Outros Esportes

Após retomar o caminho das vitórias, Medina defende título em Teahupoo

Final épica contra Slater foi motivada por “provocação” de assistente do mito. Atual campeão mundial diz que encontrou ponto de equilíbrio: “Tranquilo e mais confiante”

Published

on

Final épica contra Slater foi motivada por “provocação” de assistente do mito. Atual campeão mundial diz que encontrou ponto de equilíbrio: “Tranquilo e mais confiante”

 

“Está bem grande, mas não impossível. Vou surfar as possíveis”, disse Gabriel Medina ao pai, Charles Saldanha, ao olhar uma série assustadora em Teahupoo, no Taiti, enquanto vestia a lycra para competir na mais perigosa bancada de corais do mundo. O evento em 2014 entrou para a história como um dos campeonatos com os tubos mais espetaculares de todos os tempos, com ondas perfeitas de até 4m. A vitória do brasileiro sobre o americano Kelly Slater em uma final eletrizante colocou o surfe nacional em outro patamar e deixou o fenômeno de Maresias ainda mais perto do sonhado título mundial. Mas, o que poucos sabem, é que antes de entrar no mar, Medina teve seu instinto competitivo ainda mais aguçado por uma provocação.

O paulista de São Sebastião esbarrou com Stephen Bell, uma espécie de “faz tudo” de Slater. O assistente do americano perguntou-lhe das ondas e disse que o mar estava grande. Medina sentiu que Belly tentou intimidá-lo e aquelas palavras se transformaram em um combustível para ele enfrentar o medo. A estratégia surtiu efeito, afinal, o atleta costuma surfar ainda melhor sob pressão. Medina reinou nos tubos perfeitos da Polinésia Francesa para vencer o onze vezes campeão mundial por 18,96 a 18,93, uma diferença de apenas três centésimos. “O Kelly é uma lenda do surfe e é a melhor sensação do mundo ganhar dele. As ondas estavam grandes, com tubos perfeitos e ser campeão aqui é um sentimento indescritível”, disse Medina, na época.

Um ano depois, o paulista volta ao Taiti para defender o título com o mesmo pensamento que o fez escrever o seu nome na história, focando em uma bateria de cada vez, com paciência e tranquilidade. A janela começa nesta sexta-feira (14) e se encerra no próximo dia 25. 

Medina teve um início de temporada irregular, somando um 25º lugar (Margaret River), três 13º (Gold Coast, Rio de Janeiro e Fiji) e um quinto em Bells Beach. Embora tivesse mostrado o seu melhor surfe nos treinos, na hora de competir, ele não conseguía se sair bem. 

– É engraçado. Este foi um ano que eu vim do título mundial e um ano que eu comecei super mal nas etapas. Mas o que eu mais fico feliz é ver que isso não aconteceu só comigo. Aconteceu com o Kelly e outros atletas. Fiquei um pouco assustado depois do Brasil, porque no anterior eu havia ganhado algumas etapas (Gold Coast, Fiji e Taiti). E quando você começa a perder, perder, perder, o seu psicológico dá uma abalada. Mas agora estou tranquilo e mais confiante. 

Na última etapa, em Jeffreys Bay, na África do Sul, o surfista reencontrou o caminho das vitórias e terminou em quinto, igualando o seu melhor resultado em 2015 Austrália. Assim, ele pulou de 21º para 15º do ranking mundial (apenas o top 22 permanece na elite) e respirou aliviado. 

– Jeffreys Bay eu surfei muito mais tranquilo e aliviado, com o foco que eu tinha no ano passado, que era vencer cada etapa, passo a passo, devagar e com paciência. Acho que com foi com essa cabeça que eu fui mostrando o meu surfe durante o evento. Foi um campeonato que eu realmente surfei relaxado. Eu queria fazer o meu melhor ali. Graças a Deus, consegui achar o ponto de equilíbrio e sei o que devo fazer nas próximas etapas para obter um bom resultado. Às vezes, contamos com a sorte, e eu espero que a sorte esteja do meu lado. 

Medina viajou à África do Sul com toda a família. Desta vez, ele só terá a companhia de Charles, que o adotou como filho aos oito anos e hoje é seu treinador. Na estreia, ele enfrenta o havaiano Freddy Patacchia Jr. e o também brasileiro Italo Ferreira, candidato a calouro do ano. A etapa de Teahupoo faz parte do “Circuito dos Sonhos” desde 1999. Antes de Medina, Bruno dos Santos, em 2008, foi o primeiro brasileiro a vencer no Taiti. O recordista de vitórias é Slater, tetracampeão (2000, 2003, 2005 e 2011). Em seguida, estão Andy Irons (2002 e 2010) e Bobby Martines (2006 e 2009), ambos com dois títulos. Irons venceu ainda uma disputa pelo QS, em 1997.

Fonte: Globo Esporte

EM ALTA

Sair da versão mobile