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Entre Olhares: Envelhecer

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Os últimos acontecimentos desta semana que passou fizeram-me refletir sobre a questão do envelhecimento. A princípio esta questão parece ser apenas de cunho natural. Trata-se somente da continuidade da vida. Não fazemos qualquer conjectura deste fenômeno biológico com outros aspectos de ordem política interna ou internacional. Quando muito, ao observarmos a longevidade de alguém, atribuímos à vontade de Deus.

Pensando sobre isso resolvi buscar algumas informações a respeito do processo de envelhecimento da população brasileira. Frei Antônio Moser (2007) escreveu um artigo científico sobre esse assunto. As informações são bastante reveladoras. Segundo o religioso, na Década de 40 do Século passado os maiores de 60 anos representavam 4% da população; 50 anos depois, este índice dobrou e, em 2020 chegará a 15%.

Em concomitância, as taxas de fecundidade têm apresentado drástica redução. Na última Década de 70 essa taxa era de aproximadamente 6%; no ano 2000 ela caiu para 2,3% e em 2020 deverá ficar em 1,8%. Para cada 100 crianças menores de 14 anos, temos 172,7 idosos acima dos 60 anos. Todos os anos acrescentam-se algo em torno de 700 mil idosos à população brasileira. Em 2050 serão algo em torno dos 50 milhões, 25% da população; quase 4 milhões (7%) terão mais de 80 anos de idade.

Por trás de todos esses dados estatísticos escondem-se alguns acontecimentos políticos que muitos não fazem sequer a ideia que tenham acontecido. É preciso recorrermos à História para trazer à lembrança a famosa ALIANÇA PARA O PROGRESSO, firmada entre Brasil e Estados Unidos para promover o desenvolvimento social e econômico do nosso país. Data de 1960, a chamada Década da Contestação e da implantação da Ditadura Militar.

A maior preocupação desta “aliança” era justamente frear o crescimento demográfico do Terceiro Mundo, com políticas de controle da natalidade e redução das famílias numerosas. Rapidinho os índices começaram a cair. Antigamente era comum uma família numerosa com 11 ou até mesmo 15 filhos. Hoje as famílias são praticamente nucleares, com 1 ou 2 filhos. Além das Políticas Públicas de redução, temos que lembrar também de outros acontecimentos.

Paralelamente o Estado Brasileiro também implantou inúmeras políticas públicas de melhoria e assistência à saúde (campanhas de alimentação complementar, campanhas de vacinação, ensaios de saneamento básico em algumas cidades, campanhas educativas de massa, dentre outras). O conjunto desta ópera contribuiu para que a população galgasse maiores patamares de longevidade. E hoje temos a falácia da falência da Previdência Social, com dados e informações fictícias.

Apesar de tudo, o que me levou a escrever este artigo foi a minha preocupação com as implicações éticas desse processo de envelhecimento da nossa sociedade. O que será de nós, os velhinhos? Quem cuidará de nós? Qual será a nossa qualidade de vida? Iguatu é uma cidade onde não existe um abrigo para idosos? Onde vamos nos recolher? O que nossas famílias farão de nós? Nossa cidade não dispõe de uma política de formação de jovens especializados em cuidados com idosos.

Sem querer, fica aí uma importante dica para a nossa Prefeitura Municipal: estabeleça já, urgentemente, uma Política Pública Municipal voltada para os idosos. Muito em breve, ¼ da população iguatuense será de idosos. Assistir, cuidar, abrigar, retribuir, amar, conviver, respeitar serão verbos da mais valiosa importância para nós e os nossos velhinhos de amanhã.

*Por: Lucio José de Oliveira Oliveira

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