Economia

Calote argentino deverá ser sentido na balança comercial do Brasil

[caption id="attachment_13839" align="alignnone" width="600"]Axel Kacilloff, líder da delegação argentina, chega para a última reunião de conciliação, em Nova YorkAxel Kacilloff, líder da delegação argentina, chega para a última reunião de conciliação, em Nova York[/caption]

O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, declarou no começo da noite dessa quarta-feira (30/7), em Nova York, que os fundos especulativos recusaram a sua oferta para tentar fechar um acordo de modo a evitar a entrada do país em um calote (default) técnico a partir de hoje.

Published

on

Axel Kacilloff, líder da delegação argentina, chega para a última reunião de conciliação, em Nova York

O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, declarou no começo da noite dessa quarta-feira (30/7), em Nova York, que os fundos especulativos recusaram a sua oferta para tentar fechar um acordo de modo a evitar a entrada do país em um calote (default) técnico a partir de hoje.

“Os fundos querem mais e agora”, resumiu ele ao sair da reunião. Com recursos bloqueados, o país vizinho não conseguiu realizar o pagamento dos credores que tinham aderido à reestruturação da dívida soberana, em 2005 e 2010. A razão disso é a sentença do juiz norte-americano Thomas Griesa, determinando o pagamento imediato aos fundos chamados pelos argentinos de abutres e que não aceitaram renegociar a dívida.

Para analistas, os efeitos do calote para o Brasil seriam sentidas basicamente na balança comercial, sem riscos maiores de contágio no mercado financeiro e na negociação da dívida externa. O Brasil permanece como seu principal parceiro comercial, representando 20,4% das suas exportações.

Segundo Kicillof, a Argentina ofereceu a entrada dos fundos na renegociação passada ou que fosse dada a suspensão da sentença para que o país fazem o pagamento dos demais credores. Ambas as propostas já tinham sido colocadas ao longo da negociação e foram repetidas ontem, horas antes do fim do prazo oficial. O ministro reiterou que o país não poderia fazer oferta diferente da dos outros credores da dívida já renegociada. “Nossa oferta era a única que não violava os contratos. Se oferecemos mais aos abutres, todo o resto pode reclamar o mesmo”, sentenciou.

Kicillof reafirmou que não considera o termo calote técnico. “Se fosse um default, o dinheiro não estaria depositado”, disse, repetindo o argumento apresentado pela presidente Cristina Kirchner nos últimos dias. “Não vamos assinar nenhum compromisso que comprometa o futuro”, acrescentou. A reunião derradeira para buscar um acordo com os fundos durou cerca de seis horas e terminou pouco antes das 18h, horário de Brasília. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem à noite que não comentaria o novo episódio da crise argentina.

Rebaixamento

Mais cedo, a agência de análise de risco Standard & Poor’s informou ontem que rebaixou a nota de crédito da dívida em moeda estrangeira de longo prazo da Argentina de CCC- para “calote seletivo”, uma vez que o país ainda não alcançou acordo com os credores rebeldes em tempo de pagar a dívida reestrutura, cujo período de carência acabou anteontem. É a primeira situação de default da Argentina desde a histórica suspensão dos pagamentos da dívida externa, em 2001.

Segundo a imprensa argentina, a cartada final seria uma proposta de bancos argentinos para comprar os títulos podres em poder dos fundos e, assim, evitar uma nova moratória. O mecanismo permitiria ao país cumprir os pagamentos da dívida reestruturada com cerca de 93% dos credores. A bolsa de Buenos Aires fechou ontem em alta de quase 7%, embalada pela expectativa de um acordo entre o governo argentino e credores, para evitar a quebra do país. Por enquanto, o calote afeta só os US$ 539 milhões retidos no Bank of New York Mellon por ordem do juiz Griesa.

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE

EM ALTA

Sair da versão mobile