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Água chega a Canindé e Caridade

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Autoridades comemoram o funcionamento da adutora de General Sampaio FOTO: AC ALVES

Canindé A adutora de montagem rápida, que possui uma extensão de 54,2 quilômetros e vai levar água do Açude General Sampaio, localizado na cidade de mesmo nome, até os municípios vizinhos de Caridade e Canindé, já abastece, desde a manhã de ontem, os dois locais. A entrega oficial pelo governador Cid Gomes, no entanto, só acontece no próximo domingo, a partir das 16 horas.

Foram quase 150 dias para que o equipamento hídrico entrasse em funcionamento. Antes que a Companhia Energética do Ceará (Coelce) faça as ligações necessárias na casa das bombas, a adutora ficará funcionando por meio de um gerador.

A iniciativa beneficia cerca de 58 mil pessoas que residem nas sedes dos dois municípios. Os quatro açudes – Sousa, São Matheus e Escuridão (Canindé) e o São Domingos (Caridade) – estão no volume morto, sem as mínimas condições de atender à demanda de seus habitantes.

A obra do Governo do Ceará, por meio da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), executada pela empresa “Cimencol”, tirou da situação de colapso no abastecimento hídrico a região que sofre com a pior seca dos últimos 60 anos.

No início da captação de água na localidade de Saquinho, em General Sampaio, segundo o coordenador de Infraestrutura da Secretaria de Recursos Hídricos, Iuri Castro de Oliveira, a saída é de 480 m³/hora, com duas bombas funcionando. Foram investidos R$ 22.107.479,00.

 

O Secretário de Recursos Hídricos do Estado, Rennys Frota, explicou que o equipamento, na sua modalidade convencional, levaria mais de três anos para ser concluído.

“Os vazamentos estão sendo retirados de forma ordenada para evitar transtornos no trajeto da água. Nós perdemos praticamente dois meses por conta do embargo do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) e também por causa do roubo de parafusos dos canos e cortes nas borrachas que vedam o engate do aqueduto”, lamenta.

De acordo com o engenheiro sanitarista e ambiental do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Canindé, Elias Teixeira, a água vai chegar de forma bruta às duas cidades e será barrada na passagem da adutora que vem do açude Sousa, na BR-020, no quilômetro 303 e depois segue até a estação de tratamento, onde passará por todo processo de adequação para o consumo humano.

Tirando um peso

“Estamos tirando um peso muito grande da Prefeitura. Mesmo sendo uma obra do governo do Estado, enfrentamos muitas perseguições durante todo esse tempo. Foram dias ruins e cheios de contradições. Mas tudo se resolveu em harmonia”, salienta o prefeito da cidade de Canindé, Celso Crisóstomo.

“Graças a Deus, a São Francisco e ao esforço conjunto de todos, Secretaria de Recursos Hídricos, empresa responsável pela execução dos serviços, técnicos, operários que viraram muitas noites nesse empreendimento, o povo de Canindé vai passar um Natal sem problemas com água para o consumo de casa e seus afazeres”, destacou emocionado, na manhã de ontem, depois de ver, ao lado de diversas outras autoridades, a água chegar à estação de tratamento do Saae.

Não é a primeira vez que o Açude de General Sampaio, vai atender à população de Canindé com suas águas. Em 1961, pela necessidade de fornecer energia à região, foi construída uma usina hidrelétrica no pé da barragem, equipada com um único grupo gerador, com capacidade operacional de 500 CV, para fornecimento de energia elétrica para as duas cidades, com uma linha de transmissão de 40 km, à tensão de 13,8 kVA.

Usina

Foi à primeira linha de transmissão a longa distância feita no Estado do Ceará e executada pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). A usina se encontra desativada.

A barragem, projetada por conta da grande seca que assolou o Ceará em 1932, teve início no Boqueirão da Mãe Teresa, onde hoje está localizado o Açude General Sampaio, sobre o leito do Rio Curu, que corta toda a região de Canindé.

A obra atraiu milhares de pessoas ao local. Sertanejos famintos corriam atrás de emprego e uma forma de sobreviver ao flagelo da seca. Logo se formou um grande acampamento. Ao mesmo tempo, o Dnocs construía casas de alvenaria, dando um impulso urbano ao entorno do equipamento.

Chico Anysio

Segundo o historiador Célio Alves, nesse mesmo ano, o presidente Getúlio Vargas autorizou a construção do açude, que recebeu o nome de General Sampaio, na localidade Boqueirão da Mãe Tereza, em terras pertencentes à família do José Antônio de Sousa Uchôa, o Zé Antônio, homem destemido e respeitado em todo sertão de Canindé.

A construção do açude começou em 1931 e terminou em 1935 e, no decorrer deste tempo, a família Paula morou na localidade Jacu, na casa hoje pertencente à Paróquia de Apuiarés, onde funcionou o Centro Social Maria Goreti, obra social inaugurada por dom Elizeu, arcebispo de Fortaleza, no começo dos anos de 1950. Durante a construção do açude, o pai de Chico Anysio trabalhou como construtor e empresário de veículos que foram usados na construção da represa do Rio Curu.

Jaguaretama está há quase dois meses desabastecida

Jaguaretama. Os moradores desta cidade, no Sertão Central, enfrentam, há quase dois meses, a crise de desabastecimento de água. O açude Boqueirão, em Solonópole, distante 26 km, responsável pelo fornecimento de água para o sistema local, secou. Não há água nas torneiras das casas, lojas e lanchonetes. De imediato, a solução é o abastecimento por meio de caminhões-pipa particulares e contratados pela Prefeitura.

Em caráter emergencial, a Superintendência de Obras Hidráulicas do Ceará (Sohidra) está perfurando poços profundos, nas margens do Rio do Sangue e até no meio da Avenida do Contorno, no centro urbano. A luta é para encontrar água para aumentar o nível do sistema de captação. Dezenas de curiosos acompanham diariamente o serviço das máquinas perfuratrizes, que modificaram a rotina e a paisagem urbana.

Sem recarga, por causa da estiagem verificada nos últimos três anos, o açude Boqueirão, em Solonópole, neste mês secou, atingindo volume morto. O resultado foi a falta de água no sistema de captação que é feito de forma simples, no próprio leito do riacho. Um pouco de água que acumula é fruto de fontes subterrâneas, mas insuficientes para atender à demanda, que é estimada em um milhão de litros por dia.

Colapso

Mediante esse quadro, o sistema entrou praticamente em colapso porque atende a menos de 5% da demanda. “Há mais de um mês que não pinga uma gota de água nas torneiras lá de casa”, disse José Fábio Luciano. “A salvação é o caminhão da Prefeitura”, ressaltou.

A dona de casa Maria Pinheiro compra água de um carro-pipa particular, pagando R$ 40 por mil litros que são despejados na caixa elevada e em baldes. “É o jeito comprar porque o caminhão da Prefeitura demora fazer a distribuição”, disse.

Os moradores do entorno do sistema de tratamento e distribuição de água da Cagece, que fica em uma área elevada, sofrem há dois meses sem água. “A conta está vindo, mas não tem água faz tempo”, disse Francisco Lopes. A solução é adquirir água dos caminhões. São três carros particulares e três contratados pelo município que fazem o fornecimento necessário para demandas essenciais.

Quem tem melhor poder aquisitivo compra água mineral para o consumo próprio. “A água vem de açude e é suja”, disse o aposentado Idelmar Barreto.

Em algumas lanchonetes, as torneiras estão vedadas com sacolas plásticas para indicar que estão desativadas. Nas lojas, é comum a colocação de depósitos de água. “A nossa dificuldade tem sido grande”, disse o comerciário, Luís Souza.

O secretário de Articulação Política, Ari Saldanha, explicou que o município fornece água por meio de dois caminhões-pipa contratados e de um doado pelo governo federal pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Temos da Secretaria de Recursos Hídricos, Cagece e da Sohidra”, frisou.

“Apresentamos um plano de trabalho que inclui perfuração de dez poços profundos, a ampliação das rotas de abastecimento dos caminhões-pipa e a instalação de uma adutora de engate rápido, que deverá captar água do açude Castanhão, numa distância de 20 km”, informou.

 

Fonte: Diário do Nordeste

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