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A falta que uma boa noite de sono; entenda os prejuízos da falta de sono para a saúde

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Indisposição, baixa imunidade e até transtornos mentais – os sintomas elencados não são causados por um vírus ou bactéria, mas pela ausência de sono. Hábito cada vez mais preterido no frenesi moderno, dormir costuma ser visto como um luxo, quando na verdade é tão essencial quanto comer.

De acordo com o médico neurologista Manoel Sobreira, a sociedade está vivendo uma epidemia de privação de sono. Já no início de 2013, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente (Ipom) revelou que 69% dos brasileiros dormiam mal. A situação dos jovens no País é ainda pior: em 2015, a instituição apontou que 88% dos adolescentes de 14 a 18 anos tinham hábitos de descanso ruins.

Alguns dos sintomas da privação de sono crônica são sonolência, dificuldades cognitivas, envelhecimento precoce e doenças cérebro-cardiovasculares. “Outro ponto é que a privação do sono está relacionado ao aumento de acidentes [no trânsito]. Pessoas que dormem menos vivem menos”, explica o especialista. Isso porque a atenção é afetada, e mais pessoas estão literalmente cochilando ao volante.

Mas por quê o sono é tão importante? O médico diz que dormir é como faxinar a mente. É durante o período do sono profundo (o N3, seguido do REM) que o organismo ativa uma série de sistemas capazes de remover substâncias indesejáveis do cérebro. É por isso, também, que acordar várias vezes durante a noite ou dormir superficialmente não garantem restauração mental e corporal.

Quando apenas a higiene do sono (leia mais abaixo) não é suficiente para garantir a qualidade do sono, o recomendado é consultar médicos especialistas na Medicina do Sono. Em Fortaleza, existem quatro ambulatórios do sono: no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), no Hospital Geral Dr. César Cals, no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e no Hospital de Saúde Mental de Messejana (HSMM).

Saúde mental

Além das doenças físicas, o sono insuficiente abre portas para doenças mentais, como quadros depressivos e ansiosos. “Por exemplo, existe uma relação entre a privação crônica de sono e o aumento de tentativas e risco de suicídio”, comenta o psiquiatra e especialista em Medicina do Sono Fábio Pereira.

O sono prejudicado também pode ser uma consequência de transtornos mentais já existentes no indivíduo. É por isso, diz Fábio, que a análise dos hábitos de sono durante consultas psicológicas e psiquiátricas são essenciais para o tratamento dos pacientes. O dormir, inclusive, vira parte da trajetória para a melhora.

“Durante o tratamento isso é individualizado de acordo com cada paciente, porque cada um vai ter uma história. É muito comum o indivíduo se adaptar a essas dificuldades [de dormir] e, às vezes. são mecanismos de adaptação que, na verdade, favorecem que o problema do sono persista”, esclarece.

Adolescência

É biologicamente comum adolescentes dormirem e acordarem um pouco mais tarde que os adultos. No entanto, está longe de ser normal ir descansar apenas às duas ou quatro da madrugada. O prolongamento de tempo noturno acordado se dá principalmente pelo uso excessivo de equipamentos eletrônicos.

Pode parecer papo chato de pais, mas quem afirma é o especialista em Medicina do Sono Manoel Sobreira. A exposição constante à luz reduz a produção de melatonina, hormônio responsável pela indução do sono. Dessa forma, a tendência é sentir menos vontade de dormir – o que não significa que o corpo dispense o descanso.

A privação do sono durante a adolescência provoca os mesmos sintomas sentidos pelos adultos, mas com o agravante do desenvolvimento biológico e cognitivo. Afinal, é na faixa dos 14 a 18 anos que a responsabilidade de passar em um vestibular para decidir o futuro vira a única função da maioria dos jovens.

Dormir pouco prejudica a capacidade cognitiva, de memorização, cálculo e atenção. Assim, as poucas horas de sono vão em contramão do objetivo de aprender bem. “Se o indivíduo quer aprender mais, ele precisa ter um sono noturno de qualidade e quantidade suficiente”, relaciona Manoel.

Maternidade

A maternidade faz dormir pouco. É o que conclui a pesquisa da Universidade do Sul da Georgia (EUA), feito com mais de cinco mil estadunidenses. Ela indicou que somente 48% das mães dormem mais que sete horas noturnas, contra 62% das mulheres sem filhos.

Para aquelas mulheres com mais de uma criança, a situação fica mais difícil. A cada criança adicionada na conta da maternidade, 50% de chances a mais da mulher ter sono insuficiente. Enquanto isso, o estudo aponta que a tendência é os pais manterem os hábitos de sono normais.

Já a Universidade de Warwick, do Reino Unido, explicitou que é apenas a partir dos seis anos de idade dos filhos que os pais conseguem recuperar a rotina de sono. A preocupação em garantir a total segurança do filho acaba virando uma desculpa para as mães, em especial as de primeira viagem, terem o sono mais fragmentado, afirma o psiquiatra Fábio Pereira. “E aí elas ficam mais suscetíveis a todas as doenças que já mencionamos”, completa.

Dia Mundial do Sono

A Medicina do Sono foi regulamentada em 2013. A partir de então, a Associação Mundial de Sono definiu o dia 13 de março para conscientizar sobre a importância de dormir bem. Em Fortaleza, a data está marcada por eventos e palestras sobre o assunto.

Fonte: O Povo

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