada e servidora do IFCE Campus Iguatu

 

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