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Artigo: UMA BOA AÇÃO SOCIAL

[caption id="attachment_9745" align="alignleft" width="640"]Luiz Gonzaga Bertelli (Foto: Divulgação)[/caption]Que papel os jovens representarão no Brasil de amanhã?

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Luiz Gonzaga Bertelli (Foto: Divulgação)

Que papel os jovens representarão no Brasil de amanhã?

Eles estarão preparados para enfrentar os desafios da crescente globalização, assegurar a sustentabilidade do desenvolvimento e construir uma vida com mais qualidade e menos desigualdade? Esses questionamentos surgem quando se pensa na empregabilidade jovem e nas condições oferecidas para a formação de novos profissionais. De início, alguns números dão ideia do tamanho do problema. Por exemplo, a escolaridade média do brasileiro é de 8,8 anos (IBGE, 2012), contra os quase 14 anos de estudo registrados nos Estados Unidos e na Coreia do Sul. Praticamente cumprida a meta de universalização do acesso ao ensino fundamental, o gargalo da vez é o ensino médio. Cerca de 20% dos jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola. E, dos 80% que entram, 9% abandonam o curso e 12% são reprovados. Isso sem contar os 31% que estão na categoria distorção entre idade e série.

Nesse cenário, os prejuízos são evidentes. Em linhas gerais, basta lembrar que cada ano adicional de escolaridade corresponde a até 10% de aumento no salário e a um crescimento de 0,37% no produto interno bruto (PIB). Diante de tais benefícios, o que leva à evasão escolar? Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 40% desistem porque acham a escola desinteressante; 27% porque precisam trabalhar; e 11% porque o acesso à escola é difícil.

Além do descolamento entre currículo e a realidade da vida do aluno, vários especialistas identificam que – em especial no grupo dos 9,6 milhões da geração nem-nem (nem estudam nem trabalham) – a desistência da escola está vinculada ao que chamam de ambiente cultural de antecedentes de fracasso. Ou seja, o desistente geralmente é o primeiro da família a atingir esse patamar de estudo e pertence a comunidades carentes, em situação de vulnerabilidade e exclusão do mercado formal de trabalho.

Um programa, dentro das políticas públicas de inclusão profissional, que vem demonstrando eficácia no atendimento a esse segmento,  é o da aprendizagem, incentivada pela Lei 10.097/2000 e reconhecida como ação de assistência social. Conjugando treinamento prático nas empresas e capacitação teórica ministrada por entidade qualificadora, conta hoje com 280 mil jovens de 14 a 24 em formação profissional, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, com a meta de atingir, até o final deste ano, a marca de um milhão de aprendizes.

Ao lado da fria letra da lei e respondendo por um terço dos jovens em capacitação profissional, o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) vivencia o lado humano da aprendizagem, testemunhando o impacto benéfico da aprendizagem, para os jovens e suas famílias, que também são incluídas nesse processo, contando com encontros de orientação e acompanhamento de assistentes sociais.

Moral da história: inseridos no ambiente corporativo e contando com salário e benefícios, que reforçam a renda familiar, os jovens descobrem o valor do aprendizado contínuo, ganham autoestima e adquirem posturas que favorecerão uma futura efetivação ou mesmo o sucesso no primeiro emprego formal. Com um detalhe animador: aptos a conciliar trabalho e estudos, muitos decidem avançar na carreira e partem para a universidade ou o pequeno negócio próprio. Com tal força inclusiva, inegavelmente a aprendizagem é daquelas boas ações de assistência social que, além de dar o peixe, logo de início ensina a pescar.

*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do CIEE, diretor da Fiesp-Ciesp e vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo.

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