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Crianças e adolescentes praticam automutilação ‘para aliviar dor emocional’

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“Comecei a me rebaixar, parei de fazer coisas que eu gostava. E a partir daí comecei a me mutilar. Quando fazia isso, eu conseguia me desligar das coisas que me machucavam por dentro. Era uma forma de escapar da minha realidade.”

O relato duro é de Lara*, 14 anos, estudante cearense que terá a identidade preservada nesta reportagem. A história dela é uma entre tantas de crianças e adolescentes que praticam automutilação, lesionam o próprio corpo como forma de amenizar dores emocionais.

A tentativa de fazer o sofrimento do corpo camuflar o emocional é efeito de um adoecimento mental que pode ter múltiplas causas – como bullying, discriminação racial e de gênero, problemas sociais e econômicos, conflitos familiares, doenças, transtornos mentais, entre outros tantos.

No caso de Lara*, recorrer às automutilações – que depois evoluíram para tentativas de suicídio – era uma forma de “escapar” dos efeitos que os episódios de bullying, racismo e exclusão faziam pesar sobre ela. Uma carga insustentável.

“Diziam que eu tinha cabelo de bombril, me xingavam de palavrões, chegaram a me trancar na sala de estudo da biblioteca. Todo mundo fazia isso, machucava muito minha autoestima. Comecei a me isolar e, a partir daí, a me mutilar”, lembra, em entrevista que fez questão de conceder, quando a reportagem contatou a família.

Em 2019, ela se juntou a uma estatística preocupante: no Ceará, naquele ano, pelo menos 1.241 crianças e adolescentes provocaram autolesões, maior número dos últimos 4 anos. Em 2020 e 2021, foram mais 1.722 casos de lesão autoprovocada registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

 

Fonte: Diário do Nordeste

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