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Americando: O caos é fato…

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“Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!”
(Versos Íntimos, Augusto dos Anjos).

Como é não viver na multidão? Sair do convencional? Encarar o pragmatismo corrente e não se dobrar ao imposto com ares de correto pelo socialmente estabelecido? Não é nada… nada mesmo, convencional…

Não é simplesmente “ser do contra” e encarrar a vida com o fim de sempre discordar em uma rebeldia sem causa. Não… simplesmente não é assim… É essencialmente não suportar o que a multidão faz, é não se adaptar ao ciclo dos comportamentos tidos normais e nem tão pouco ser psicopata anormal, que quer matar ou um revolucionário descontextualizado, daqueles que utopicamente mentalizam uma mudança social, quando toda sociedade apenas quer continuar escrava do consumo. A revolução deveria ser mental, mas nossas mentes estão vazias de desejos vazios… O mais essencial para se mudar algo socialmente seria dar entendimento ao povo, educação, sem a qual qualquer revolução ou ideia de mudar algo socialmente é deficiente… Até boa parte do mundo religioso, os que comandam, não desejam que o rebanho entenda… O normal? Ah… ser normal hoje é se adaptar a um mundo doente… É fingir… adaptar-se a um absurdo de representação em que o ser positivo é negar-se e tornar-se uma coisa… O esforço para adapta-se a isso é tão doloroso como não querer participar… Shakespeare foi profético… o mundo é um grande teatro…

Ufanar-se? Ir para as montanhas? Amar? Sim, este último ainda nos faz sonhar, mas também sofrer… Essa vida morgada e inquieta de procurar reconhecimento em um trabalho que em nada evolui o ser para a dignidade plena, nos leva a nos embriagarmos com algo quando no trabalho não estamos…

A perca das ilusões é também uma grande ilusão, é um descobrir do véu das coisas. Nada é essencialmente bom e este mundo é uma competente fábrica de tristezas. Entrar no barco do convencionalismo social é tão triste como descobrir que todos os elementos criados para nossa felicidade na verdade são prisões…

O que fazer? Simplesmente esperar o caos… já há vários a caminho e outros em plena atividade…

Por Américo Neto.
Contato: zeamericoneto@hotmail.com

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