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País enfrenta séria crise militar da Nova República. Lula não vai perdoar e nem anistiar os golpistas

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não vai perdoar os ataques golpistas, e as investigações para identificar os responsáveis e participantes vão até o fim. A declaração foi dada ontem pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, um dia depois de Lula ter trocado o comandante do Exército no que o próprio ministro classificou como “fratura nas relações”. Lula exonerou no sábado o general Júlio Cesar de Arruda, nomeado nos últimos dias do governo de Jair Bolsonaro, e o substituiu por Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, que era o comandante militar do Sudeste. Ele é visto pelos colegas como alguém com mais traquejo político e havia feito na sexta-feira um discurso incisivo em defesa do resultado das eleições. “Ser militar é isso. É ser profissional. É respeitar a hierarquia e disciplina. É ser coeso. É ser íntegro. É ter espírito de corpo. É defender a pátria. É ser uma instituição de Estado. Apolítica, apartidária”, disse ele.

A situação de Arruda no governo era insustentável. Segundo Guilherme Amado, no dia 8, o agora ex-comandante teve duas discussões ásperas, do tipo dedo em riste, uma com o interventor federal na segurança do DF, Ricardo Capelli, outra com o próprio ministro da Justiça, Flávio Dino. O general, conta o jornalista, respaldou a decisão de impedir que a PM prendesse golpistas acampados na porta do QG do Exército.

Também pesou na troca a resistência de Arruda em sustar a nomeação do antigo ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, para a chefia do 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia. Além da proximidade com o ex-presidente, Cid é investigado pelo STF.

O novo comandante marcou para amanhã uma reunião com o Alto Comando do Exército para passar as novas diretrizes aos 16 generais de quatro estrelas que compõem o grupo. O principal tema deve ser a investigação sobre leniência ou participação de militares da ativa nos atos golpistas de 8 de janeiro. Embora o novo comandante já exerça a função desde sua nomeação no diário oficial, no último sábado, a cerimônia de transferência do comando só deve acontecer em duas semanas, quando seu antecessor estiver recuperado de uma cirurgia de rotina.

Mais do que pivô da troca de comando no Exército, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid é figura-chave em uma das investigações que, a mando do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal conduz tendo como alvo Jair Bolsonaro. Como contam Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo, Cid gerenciava uma complexa movimentação financeira que envolvia o ex-presidente, parentes e pessoas próximas. Entre outras despesas, ele pagava faturas do cartão de crédito de um amiga de Michelle Bolsonaro que era, na verdade, usado pela própria ex-primeira-dama. Os recursos eram sacados em espécie do cartão corporativo da presidência e os pagamentos feitos na agência do BB dentro do Palácio do Planalto. Cid gerenciava ainda o celular de Bolsonaro e fazia a ponte entre ele e grupos antidemocráticos, apontam as investigações. Por escrito, Bolsonaro negou que houvesse saques em seu “cartão pessoal”, embora a presidência tenha diversos cartões corporativos. Ele alegou ainda que Michelle usou o cartão de uma amiga por não ter “limite disponível”.

Aliás… O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves deu cinco dias para que Bolsonaro se explique sobre a publicação em redes sociais em que contesta o resultado das eleições de 2022 e sobre os atos criminosos ocorridos no dia 8 de janeiro de Brasília. O questionamento se refere a um vídeo na conta do ex-presidente, depois apagado, em que um procurador do Mato Grosso do Sul nega que o presidente Lula tenha sido eleito, alegando que foi “escolhido pelo STF e pelo TSE”.

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