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Americando: O sábio rei hebreu é uma filosofia perene…

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“Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?” (Eclesiastes 1:3), pesada interrogação frente aos acasos que a vida nos traz… outras coisas em meio ao nosso presente instante, esses tempos de pandemia, me fizeram também refletir… “E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.” (Eclesiastes 1:17,18). Este sábio rei que produziu tais linhas repletas de sabedoria depois de muitos séculos faz outros homens comuns – quando possuem o ato de ler e se deparam com tais ensinamentos – refletir e meditar sobre as futilidades da efêmera vida em meio as nossas vaidades… em meio as nossas transitoriedades… ainda refleti sobre… “Ai de ti, ó terra, quando teu rei é uma criança, e cujos príncipes comem de manhã.” (Eclesiastes 10:16). Vamos remover os subsolos… enfrentar assuntos que todos fingem não existir… vamos incomodar as consciências… eis o verdadeiro ofício dos mestres… professores… o que buscamos com a nossa lida? O saber é dor? E os governos que nos conduzem…


Ao analisarmos não só o nosso momento histórico, mas grande parte da odisseia humana na terra é um palco de guerras, tragédias, moléstias, filosofias mil, modos de produção, religiões e outras tantas coisas que se embrenham em um maniqueísmo praticamente religioso ou em um universo multifacetário que lá neste apresenta as faces de duplos e jogos entre o bem e o mal… Vive o homem à priori como nômade, colhedor de alimentos, depois sedentariza-se, desenvolve a agricultura, caça animais, desenvolve armas, núcleos urbanos, estados teocráticos, servidão coletiva, moléstias e guerras… No Egito um era o próprio deus vivo… hoje sabemos que não, mas os egípcios achavam que sim… Mais guerras… um império domina o mundo inteiro conhecido naquele momento, passado a nós ocidentalmente assim… mais guerras… domínio, poder e uma seita que mudou essencialmente o mundo… na Judeia… O império monstruoso foi abalado… a mensagem daquele homem da praticamente mais reles colônia do império dava esperança aos escravos… mola mestra do modo de produção do império… que depois ruiu… Bárbaros… são sempre aqueles que quebram o estabelecido… como é bom ver barbares derrubarem mentiras… e o mundo se feudalizou e uma instituição religiosa o dominou… com a chancela de Roma, claro…


Dos burgos nasceu o que hoje se deu… o esgotamento do feudalismo com o desenvolvimento do comércio, moléstias, guerras santas, depois até a mentalidade religiosa foi abalada e reformada… mais guerras. Acumulação primitiva de capitais, desenvolvimento da indústria, outro modo de produção, nascimento de bancos… mais guerras… moléstias… Ganhar dinheiro com o próprio dinheiro, bolsa de valores, moléstias e mais guerras… uma primeira… outra segunda… uma fria… outra por petróleo, sem contar os conflitos em várias regiões do mundo de caráter religioso e a intervenção de nações poderosas… Capitalismo financeiro em sua selvageria mais apurada… Desenvolvimento tecnológico, biopolítica, biopolítica capitalista, vão vender vacina, tráfico, guerras urbanas, violência policial, racismo, feminicídio, ou seja… mais guerras… De fato, nada novo debaixo do sol… canseira e enfado e que proveito temos? Saber disso causa dor? Sim! Muita… O rei de alguns países está nu… envolto em uma ilusão de um terno invisível… com uma claque gritando seu nome… no meio da algazarra de um povo que está embriagado, sofrido, doente, pobre e morrendo… A estupidez é regra, a banalidade é comum e a empatia foi esquecida… O rei de alguns países é uma criança boba com joguinhos de poder nos quais quando perde chora… não quer perder… só quer ganhar… é o típico dono da bola em que perde, mas não sai do jogo, pois é o dono da bola e só joga por isso… Os seguidores desses reis e muitos cristãos pelo mundo, ou de outra religião seja qual for, muitas vezes, embrenham-se em uma fé cega com práticas ritualísticas de contextos sociais de clube de fim de semana… estão aglomerando… muitas instituições são como lojas, não podem fechar, se não quebra… O que esperar de uma ética institucional que nasceu de um movimento burguês?


O rei sábio hebreu nos deixa perplexos… diacronicamente qual o proveito de toda essa indústria? O que nos trouxe todo esse esforço? Pensar e conhecer isso nos traz dor… o mesmo rei diz que conhecimento é dor… e ainda somos governados por reis crianças… E aí? O sábio rei finaliza suas linhas dizendo: “E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne. De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” (Eclesiastes 12:12-14). Sem fé realmente é difícil encarar a existência… muito difícil… no Eclesiastes, livro do Rei Salomão ao qual expus algumas máximas, a palavra vaidade aparece 36 vezes, a mesma traduzida do hebraico significa absurdo, fútil, transitório, temporário e ridículo… bem ao gosto desse texto… tudo de fato é vaidade, até porque onde a banalidade reina, ler, escrever, questionar e se opor à corrente é idiotice… aliás, pegando o gancho: fútil, ridículo absurdo… A parte final da última máxima do rei hebreu me conforta…

“[…] Chora
A nossa Pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarisses
No solo do Brasil […]”

( Letra de O bêbado e a equilibrista, Joao Bosco De Freitas Mucci / Aldir Blanc Mendes).

*Por Américo Neto

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